De acordo com os entendidos nesta matéria, as pessoas que tentam enganar os outros, recorrem a um conjunto de habilidades manipulativas de modo a transmitir uma imagem positiva, fazer com que as pessoas “entrem no seu mundo e nos seus objetivos” e que percam a noção da realidade. Costumam mostrar que têm sempre muita urgência para resolver os assuntos, que estão dispostas a tudo para ultrapassar os obstáculos e promovem uma ideia de imediatismo e de facilidade que, geralmente não permite que as vítimas consigam ver com clareza o que realmente está a acontecer.
As suas histórias são convincentes e facilmente levam a que as vítimas lhes forneçam as informações que pretendem que, por norma são: dados pessoais, informações bancárias, ou transferir dinheiro.
Em resumo, os comportamentos e as táticas mais comuns são:
- Abordam as vítimas com conversas aparentemente normais, mostram disponibilidade para manter proximidade e tentam ser confiáveis.
- Cedem ao que lhes é exigido para não mostrarem qual é o seu real objetivo, mas aos poucos, vão ultrapassando os limites e orientando a conversa para o que pretendem.
- Nas relações românticas, mostram-se impecáveis, atenciosos e raramente pedem alguma coisa em troca ou fazem ameaças até que ganhem confiança.
- Usam histórias convincentes e identidades falsas (como um falso recrutador, funcionário de uma instituição financeira ou familiar) para justificar os seus pedidos.
- Criam uma sensação de urgência para que a vítima aja sem pensar, através de histórias sobre emergências ou problemas técnicos.
- Em casos como as burlas de amor, exploram a ligação emocional para manipular a vítima.
- O objetivo final é obter dados pessoais, informações de login, ou dados bancários para roubar dinheiro ou identidade.
- Utilizam métodos de comunicação específicos: como o WhatsApp para contactar fora das plataformas onde os anúncios originais foram feitos, ou usam técnicas como "spoofing" para disfarçar o número de origem.
- Fazem com que as vítimas se sintam culpadas quando o negócio ou a relação não se concretiza, o que acontece quase sempre, dando a entender que, eles estavam dispostos a dar tudo, mas o outro não e, por isso, tudo se perdeu. Este sentimento fragiliza as vítimas, retira-lhes a força e, muitas vezes, leva-as mesmo a ceder à chantagem e à pressão.
Também costumam ameaçar quando não obtêm o que pretendem, a ponto de deixar as vítimas em estado de “terror” psicológico, alertam os entendidos nesta matéria.
Segundo a APAV, o ponto de partida para se proteger dos vários esquemas de burla é ter em mente que ninguém dá nada a ninguém. «Desconfie sempre que a oferta lhe parecer demasiado boa para ser verdade», alerta a Associação de Apoio à Vítima.
• Não confie em estranhos bem-falantes ou cheios de boas intenções, principalmente se lhe aparecerem à porta de casa.
• Todos os funcionários da Água, Luz, CTT, Segurança Social e Bancos, estão bem identificados. Verifique sempre o nome e fotografia. Em caso de dúvida não os deixe entrar em sua casa, peça para voltarem mais tarde e contacte o prestador de serviços do qual as pessoas afirmaram fazer parte. Se perceber que estão a pressionar é ainda mais importante que não os deixe entrar no prédio. Lembre-se: Não há qualquer obrigação de os deixar entrar, sobretudo, sem ter recebido uma notificação prévia.
• Procure saber junto dos prestadores de serviços se têm alguma ação a decorrer porta a porta. Se lhe disserem que não e tiver sido abordado desta forma, denuncie às autoridades policiais o sucedido.
• Não demonstre estar sozinho em casa quando o abordam à sua porta. Mesmo que não esteja ninguém em casa, chame por um familiar próximo.
• Procure cultivar relações de boa vizinhança. O apoio mútuo entre vizinhos de confiança pode ser útil em situações duvidosas.
• Desconfie sempre de esquemas que lhe ofereçam dinheiro fácil.
• Desconfie quando alguém desconhecido lhe faz promessas de investimento fácil, rápido e gerador de muito dinheiro, especialmente se não conhecer nem o proponente nem a empresa.
• Recolha sempre informação junto de familiares e amigos de confiança, de associações de defesa do consumidor ou da Polícia, antes de entrar em qualquer negócio deste tipo.
• Nunca concretize negócios pelo telefone, a menos que tenha sido por sua iniciativa.
• Faça negócios apenas com empresas locais solidamente estabelecidas e do seu conhecimento. Não faça negócio com quem lhe aparece à porta ou o contacta por outra via, sem nunca ter procurado informação sobre a firma.
• Não forneça dados pessoais por telefone, seja chamada, seja SMS. Lembre-se sempre que os prestadores de serviços (água, luz, gás, CTT, segurança social, instituições bancárias, etc) raramente tratam destas questões por essa via, preferindo e-mail ou carta.
• Não forneça os seus dados bancários a ninguém. Todas as questões a tratar, deve tratá-las junto do seu Banco, de forma presencial. A APAV reforça que, «o seu Banco não irá solicitar tais informações pelo telefone ou deslocando-se a sua casa».
• Não assuma que uma chamada é genuína por o interlocutor estar na posse de dados pessoais básicos. Essa informação pode ter sido recolhida, por exemplo, em redes sociais ou na dark web.
• Não se deixe enganar quando alguém quiser verificar o número do seu cartão de crédito “porque ganhou um prémio”. Uma das burlas mais correntes consiste em chamadas telefónicas aleatórias em que o burlão “informa” que “se o seu cartão VISA começa pelo número 4, vai ganhar um prémio”. A verdade é que todos os cartões VISA começam por 4 e os cartões MASTERCARD por 5.
• Consulte regularmente os sites dos vários prestadores de serviços – sempre que exista um esquema de burla a circular em seu nome, é comum os prestadores de serviços fazerem comunicações oficiais para informar os seus clientes.
• Esteja atento às redes sociais da polícia e da APAV, que alertam para as formas de burla de que vão tendo conhecimento.
• Não utilize aplicações que não conhece. Sempre que pretender utilizar aplicações de natureza bancária como método de pagamento, procure informar-se previamente sobre o modo de utilização e as formas de adesão, preferencialmente junto do seu banco. Não aceite ajuda ou dicas de desconhecidos nesta matéria.
• Recuse pagamentos por MBWay sempre que desconheça o modo de funcionamento da aplicação.
• Para aderir ao MBWay, nunca use o número de telefone de outra pessoa. Qualquer número que introduza na adesão ficará associado ao seu cartão e à sua conta bancária, o que permitirá movimentá-la. Os ecrãs das caixas automáticas da rede Multibanco apresentam duas mensagens para proteção dos utilizadores (veja abaixo):
• Se é utilizador da aplicação MBWay, não partilhe com ninguém o PIN da aplicação (sequência de 6 números que deve introduzir para iniciar sessão).
• Não dê os códigos de levantamento de dinheiro obtidos através da aplicação MbWay a estranhos.
• Evite realizar serviços bancários online usando conexões WiFi públicas, como aquelas que existem em cafés ou bibliotecas.
• Consulte a lista de instituições autorizadas a prestar serviços bancários no site do Banco de Portugal.
• Não envie nem entregue dinheiro a pessoas que não conhece. Não faça doações para instituições de caridade sem verificar a sua autenticidade.
• Não pague serviços antes de serem concluídos de forma satisfatória. Pague preferencialmente em cheque, não em dinheiro.
• Não atenda nem devolva chamadas de números internacionais desconhecidos e não abra e-mails ou mensagens suspeitos. Sempre que ocorra em redes sociais, denuncie o perfil.
• Sempre que mensagens ou e-mails não solicitados contiverem links ou anexos, ainda que aparentemente enviadas por conhecidos, não os abra.
• Se suspeitar de que um email ou mensagem não é fidedigno, insira um nome, número de telefone ou algum texto da mensagem num motor de busca, para ver se existe algum ataque de phishing conhecido que recorra aos mesmos métodos.
• Se suspeitar que determinado perfil numa rede social é falso, procure num motor de busca a fotografia de perfil utilizada.
• Antes de assinar um documento, certifique-se de que está tudo conforme acordado. Leia todas as alíneas do documento e não ceda a pressões.
• Não assine documentos cujo conteúdo não entende. Peça a opinião a familiares ou amigos de confiança ou ao seu advogado.
• Não compre bens online que apareçam esgotados em todos os outros lugares.
• Quando fizer vendas online, prefira pagamentos por transferência bancária ou de forma presencial.
• Suspeite sempre que o valor pedido seja significativamente inferior ao valor de mercado, recomenda ainda a APAV.