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Como prevenir um surto psicótico?

Como prevenir um surto psicótico?
Como prevenir um surto psicótico?  
Foto - Freepik
Os transtornos psicóticos podem surgir no final da adolescência ou nos 20/30 anos, têm tratamento, incluindo habitualmente casos graves.

Em primeiro lugar, importa resumir que, Transtorno psicótico diz respeito a um conjunto de problemas de saúde mental graves em que o doente tem uma perceção distorcida da realidade ou interpreta-a de uma forma diferente da daqueles que o rodeiam e pode afetar pessoas de ambos os sexos.
 
Os casos mais severos e incapacitantes, implicam a terapêutica e a vigilância clínica rigorosos de modo a permitir que o doente viva o seu dia a dia com os sintomas controlados.
 
Tendo por base uma publicação da Cuf, este grupo de doenças mentais pode afetar algumas capacidades associadas não só ao raciocínio como às perceções, tais como:
 
Compreensão da realidade
 
Comportamento adequado / apropriado
 
Bons juízos de valor
 
Raciocínio claro
 
Resposta emocional
 
Comunicação eficaz
 
Enquanto que, alguns doentes convivem com o transtorno psicótico na maioria do tempo, outros têm apenas alguns episódios ao longo da sua vida. É também possível ter um único episódio de transtorno psicótico e não voltar a ter.
 
Existem vários tipos de transtorno psicótico, eis alguns exemplos:
 
Esquizofrenia
 
Distúrbio bipolar
 
Parafrenia
 
Transtorno esquizoafetivo
 
Transtorno psicótico induzido por substância, como drogas
 
Transtorno psicótico causado por outro problema de saúde e que afete o funcionamento do cérebro, como é o caso de lesões cerebrais ou tumores cerebrais
 
O transtorno psicótico pode ter vários sintomas associados, mas há dois que têm maior importância: as alucinações e os delírios que, no primeiro caso, são falsas perceções, isto é, coisas que a pessoa está a experienciar, mas que não são reais. As alucinações podem envolver os vários sentidos, podendo incluir situações como: ver coisas que não existem ou que não estão à sua frente, como figuras religiosas, animais ou objetos que se mexem de forma diferente daquela que seria normal; ouvir vozes; sentir cheiros; sentir sabores; ou sentir algo a tocar na sua pele.
 
Relativamente aos delírios, trata-se de falsas crenças,  tais como: acreditar em coisas que não são reais, como pensar que há alguém ou algo a conspirar contra si ou até que está a receber mensagens secretas da televisão.
 
Além disso, a pessoa pode também ter delírios sobre si mesma, achando que é alguém muito importante (por exemplo, rica e poderosa) ou que consegue ressuscitar outras pessoas ou controlar o tempo.
 
O doente pode continuar a acreditar nestes delírios mesmo quando confrontado com provas de que estes não espelham a realidade. Para estas pessoas, os delírios “são” reais e são assustadores, fazendo com que se sintam ameaçadas ou inseguras.
 
Sobretudo em combinação, os delírios e as alucinações podem causar grande angústia no doente, assim como alterações comportamentais.
 
Ao mesmo tempo, também existem outros sintomas de transtorno psicótico:
 
Agir de forma fria e distante, incapaz de expressar emoções
 
Discurso desorganizado ou incoerente
 
Comportamento anormal
 
Raciocínio confuso
 
Perda de interesse na higiene pessoal
 
Perda de interesse em atividades habituais de lazer ou familiares
 
Problemas escolares, laborais ou nos relacionamentos
 
Alterações a nível de humor ou outros sintomas relacionados com o humor, como depressão ou mania
 
Movimentos mais lentificados ou anormais
 
As pessoas que sofrem de transtorno psicótico não apresentam todas o mesmo conjunto de sintomas e, mesmo num dado doente, os sintomas podem ir variando com o passar do tempo.
 
A publicação da Cuf alerta para o facto de, estas doenças poderem ter um grande impacto na vida do doente, que se pode sentir cansado, assoberbado, ansioso, assustado, ameaçado ou até confuso. Além disso, pode ver a sua experiência ser desvalorizada por terceiros - por não serem crenças ou perceções reais -, o que pode causar sentimentos de incompreensão e frustração, completa.
 
Alguns problemas / situações identificados como podendo causar psicose são:
 
Problemas de saúde físicos, como acidente vascular cerebral, tumor cerebral e infeção cerebral
 
Experiência traumática
 
Mudança drástica na vida familiar ou laboral
 
Stress
 
Consumo de álcool e de drogas
 
Efeitos adversos de medicamentos
 
Além disso, pessoas que sofrem de determinados tipos de transtornos psicóticos (como esquizofrenia) podem ter problemas nas áreas do cérebro responsáveis por funções como raciocínio, motivação e perceção.
 
Nalgumas situações, é possível associar a psicose a uma patologia mental específica, como depressão severa, esquizofrenia e distúrbio bipolar.
 
Uma vez que nalgumas famílias são registados vários casos de transtorno psicótico, é possível que este distúrbio seja, em parte, hereditário.
 
Segundo a Cuf, a causa exata do episódio psicótico pode influenciar a frequência com que ocorre e a sua duração.
 
A recolha do histórico médico e psiquiátrico e um exame físico estão na base do diagnóstico do transtorno psicótico.
 
Além disso, o médico assistente poderá prescrever alguns exames para excluir outras doenças ou causas para o problema, como análises ao sangue e exames de imagem como a ressonância magnética, para obter imagens do cérebro.
 
Quando não é identificada qualquer causa física que possa explicar os episódios psicóticos, o médico assistente poderá encaminhar o doente para um psiquiatra, que usará outros métodos de diagnóstico específicos, determinando assim se a pessoa tem algum tipo de transtorno psicótico.
 
A publicação diz que, «é possível tratar o transtorno psicótico e a maioria dos doentes tem uma boa recuperação com a adoção do tratamento e do acompanhamento».
 
O plano terapêutico depende sempre da causa do transtorno psicótico, podendo incluir:
 
Medicação: consiste sobretudo em fármacos antipsicóticos, eficazes no controlo de sintomas como as alucinações, os delírios e até os problemas de raciocínio. Enquanto alguns doentes tomam antipsicóticos ao longo de toda a sua vida, noutros pode ser possível ir reduzindo a dosagem e até deixar de tomar quando há melhoria de sintomas. Regra geral, a medicação é dada na dose mais baixa possível para cada caso, com o objetivo de minimizar os seus efeitos adversos.
 
Em casos mais graves da doença, em que o doente pode representar um perigo para si próprio ou para terceiros ou em que não consegue cuidar de si próprio devido à doença, pode ser necessária hospitalização.
 
Por fim, a Cuf regista que, «não existem estratégias que possam ajudar a prevenir os transtornos psicóticos. Contudo, é importante ter em consideração que quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor», uma vez que, «esta a melhor forma de minimizar o impacto que a doença pode ter na vida do doente».
 
Pessoas que têm elevado risco de vir a ter transtornos psicóticos - por exemplo, as que têm histórico familiar destes problemas - devem evitar o consumo de drogas (como a marijuana) e de álcool. Estas medidas podem ajudar a prevenir estes problemas de saúde mental
 
Outras publicações evidenciam também a importância de aprender a gerir as emoções, fazer psicoterapia como forma de melhorar a perspetiva que temos acerca de nós próprios, aprender a controlar o stress e a ansiedade, promover “o agora” para que nos sintamos no momento presente e mais conscientes, encontrar um propósito de vida, desenvolver um estilo de vida saudável onde se inclui uma alimentação cuidada e regrada, muito baseada na Dieta Mediterrânica, estabelecer contactos positivos com as pessoas em seu redor, viver num ambiente estável e equilibrado, com espaço para a confiança e o diálogo aberto e ouvir as próprias emoções. A prática diária de exercício físico também constitui uma forte aliada na promoção da saúde mental.
 
O tratamento de traumas também proporciona uma melhor qualidade de vida e bem-estar e mais saúde mental, aconselham os entendidos.