Numa nota publicada, a autarquia louletana adianta que, a comitiva foi recebida pelo autarca de Loulé, Vítor Aleixo, no Salão Nobre dos Paços do concelho, e foi precisamente com elogios ao papel do poder local enquanto “fonte de inspiração” para o desenvolvimento do seu país nos últimos 50 anos que o Presidente cabo-verdiano deixou algumas palavras aos presentes. “Os municípios portugueses desempenharam um papel fundamental na instalação do poder local de Cabo Verde e no seu crescimento”, afirmou, relevando a “proximidade e sabedoria destes para enfrentar os desafios”. “O poder local está ao lado das pessoas, percebe as suas aspirações e sente com mais força a sua alma”, disse José Maria Neves, que também já foi autarca.
Vítor Aleixo fez questão de frisar a hospitalidade do Município a que preside, em que Cabo Verde e a sua população constituem um bom exemplo disso mesmo. “A sua comunidade está em Loulé muito bem integrada, é feliz, é querida, mas naturalmente nunca esquece Cabo Verde”, disse o edil ao convidado.
A vinda dos cabo-verdianos para Loulé no início dos anos 70, para trabalhar na fábrica de cimento e na construção civil, está na génese dos “fortes laços de amizade”. Mas o acordo de geminação com a Boavista reforçou essa ligação de meio século. Vítor Aleixo apontou “o enorme contributo que os cabo-verdianos têm dado para o desenvolvimento do nosso concelho”.
“Somos migrantes antes de sermos cabo-verdianos”, notou o Presidente da República, manifestando a sua gratidão pelo acolhimento que os seus conterrâneos têm tido no território. Loulé, um concelho que tem mostrado “que é possível a integração e construirmos sociedades inclusivas onde o diálogo é possível, onde o outro é considerado”.
Num mundo marcado por “fortes restrições à mobilidade de pessoas e discriminação aos imigrantes”, o responsável considerou que esta matéria deve ser “fonte de preocupação”. “São tempos que exigem muita ponderação, muita sabedoria e muita prudência!”, alertou José Maria Neves.
A aposta em Cabo Verde como “País Convidado” do Festival MED que decorre por estes dias é, pois, o culminar destes laços entre Loulé e Cabo Verde. Foi também por isso que o chefe de Estado passou pela Zona Histórica de Loulé, onde teve a oportunidade de sentir um pouco de ambiente do festival de músicas do mundo e assistir ao concerto dos cabo-verdianos Ferro Gaita.
Por outro lado, José Maria Neves visitou o património arqueológico concelhio do Cerro da Vila, em Vilamoura, e a exposição “Cartografias Transatlânticas”, integrada também na programação de Cabo Verde do MED’25. Uma programação que faz parte do 50º aniversário da Independência de Cabo Verde, regista a publicação enviada ao nosso jornal.
