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Como os traumas de infância afetam a saúde mental

Como os traumas de infância afetam a saúde mental
Como os traumas de infância afetam a saúde mental  
Foto Freepik
As experiências que vivemos na infância determinam uma boa parte daquilo que vamos ser depois de adultos.

De acordo com um apontamento de Isabel Gomes, no sítio da Clínica da Mente, a infância, muitas vezes percebida como um período de crescimento e aprendizagens, com uma boa dose de inocência, pode ser também palco de experiências que deixam cicatrizes invisíveis na mente das crianças.
 
Os mais novos estão muitas vezes expostos a experiências que traumatizam ou, que pela sua dificuldade (pela imaturidade que ainda têm) de interpretação correta da realidade, podem conduzir a sofrimentos prolongados pela vida. Essas experiências podem assumir diversas formas, como o abuso físico e emocional (ex. bullying, violência doméstica, abusos sexuais,…), a exposição a conflitos familiares, negligência e instabilidade familiar ou perda de entes queridos.
 
Segundo a mesma   publicação, expostas a tais experiências, as crianças poderão enfrentar desafios significativos na construção de uma base emocional estável, dada a carga emocional intensa com que podem internalizar esses acontecimentos. Essa maior instabilidade refletir-se-á, muitas vezes, na distorção da autoimagem e autoestima.
 
As crianças que enfrentam esse tipo de dificuldades emocionais podem desenvolver crenças negativas sobre si mesmas, internalizando sentimentos de desvalorização e impotência. Essas autoperceções influenciam o modo como enfrentam situações de vida stressantes e também como estabelecem relacionamentos interpessoais ao longo da vida. A confiança, essencial para relações interpessoais significativas, pode ser afetada pela experiência de se ser traído ou maltratado durante a infância, conduzindo a dificuldades em estabelecer e manter relações saudáveis na vida adulta, evidencia Isabel Gomes.
 
A incompreensão ou falta de suporte emocional durante essas situações pode agravar ainda mais o sofrimento psicológico. As crianças têm dificuldade em entender e processar as complexidades emocionais de eventos traumáticos, levando a estados de tristeza, isolamento, confusão e ansiedade. Essas emoções, se não abordadas adequadamente, podem persistir na vida adulta, moldando a maneira como enfrentam desafios e se relacionam com os outros, realça a Clínica da Mente.
 
Isabel Gomes salienta que, «é fundamental reconhecer a importância de oferecer apoio emocional e compreensão às crianças que enfrentam situações de trauma psicológico. As intervenções precoces, como a orientação de profissionais da saúde mental e o suporte da família, podem desempenhar um papel vital na promoção da resiliência e na minimização dos efeitos a longo prazo».
 
Assim, quem estiver ao redor da criança deve pedir ajuda e evitar que o sofrimento perdure. Um primeiro contacto com o médico de família, com o psicólogo da escola, com um professor também ajudará a aliviar a dor da criança que deve ser ouvida com atenção, compreensão e carinho, registam os entendidos nesta matéria.
 
Torna-se imperioso que os pais se empenhem em cuidados positivos, que eduquem com base na compreensão, no apoio e no afeto, que proporcionem segurança e estabilidade aos filhos e que peçam ajuda sempre que não souberem lidar com os problemas, concluem os especialistas na área da psicologia.