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Como perdoar uma infidelidade?

Como perdoar uma infidelidade?
Como perdoar uma infidelidade?  
Foto - Freepik
Cabe a cada pessoa decidir se perdoa ou não uma infidelidade, contudo, tem sempre a opção de reatar ou não a relação, mesmo sabendo que nada será como era.

Dito assim à primeira vista, a maioria das pessoas afirma que seria incapaz de perdoar uma infidelidade, no entanto, sabemos que, na prática, parecem existir sempre motivos para reconsiderar essa decisão, pelo que,  alguns terapeutas de casal decidiram lançar uma reflexão sobre o assunto.
 
Muitos parceiros registam que, a satisfação conjugal que sentem com aquela pessoa, que o tempo de duração do relacionamento, os seus valores e até os sentimentos, fazem com que ponderem voltar atrás e aceitar a traição, contudo, os terapeutas dizem que é preciso ter em conta estes aspetos:
 
- Podemos perdoar uma infidelidade, mas o processo não é nem simples nem automático. Todos precisamos de um tempo pessoal para integrarmos o ocorrido e, a forma como o outro lida connosco e com a situação é determinante para decidir continuar ou não num namoro ou casamento.
 
- Quando se perde a confiança, torna-se muito difícil prosseguir uma relação, uma vez que, esta é a base da convivência próxima entre duas pessoas
 
- Perdoar e aceitar que fomos traídos não significa que sejamos capazes de voltar a envolver-nos com aquela pessoa, mas sim, que entendemos as circunstâncias em que a infidelidade ocorreu e que não alimentamos o rancor, a mágoa e a raiva, mas também há casos de quem decida reatar a relação e que se confronte com a memória e com sentimentos negativos face a quem a traiu.
 
-  Retenha ainda que, ninguém é obrigado a perdoar uma infidelidade por muito que isso tenha feito sentido no passado. Cada pessoa tem a liberdade necessária e a consciência suficiente para admitir ou não passar por uma infidelidade e permanecer na relação.
 
- Podemos desapegar-nos do ressentimento e tentar novamente, mesmo sabendo que é complexa a tarefa de voltar a confiar naquela pessoa.
 
- Quando conseguimos libertar-nos da dor que a traição nos provocou, podemos tentar uma reaproximação, mesmo sabendo que a ferida demora algum tempo a cicatrizar.
 
- Para libertar essa dor, temos de estabelecer uma comunicação honesta e aberta com a pessoa que nos traiu e, mediante a sua postura, devemos decidir se vale ou não a pena reatar.
 
- Temos de estar dispostos a analisar o que aconteceu, o impacto que teve em nós, ir ao fundo do que sentimos e avaliar se a outra pessoa também está a fazer esse trabalho interior, pois só assim um recomeço será possível.
 
- Se ambas as partes estiverem empenhadas, podem refletir sobre as causas da traição e tentar evitá-las no futuro.
 
-Muitos parceiros acreditam que o amor é mais forte do que uma infidelidade e arriscam um recomeço. Há casos em que conseguem superar a infidelidade, mas também há muitas situações em que a pessoa traída não consegue ultrapassar o sucedido e, mais cedo ou mais tarde, a relação termina.
 
- Tão válida é a opção de voltar a acreditar naquela pessoa que nos traiu e de reatar a relação, como decidir esquecer a pessoa e seguir em frente.
 
- Cada pessoa decide até que ponto lhe faz sentido manter uma relação após a infidelidade de um dos parceiros e que o compromisso dura até que ambas as partes o cumpram e respeitem.
 
- Perdoar a pessoa não traduz que sejamos capazes de aceitar o que nos fez e muito menos que concordemos com isso. Significa que reduzimos a importância do que nos fez e que sabemos que temos de ultrapassar o ocorrido para voltarmos a viver em paz connosco próprios.
 
- Qualquer decisão é válida e nenhuma é um sinal de fraqueza. Cada pessoa escolhe aquilo que sente e que melhor se encaixa com os seus valores, na certeza porém que, deve estar consciente do que faz, alertam os terapeutas de casal.
 
Em muitos casos, o aconselhamento de um terapeuta pode facilitar o diálogo entre os parceiros e até servir para avaliar se efetivamente desejam prosseguir ou terminar a relação.
 
O profissional vai ajudar-vos essencialmente nestes pontos:
 
•  Avaliar se a confiança perdida pode ser recuperada.
 
• Causas da traição: deficiências no relacionamento, estilo de apego, dinâmicas tóxicas ou possibilidade de atender a determinadas necessidades.
 
• Grau de infidelidade: quanto tempo passou até à confissão, qual o grau de envolvimento do parceiro no outro relacionamento, entre outros aspetos;
 
• Tipo de traição: algumas pessoas diferenciam entre infidelidade sexual e sentimental. É importante saber o que aconteceu e qual o seu impacto na vida do casal;
 
• Consequências da traição: feridas emocionais, problemas financeiros, consequências para outros membros da família (como filhos), etc.
 
• Sentimentos em relação à outra pessoa: avaliar se vale a pena tentar.
 
Por fim, alguns terapeutas de casal acreditam num recomeço a dois, sendo necessário que se estabeleçam novos termos na relação, bemk como que se ajustem hábitos e dinâmicas. É também preciso que a traição deixe de fazer parte do quotidiano do casal e de uma forma honesta e sincera, sob pena de se estar a cultivar sentimentos negativos em conjunto.
 
É ainda essencial admitir que, nada voltará a ser o que era e ainda menos num curto espaço de tempo. A relação pode até conhecer contornos mais positivos porque ambos aprenderam a valorizá-la de outra forma, podem já estar mais maduros enquanto pessoas e parceiros, mas também podem carregar o sucedido e desenvolver um conjunto de pensamentos destrutivos para ambos, pelo que a decisão de recomeçar deve estar em aberto e ser atualizada sempre que necessário. Se percebemos que o outro reincide ou que nós não temos capacidade de lidar com ele e com essa memória, é preferível recuar e admitir que não conseguimos, pois isso é honestidade e nobreza de caráter.
 
Um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships mostra que curar um relacionamento rompido pela traição envolve um processo em etapas: reconhecer o dano, assumir a responsabilidade, reconectar, comunicar honestamente e reconstruir a confiança.