Política

Cristóvão Norte entrega petição com 10 mil assinaturas a exigir novo hospital central para o Algarve

 
Cristóvão Norte, ex- deputado à Assembleia da República entre 2011 e 2022, é o autor e primeiro subscritor da petição " Novo Hospital Central do Algarve já", a qual reune perto de 10. 000 assinaturas .

Comunicado do social-democrata, informa que o documento em causa  será formalmente entregue amanhã na Assembleia da República em audiência concedida pelo presidente da Assembleia da República aos peticionários, na qual a segunda figura do Estado será representado pelo vice-presidente Adão e Silva.
 
Para Cristóvão Norte, também presidente da Assembleia Municipal de Faro, "A concretização de um novo Hospital Central do Algarve constitui uma incontroversa necessidade para a região. Incontroversa porque, desde 2003, todos os governos, sem exceção, partidos, deputados, autarcas, ordens, sindicatos, entre outros, sublinharam que se trata de uma infraestrutura fundamental. Necessidade, porque o Algarve carece de uma infraestrutura hospitalar moderna que providencie maior diferenciação dos cuidados médicos e que promova a fixação de recursos humanos na região. Trata-se não apenas de um imperativo social, como também económico, o qual se enquadra em qualquer pensamento fundamentado sobre o futuro da região."
 
Norte adverte que, "depois de muito empenhamento está nomeado um grupo para preparar estudar e preparar as bases para o lançamento da infraestrutura. Esse é um primeiro passo que não pode voltar atrás. Todos nos recordamos que já houve lançamentos de primeira pedra e depois tudo voltou atrás. Esta petição é a voz da região que não aceita que o processo não avance."
 
Sobre esta matéria, recorda que sem novo hospital o curso de medicina no Algarve corre riscos e que esta infraestrutura foi definida como a segunda prioridade a nível nacional e entretanto outros hospitais já avançaram e o Algarve não.
 
"O acesso à saúde é péssimo no Algarve. Um novo hospital é um passo necessário e vital, mas não suficiente. Há outros aspetos cruciais para dotar a região de cuidados de saúde adequados, como a articulação com os cuidados primários e com as instituições privadas e particulares ", defende.
 
 
Texto da petição 
 
PETIÇÃO «NOVO HOSPITAL CENTRAL DO ALGARVE JÁ» 
 
Ao abrigo do direito de petição previsto na Constituição da República Portuguesa e na Lei n.º 43/90, de 10 de agosto, os abaixo-assinados submetem a presente petição, intitulada «Novo Hospital Central do Algarve Já», à Assembleia da República e ao Governo. 
 
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República, 
 
Exmo. Senhor Primeiro-Ministro, 
 
A concretização de um novo Hospital Central do Algarve constitui uma incontroversa necessidade para a região. Incontroversa porque, desde 2003, todos os governos, sem exceção, partidos, deputados, autarcas, ordens, sindicatos, entre outros, sublinharam que se trata de uma infraestrutura fundamental. Necessidade, porque o Algarve carece de uma infraestrutura hospitalar moderna que providencie maior diferenciação dos cuidados médicos e que promova a fixação de recursos humanos na região. Trata-se não apenas de um imperativo social, como também económico, o qual se enquadra em qualquer pensamento fundamentado sobre o futuro da região. 
 
Inclusivamente, em 2005, o Governo em funções encomendou um estudo à Escola de Gestão do Porto, liderado pelo Prof. Doutor Daniel Bessa, para proceder ao ordenamento das prioridades da construção de novas unidades hospitalares. Desse estudo, o qual ponderava um vasto leque de parâmetros, os quais compreendiam custos, acessibilidades, qualidade da oferta, entre outros, o Hospital Central do Algarve ficou classificado em 2.º lugar, tendo essa lista sido homologada pelo Despacho 12891/2006. Já antes, em 2003, tinha sido celebrado um acordo estratégico que propunha uma localização para a futura unidade. 
 
Após este compromisso, foi aprovado, em 2007, o perfil assistencial e a dimensão do novo Hospital do Algarve, tendo-se registado no ano seguinte a abertura dos procedimentos concursais e a apresentação pública, a qual contou com a presença do então primeiro – Ministro, José Sócrates. 
 
Foram ainda abertas negociações com consórcios qualificados, mas o processo não conheceu avanços. 
 
Em 2011, o Governo suspendeu os hospitais previstos, em observância da regra constante no Memorando de Entendimento de Assistência Financeira, no qual o Estado estava obrigado a reavaliar todas as grandes obras públicas. 
 
No Orçamento de Estado de 2017, o Governo previu lançar uma nova geração de hospitais: Hospital de Todos os Santos (Lisboa), Seixal e Évora. Estes hospitais estavam classificados em 1º, 3º e 4º lugares, respetivamente, no estudo técnico de 2006. Apenas o novo Hospital Central do Algarve – o qual estava classificado em 2.º lugar - não avançou, tendo o Sr. Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes à época, proferido declarações no sentido de remeter a sua realização para data posterior a 2019, não obstante não ter dado qualquer justificação para a decisão de excluir o novo Hospital do Algarve da lista de prioridades. Embora conste do programa de Governo e até já ter estado incluído em orçamentos de Estado nos últimos anos, o facto é que a infraestrutura ainda não avançou, não se conhecendo qualquer procedimento decisório para que o mesmo se torne uma realidade. 
 
Este adiamento é altamente lesivo dos interesses da região e dos algarvios, mas também do país, porque: 
 
• Desconsidera a importância de um novo hospital para atrair e fixar recursos humanos, em particular médicos de especialidades de que a região padece de modo crónico; 
 
• Ignora a importância de responder a um acelerado crescimento demográfico e a uma notória evolução turística, a qual pondera cada vez mais fatores como a segurança e os cuidados de saúde disponíveis; 
 
• Desvaloriza a obrigação de oferecer uma maior diferenciação dos serviços clínicos prestados e, por isso, coloca a região perante uma maior dependência de outros hospitais, designadamente situados em Lisboa. Os doentes devem poder ser tratados na região; 
 
• Contraria a aposta do ensino de medicina na Universidade do Algarve, o qual carece de um centro académico de excelência que fortaleça as condições do ensino e desenvolvimento da investigação. Não deixa, por isso, de ser paradoxal postular a ideias de centros de investigação e não se apostar nas infraestruturas capazes de o realizar; 
 
• O Hospital Central do Algarve é um pressuposto para o reforço da dinâmica económica e social da região, a qual o encara como elemento inultrapassável para a realização das suas opções presentes e futuras. 
 
Constitui, por outro lado, uma decisão incompreensível, pois: 
 
• Não se distingue fundamento técnico, pois não há qualquer estudo que aponte em sentido contrário ao de 2006. As decisões políticas devem estar alicerçadas em avaliações técnicas, o que não é o caso; 
 
• Conflitua com a assunção de que a região seria uma prioridade de intervenção no domínio hospitalar, pois tem-se comprovado que o Algarve sofre de estrangulamentos estruturais longe de estarem ultrapassados; 
 
• Os parâmetros de medição dos cuidados de saúde nos hospitais da região têm-se vindo a ressentir ano após ano. 
 
Pelo exposto, os abaixo-assinados reclamam que, com a maior brevidade possível e com o sentido de urgência que a matéria convoca, se tome a decisão de avançar com o novo hospital central do Algarve.