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Consequências do vício em pornografia

Consequências do vício em pornografia
Consequências do vício em pornografia  
Foto - pvproductions / Freepik
Reconhecer o vício em pornografia como um padrão compulsivo é o primeiro passo para compreender o seu impacto, procurar ajuda e geri-lo de forma eficaz.

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Este transtorno é caracterizado por comportamentos sexuais repetitivos e impulsivos que afetam negativamente o bem-estar emocional, social e físico. Da mesma forma, o vício em pornografia pode gerar tristeza, ansiedade e alterar a perceção da sexualidade, distorcendo as expectativas sobre relacionamentos íntimos e emocionais, alertam os especialistas na área da psicologia.

Com a facilidade de acesso, os conteúdos pornográficos estão cada vez mais à mão de todos. Se por um lado, temos curiosidade e usamos a pornografia de forma consciente, ocasional e responsável e, isso não constitui um problema, por outro, são cada vez mais os casos de homens e mulheres que deixam que a pornografia “lhes controle a vida e as ações diárias”, sendo necessário reagir.

Segundo os especialistas, o vício em pornografia acarreta inúmeras consequências para o indivíduo, para as relações que estabelece e para a manutenção de um quotidiano saudável, sendo de realçar os seguintes sintomas:

• Dificuldade em reduzir ou controlar o consumo: a pessoa tenta limitar o consumo de material explícito, mas não consegue, mesmo sabendo que isso lhe afeta a vida.

• Problemas nos relacionamentos: esse comportamento tende a gerar desconexão emocional com o parceiro, diminuindo a intimidade física e emocional, o que geralmente leva a conflitos ou insatisfação na convivência;

• Isolamento social e desinteresse por outras atividades: essa obsessão pode levar o sofredor a distanciar-se de amigos, familiares e atividades que eram importantes, optando por permanecer sozinho e em contacto com conteúdos pornográficos;

• Sentimentos de culpa: após consumir pornografia, a pessoa pode experimentar fortes sentimentos de vergonha, culpa ou ansiedade, o que muitas vezes perpetua o consumo compulsivo como forma de lidar com esses sentimentos.

Numa publicação da revista: “A Mente é Maravilhosa” lê-se que, o vício em pornografia não surge por um único motivo, e sim pela interação de fatores psicológicos, sociais e culturais, constituindo um círculo difícil de alterar, sendo que, entre as principais causas são de destacar:

1. Alívio do stress

Segundo o British Journal of Psychology Research, muitas pessoas recorrem à pornografia como meio de fuga emocional para lidar com situações difíceis, como o isolamento social.

O consumo de conteúdo explícito proporciona uma gratificação imediata que oferece alívio temporário, mas isso apenas reforça o desejo de repetir o comportamento para gerir emoções desagradáveis, criando um ciclo de dependência.

2. Baixa autoestima e insatisfação pessoal

Em muitos casos, o recurso à pornografia surge como uma tentativa de colmatar a baixa autoestima, a insatisfação pessoal e com a própria vida, sendo que, essa opção tem como objetivo a procura de uma valorização e gratificação que não envolva o contacto com um parceiro e o confronto com o mundo real que se teme.

3. Fácil acesso e normalização social

O acesso ilimitado à pornografia on-line, juntamente com a sua normalização em muitos ambientes sociais, contribui para o seu consumo excessivo. Em certos círculos, o uso de pornografia é considerado um comportamento aceitável ou comum, o que diminui a perceção de danos potenciais e faz com que pareça inocente ou inofensivo. Também o baixo custo e o facto de poder aceder-se em qualquer lugar, conduz a um consumo desenfreado e, em muitos casos, descontrolado.

4. Fatores neurobiológicos

No cérebro, a dopamina faz parte do sistema de recompensa, um circuito neural que associa determinados comportamentos à obtenção de prazer, incentivando a sua repetição. Quando uma pessoa consome pornografia de forma recorrente, esse sistema de recompensa começa a adaptar-se, aumentando a tolerância aos estímulos visuais e dando lugar a um consumo cada vez maior para que se obtenha o mesmo prazer inicial, resultando em vício.

 5. Preferências sexuais

Muitos consumidores de pornografia preferem “fazer sexo” sozinhos ou só conseguem prazer através desses estímulos visuais contidos na pornografia, pelo que, descartam as relações com um parceiro e o envolvimento emocional inerente a um relacionamento estável e saudável.

É de salientar que, o vício em pornografia pode prejudicar as relações íntimas, mas também perturbar o comportamento do indivíduo na esfera social, profissional e familiar, com profundas consequências também na saúde física e mental da pessoa que dele depende.

Registe-se que, ser viciado em pornografia tende a alterar os hábitos mentais e o eu íntimo, o que gera falta de sensibilidade, tédio, perceções distorcidas da realidade e o facto de encarar o parceiro/a como um objeto de prazer.

Também são comuns a ansiedade e a depressão decorrente do uso excessivo, descontrolado e pouco consciente de conteúdos pornográficos que, podem começar por aliviar a dor e a insatisfação pessoal, mas quando permanecem no tempo, acabam por prejudicar a pessoa e tudo o que a rodeia, levando a que o parceiro/a se sinta rejeitado, infeliz e sem um lugar na sua vida e que a pessoa viciada se sinta muito mal com o que faz, mas que não consegue deixar.

Segundo os especialistas, torna-se essencial que o casal peça ajuda ou que a própria pessoa o faça antes de colher as consequências destrutivas deste consumo exagerado.

O profissional mais habilitado para estes casos é o psicólogo ou o terapeuta familiar que fará uso do seu conhecimento e experiência para aplicar as ferramentas necessárias tanto no individuo, como na sua relação com o vício e com quem o rodeia, concluem os entendidos nesta matéria.