É quase impossível alguém escapar a um ataque de raiva, no entanto, existem estratégias que nos podem ajudar a recuperar a calma e o bem-estar.
Sentimos que perdemos o controle quando nos deparamos com uma situação difícil, inesperada e exigente. Em muitos casos, basta um pormenor para “fazer explodir” algo que se guarda ao longo de um dia ou de algum tempo.
Uma discussão com os filhos, com o parceiro, um problema com o chefe ou com um colega, o stress acumulado no trânsito, são apenas alguns exemplos que vão fazendo encher o copo e, basta que o filho tenha deixado um brinquedo fora do lugar para que ocorra um ataque de raiva.
Na posição dos especialistas, os ataques de raiva são episódios de explosão emocional que surgem em resposta à frustração ou irritação que acumulamos e não sabemos como lidar. Nesses momentos, reagimos de forma impulsiva e violenta, até percebermos que a situação está fora do nosso controle.
Além disso, esse estado de raiva apresenta semelhanças com a depressão, pois ambos representam manifestações disfuncionais de desconforto interno.
Por detrás dos ataques de raiva estão as seguintes manifestações psicológicas:
• Problemas de autocontrole;
• Dificuldades em gerir o stress;
• Frustração ou desconforto acumulado;
• Falta de habilidades de comunicação
Por outro lado, o consumo de álcool e de certas drogas tende a exacerbar a raiva. Estes também estão ligados à violência, no sentido de inibir a capacidade de autocontrole, completam os entendidos.
Estratégias psicológicas para controlar os ataques de raiva:
1. Assuma as suas responsabilidades
Admita que tem dificuldades em controlar-se, que explode com facilidade e que precisa de encontrar técnicas que o ajudem a prevenir esses episódios desagradáveis e com consequências graves para si, para os outros e para as relações que estabelece. Pense que, após dizer ou fazer, já não pode voltar atrás, por isso, é essencial evitar chegar até esse ponto de acumulação. Descubra estratégias de relaxamento tais como a prática diária de exercício físico, caminhe vigorosamente pela natureza ou num espaço que lhe seja agradável, reserve um tempo diário para encontrar-se, para meditar, para esclarecer-se, reciclar pensamentos e encontrar soluções para os seus problemas, e não fuja das suas responsabilidades, sabendo que as ações que pratica terão de ser assumidas frontalmente.
2. Identifique e elimine as falsas crenças
Há pessoas que crescem com a crença de que, “com um ataque de raiva conseguem tudo o que pretendem” e, por isso, acabam por não se preocupar com a gestão das emoções, com a postura que assumem e com o que dizem. Para prevenir essa conduta errática, é essencial que se faça o oposto, ou seja, que se pense antes de reagir, que deixe de se acreditar que essa é a melhor solução para os conflitos e que se admita que, um ataque de raiva acarreta mais consequências negativas do que positivas tanto para as relações, para a nossa autoimagem e para o respeito e reconhecimento que desejamos dos outros.
Mudar a forma de pensar implica aceitar que todos passamos por momentos menos positivos, mas que temos de controlar-nos e evitar a “explosão”. Em muitos casos, resulta evitar o contacto com pessoas que nos provocam mal-estar, sair de situações desconfortáveis antes que as mesmas se tornem insuportáveis e admitir que, não temos de conviver com toda a gente, pois há pessoas que exigem demasiado de nós, que nos provocam e que têm o vício de nos causar desconforto. Afaste-se desses ambientes e, ao mesmo tempo, desenvolva habilidades sociais que lhe permitam sentir-se melhor, desabafar e evitar a acumulação de tensões excessivas.
Os entendidos alertam que, a raiva não é patológica por natureza. Nenhuma emoção existe por si só. Na verdade, na medida certa e com uma expressão saudável, todas cumprem uma função adaptativa. Mas acumular muita raiva é prejudicial à saúde. Quando não conseguimos controlar adequadamente a nossa raiva, tendemos a desenvolver problemas com os outros e, acima de tudo, connosco próprios, a sentir sinais desagradáveis no corpo como dificuldades respiratórias, descontrole, impulsividade e daí por diante.
Ao mesmo tempo, os ataques de raiva limitam-nos a capacidade de pensar adequadamente, levando-nos a tomar decisões precipitadas e, na maioria das vezes, erradas. Podemos tornar-nos agressivos seja verbal ou fisicamente e a ter de enfrentar níveis elevados de stress e ansiedade.
É um facto que, há pessoas que nos fazem ultrapassar o limite do bom senso e tudo o que aprendemos sobre gestão e inteligência emocional, contudo, temos de posicionar-nos de forma controlada, sob pena de agravarmos as situações e de prejudicarmos a nossa saúde física e mental.
Às vezes, basta mudar de direção, evitar certos contactos, locais e pessoas para nos sentirmos melhor, para recuperarmos a calma e o bem-estar. Outras vezes, é essencial que nos afastemos mesmo de alguns tipos de personalidade que nos afetam em demasia, mas saiba que tem esse direito em nome da sua saúde e conforto pessoal.
Se mesmo assim não conseguir superar a raiva, recomenda-se que realize uma psicoterapia com um profissional habilitado.