Dicas

Como sair de um relacionamento doentio?

Como sair de um relacionamento doentio?
Como sair de um relacionamento doentio?  
Foto - Freepik
É muito fácil entrar num relacionamento doentio, mas complexa a tarefa de nos libertarmos dele.

Nos primeiros contactos que estabelecemos com uma pessoa, há sinais que nos mostram que estamos na presença de alguém que é possessivo e agressivo, no entanto, pensamos sempre que isso pode ser impressão, que podemos estar enganados ou que vai passar com a convivência, mas a realidade prova-nos que acontece precisamente o contrário e que os abusos aumentam.
 
Podemos viver vários tipos de relações abusivas ou doentias, seja entre pais e filhos, seja num namoro ou casamento. Normalmente, quando crescemos num ambiente com essas características, tendemos a encontrar muitas pessoas que gozam connosco, que nos tratam mal, que nos fazem sofrer das mais variadas formas e temos sempre o mesmo problema: como sair dessa relação tóxica?
 
Em primeiro lugar, é importante tomar consciência de que não merecemos ser mal tratados seja por quem for. Seja uma mãe que nos agride física, verbal ou emocionalmente, um pai agressor, um colega ou amigo que nos leva a uma convivência tóxica e doentia e ainda menos um/a parceiro/a.
 
Para tal, é preciso sinalizar a maneira como essas pessoas se nos apresentam para que possamos afastar-nos delas:
 
- São pessoas que querem tudo à sua maneira, que nos criticam por tudo e por nada, que gostam de nos ver “em baixo” para que aceitemos tudo o que pretendem, que nos destroem a autoestima com os seus comentários destrutivos e negativos, que não querem que convivamos com outras pessoas, que nos querem controlar os movimentos, as pessoas com quem estabelecemos algum tipo de amizade, que demonstram muito ciúme e posse, que lidam connosco por interesse, que exigem tudo e mais alguma coisa e, em resumo, que nos faltam ao respeito das mais variadas formas.
 
Seja um pai, uma mãe, um parceiro ou qualquer outra pessoa, ninguém tem o direito de nos tratar assim, ou melhor, não podemos permitir que alguém, por muito próximo que seja, que nos trate assim.
 
Só desenvolvendo técnicas de autocuidado é que podemos seguir a nossa vida afastados desse tipo de pessoas, no entanto, todos sabemos o quão é difícil cortar os laços com alguém de quem se gosta, com quem faz parte do nosso percurso há mais ou menos tempo, alguém por quem já se criou um hábito e uma ilusão, no entanto, temos de colocar o nosso valor pessoal, a nossa autoestima, bem-estar e qualidade de vida acima de qualquer abuso, recomendam os especialistas na área da psicologia completando que não podemos entregar o nosso coração a quem não o merece, a quem nos trata mal, por muito que isso seja doloroso constatar.
 
Uma relação doentia acarreta muito sofrimento, limita-nos a ação, destrói-nos por dentro, condiciona-nos os movimentos, os planos e os sonhos e ninguém merece passar por tal tormento e ainda menos alimentá-lo quando nos apercebemos da realidade onde estamos inseridos.
 
Assim, torna-se essencial que comece a olhar para o outro como ele é e não como o leitor gostaria que ele fosse. Encare a realidade sem rodeios e diga a si mesmo que, efetivamente está na presença de alguém que o faz sofrer.
 
É quando conseguimos  ver as qualidades negativas do outro com clareza que somos capazes de nos desapegarmos dele, por isso, temos de deixar que os nossos pensamentos fluam com naturalidade para que os possamos alinhar com os sentimentos, pois muitas vezes sofremos, mas achamos que é por nossa culpa, consideramos que não merecemos uma vida melhor e não conseguimos vislumbrar a vida sem aquela pessoa pelo grau de dependência que alimentamos.
 
Temos necessariamente de imaginar a nossa vida futura com alguém que nos trata mal, pressiona, obriga, proíbe, limita a ação, critica destrutivamente, agrede de alguma forma para que, aos poucos, nos vamos desapegando e idealizando uma nova vida para nós.
 
É essencial que convivamos com pessoas saudáveis, que mantenhamos convivências positivas, com pessoas que nos valorizam, acarinham, apoiam e entendem, sob pena de não conseguirmos reunir forças para sair da convivência tóxica, alertam os entendidos.
 
É fundamental que olhemos para nós próprios com respeito e carinho, que tenhamos a mesma compreensão, tolerância e compaixão que dedicamos a quem não merecia tais valores, isto porque passamos uma boa parte do nosso tempo a aceitar e a cumprir tudo o que o outro esperava de nós e exigia. Ao fazermos esse processo interior, começamos a aceitar-nos, a respeitar-nos e a permitir-nos gostar cada vez mais de nós.
 
É imperioso que dediquemos uma parte do nosso tempo a fazer algo que nos dê prazer e a estarmos com alguém que nos fortaleça, que nos entenda, respeite e nos ajude a ganhar força para sairmos dessa relação abusiva.
 
Frequentar um curso, praticar uma modalidade desportiva, participar numa terapia alternativa, tomar café com amigos, são opções excelentes para quem sabe que terá de encetar novas rotinas para que consiga afastar-se dos locais que frequentava com o agressor, que se afaste dos amigos em comum e das pessoas que, de alguma forma, possam criticar a sua opção de afastamento.
 
Se precisar, peça abrigo a um familiar ou amigo para que possa sair de casa. Se o desentendimento for com um familiar, evite o contacto com pessoas que lhe estejam relacionadas, locais comuns e corte a ligação nas redes sociais.
 
Fale com alguém da sua confiança e, se mesmo assim, não tiver em quem confiar, procure um psicólogo, mas não permita que a falta de desabafo o faça recuar ou aceitar manter a relação tóxica.
 
Aceite que terá mesmo de mudar de vida, que é um processo difícil, mas que está à altura de todos quantos aprendem a gostar de si mesmos e que lutam pela sua felicidade, qualidade de vida e bem-estar e que quanto mais adiar essa decisão, mais estará a sofrer e a criar a ilusão de que está tudo bem.
 
Seja forte ao ponto de não querer saber informações sobre a pessoa em causa, pois os agressores entendem tudo como mais uma oportunidade e, ao saberem desse seu interesse, vão voltar a entrar em campo para o manipular e seduzir. Quando surgir a curiosidade e a vontade de saber mais sobre essa pessoa, procure uma distração, mas diga a si mesmo a razão pela qual não deve ceder, pois isso vai torná-lo cada vez mais forte e seguro.
 
Procure ambientes onde se sinta confortável, descontraído e livre, pois só assim saberá que não quer regressar à vida sufocante, asfixiante e dolorosa que mantinha.
 
Faça tudo o que estiver ao seu alcance para que se sinta livre e a gostar cada vez mais de si, pois é aí que vai reunir forças para prosseguir com a sua opção e aceite que, vão ocorrer momentos em que vai pensar na pessoa de outra maneira, que vai querer voltar atrás, mas que terá de colocar um limite nesse modelo, sob pena de deixar cair tudo. Lembre-se de que, quando estamos afastados de uma pessoa, acreditamos que, no fundo ela é melhor do que pensávamos e que podemos ter cometido um erro, mas ao voltarmos a manter a relação, tudo volta ao mesmo, sublinham os entendidos, alertando que estamos a lidar com pessoas com características muito específicas, que fazem de tudo para manipular e enganar, mas em pouco tempo, a convivência volta a ser doentia e tóxica e arrependemo-nos de ter recaído.