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Consequências de só viver para o trabalho

Consequências de só viver para o trabalho
Consequências de só viver para o trabalho  
Foto: Freepik
As sociedades modernas exigem níveis de competência e dedicação ao trabalho tão elevados que, quem não os souber dosear, pode sofrer consequências graves, alertam os especialistas.

De acordo com os cientistas, as pessoas que se dedicam em demasia à profissão, acabam por desenvolver problemas no casamento, na relação com amigos e até colegas, sem esquecer os danos que essa absorção provoca na saúde em geral.
 
Embora o aspeto profissional seja importante e possa  proporcionar-nos satisfação, o mesmo não deve dominar as nossas vidas, sob pena de sofrermos de solidão, depressão ou doenças físicas associadas ao stress.
 
É inegável que o trabalho é a fonte de rendimento da maioria das pessoas e que exige contrapartidas ao nível da produtividade, «mas saber quando é o momento de desligar e de dar atenção a nós próprios, é a chave para a melhoria da nossa qualidade de vida», explicam os especialistas.
 
Conciliar a vida profissional com a pessoal é o desafio que requer um planeamento diário e uma tomada de consciência do que se pretende para as nossas vidas porque, «nem sempre o facto de nos dedicarmos mais, de ocuparmos mais horas a trabalhar, significa que somos muito produtivos ou que desempenhamos a nossa tarefa da melhor forma», alertam os entendidos completando que, «em muitos casos, primar pelo bom descanso, pela satisfação das nossas necessidades afetivas, desfrutar de um tempo de qualidade com aqueles que amamos, dedicar uma parte da nossa energia e entusiasmo também a nós próprios, é muito mais saudável e ajuda-nos a realizar melhor as nossas atividades profissionais».
 
«Também não nos podemos esquecer da importância de manter uma vida familiar salutar, uma vez que, é naqueles que amamos que vamos colher a energia, o entusiasmo e a força para lutar». Ter tempo para conversar com o parceiro, para brincar com os filhos e para estar um pouco connosco próprios, «está provado que é regenerador e liberta-nos de muitas culpas que as pessoas que se dedicam em demasia à profissão sentem», registam ainda.
 
Para que saiba as consequências de uma dedicação excessiva ao trabalho, confira a lista dos especialistas:
 
1. Síndrome de Burnout
 
Esta síndrome está ligada ao excesso de trabalho e à insatisfação profissional. Os sintomas desta condição podem manifestar-se a nível físico, com dores nas costas ou de cabeça, fadiga, tensão muscular e náuseas. A nível psicológico, pode gerar irritabilidade ou prejudicar a motivação.
 
De acordo com Méndez Venegas (2019), o burnout é uma das principais causas de absentismo e incapacidade para trabalhar, pelo que não nos podemos esquecer de que, o corpo e a mente têm limites que precisam de ser respeitados.
 
2. Solidão
 
Ao estarmos demasiado focados no trabalho, acabamos por esquecer-nos do mundo em nosso redor e, quando estamos de férias ou com uma simples paragem, percebemos essa dimensão através de sentimentos tão negativos como a sensação de estar sozinho no mundo.
 
Seppala e King (2017) publicaram um estudo no qual também relacionaram a solidão à síndrome de burnout. De acordo com as autoras, essa alteração não está associada apenas ao excesso de trabalho ou à insatisfação. A perda de laços emocionais significativos com colegas de trabalho, amigos, familiares e parceiros também contribui para os sintomas.
 
3. Declínio cognitivo
 
Um dos efeitos psicológicos de viver para trabalhar é o stress crónico. Evidências científicas sugerem que essa condição pode prejudicar as habilidades cognitivas, bem como alterar o desempenho.
 
Em 2020, foi publicada uma meta-análise dos efeitos do stress psicossocial na capacidade cognitiva e na memória. Os resultados mostraram que o stress diminui o desempenho das funções executivas (planeamento, tomada de decisão, antecipação, etc.), enquanto que, no caso da memória, não foi possível obter dados conclusivos (McManus et al, 2020).
 
4. Depressão
 
Na sequência dos fatores anteriores, a depressão acaba por completar o diagnóstico.
 
Zadow et al. (2021) apresentaram um estudo sobre a forma como as longas jornadas de trabalho, o comprometimento profissional e o ambiente psicossocial se associam à depressão. As evidências indicam que um ambiente psicossocial inseguro e longas horas de trabalho estão positivamente relacionados aos sintomas depressivos.
 
5. Insónia
 
O excesso de trabalho pode levar à insónia, na medida em que, é recorrente que nos deitemos a pensar no que temos para fazer no dia seguinte, o que deixamos por realizar, um conflito com o chefe, com um colega e daí por diante.
 
6. Sedentarismo
 
A maioria das pessoas trabalha em cargos específicos e não precisa de se movimentar muito para realizar as tarefas, o que leva a um comportamento sedentário. Ao mesmo tempo, uma pessoa que trabalha longos períodos por dia, tem pouco tempo para praticar algum tipo de exercício físico e para descomprimir.
 
Nunca é demais recordar que, o sedentarismo aumenta o risco de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, o que leva a uma diminuição significativa da qualidade de vida e aumenta o risco de absentismo profissional.
 
A partir de hoje, é importante que reformule a sua postura perante o trabalho, que faça um planeamento detalhado do seu dia de forma a que lhe reste tempo para poder estar consigo mesmo e com aqueles que ama, concluem os mesmos entendidos.