Num grupo de amigos, na família ou entre colegas de trabalho, há sempre uma pessoa que quer ser a “dona da razão”, mas porquê?
Na posição dos especialistas nesta matéria, pode parecer que estas pessoas são muito fortes e convictas dos seus pontos de vista e que, por isso, facilmente se exaltam, irritam e usam argumentos poderosos para ficarem sempre por cima, mas na realidade, não é bem assim.
Segundo a terapeuta Karyl McBride, estas pessoas, para além de mal-educadas, de não respeitarem os outros, de não terem capacidade para se colocarem no seu lugar e, ainda menos de olharem para si mesmas e assumirem que não estão sempre certas, são indivíduos extremamente frágeis e que só se conseguem proteger com gritos, atitudes menos corretas e, por vezes, até agressões.
O seu ego é de tal forma frágil que o único meio que encontram para se defenderem é estarem sempre no contra, mesmo que a maioria esteja no plano oposto e que tente mostrar-lhes que não estão certas.
As pessoas que querem ter sempre razão sentem-se muito bem quando “abafam” a opinião dos outros e, por instantes, sentem-se “donas da verdade” e com um poder que, na realidade, não possuem. Faz-lhes bem ao ego acreditarem que estão acima dos outros, o que as torna irritantes. Amuam com relativa facilidade e fazem de tudo para que a sua opinião impere.
Naturalmente que não é fácil lidar com este tipo de personalidade e, por muito que lhes vamos dando alguns alertas, em muitos casos, nada resolve o conflito porque respondem sempre com teimosia e com a sua poderosa arte para se protegerem.
Segundo a mesma especialista, temos sempre duas possíveis atitudes a tomar, ou evitamos o contacto com essas pessoas ou aprendemos a lidar com elas, mas sempre tendo em conta que se trata de uma tarefa complexa.
Pode-se esperar que a discussão termine, deixar passar algum tempo e depois, com calma, tentar falar com a pessoa e mostrar-lhe o nosso ponto de vista, sabendo que, em alguns casos pode resultar, noutros não.
Pode-se usar dos mesmos argumentos e fazer frente à pessoa teimosa, mas sempre sabendo que a discussão pode subir de tom e não levar a lado algum.
Uma outra sugestão é mudar radicalmente os locais onde se encontram, uma vez que, o hábito também faz aumentar o poder de quem quer ter sempre razão. Por exemplo, em vez de se encontrarem num bar onde já se viveram acesas discussões, pode optar-se por uma ida ao cinema onde devem permanecer em silêncio e onde não há muito por discutir.
É ainda de evitar o tipo de temas fraturantes, pelo que não se deve conduzir o discurso para outros pontos de vista e sim falar de futilidades e deixar a pessoa “brilhar à sua vontade”.
É de incluir também a ausência de forma a evitar o contacto com esse tipo de pessoas e optar por um cumprimento na rua onde só se travam dois ou três dedos de conversa.
Quando se trata de um familiar, deve-se evitar os contactos muito próximos e regulares e tentar fazer algo diferente, de preferência num espaço neutro; nunca na casa da pessoa que quer ter sempre razão, pois é onde se irá sentir mais segura e com poder para maltratar os outros.
Naturalmente que, quando se trata de um cônjuge que quer ter sempre razão, o relacionamento não será saudável, uma vez que a vida a dois requer discutir e trocar pontos de vista e, com este tipo de pessoa, normalmente não há espaço para a diferença e para ouvir o outro porque se quer ter sempre a razão.
No fundo, é preciso possuir uma arte especial para lidar com este tipo de pessoas e avaliar se vale a pena passar por uma série de dissabores, mas o conselho dos entendidos é que não nos resignemos, mas que também evitemos as discussões que, em muitos casos, podem ser cada vez mais acesas, sendo o contacto pontual a melhor opção. Dar razão só para que o outro fique satisfeito também não resulta porque isso fará com que ganhe cada vez mais poder, pelo que podemos manter a nossa opinião, expressá-la, mostrar que lhe vamos dar continuidade e que respeitamos que não esteja de acordo connosco. Depois, é preciso reunir muita paciência e vontade de manter a ligação, pois caso contrário, é mais fácil optar pelo afastamento.
Não é por acaso que, as pessoas que querem ter sempre razão, não têm muita gente em seu redor, mas é importante que alguém lhes diga o motivo, pois quem sabe se isso vai ajudar a que alterem algo no seu comportamento.
