Viver com menos bens materiais e mais significado são as linhas gerais do minimalismo que tem vindo a crescer em algumas sociedades.
Há quem adira a este movimento de forma gradual, aprendendo diariamente a abdicar dos excessos e optando pelo essencial, mas também há quem opte por uma mudança radical no seu estilo de vida e comece a dispensar tudo aquilo que não lhe faz falta para ser feliz. A opção é pessoal, livre e consciente, mas requer um querer profundo e sentir-se bem com as suas escolhas, alertam os entendidos garantindo que não é fácil, de um momento para o outro, tornar-se numa pessoa diferente sem entender quais são os reais benefícios dessa opção.
De acordo com o minimalismo, é possível encontrar mais bem-estar e satisfação pessoal quando reunimos apenas o que é essencial para cada um de nós. Assim, eliminando qualquer aspeto desnecessário, podemos focar-nos no que realmente importa e desfrutar de vivências com mais profundidade.
A simplificação dos hábitos e pertences retira tudo o que é superficial e transitório, e abre caminho para experiências com valor e profundidade. Entre as principais atitudes que o estilo de vida minimalista sugere, estão a prática do consumo consciente, a reorganização das finanças e a criação de uma poupança.
Podemos aplicar este estilo de vida diariamente em diversas áreas: vestuário, alimentação, decoração, equipamentos eletrónicos, finanças, lazer, entre outras. A ideia é viver com mais simplicidade e liberdade, reaproveitando o que for possível para causar o menor impacto a partir desse consumo.
É importante ter em conta que, as pessoas são todas diferentes e possuem necessidades distintas, pelo que, o minimalismo não é um estilo de vida rígido e ainda menos impõe o que quer que seja, simplesmente a pessoa no seu quotidiano, faz opções que vão ao encontro do essencial, do que realmente lhe dá prazer e faz bem, em detrimento dos excessos e do “comprar só por comprar”.
Segundo os defensores deste estilo de vida, na prática é pensar antes de comprar desenfreadamente qualquer coisa e, isso começa pela nossa casa, pela alimentação e tudo o que nos envolve. Em vez de ir ao supermercado e comprar tudo e mais alguma coisa, tornamo-nos criativos, aproveitamos o que temos em casa e juntamos algo que possa melhorar um prato e apreciá-lo. Em vez de comprarmos um equipamento topo de gama, utilizamos durante mais tempo um que, apesar de menos moderno, ainda funciona. O roupeiro também revela muito bem um estilo de vida mais ou menos minimalista quando pensamos que não precisamos de tanta roupa para andarmos confortáveis, limpos e criativos com os artigos que possuímos.
O minimalismo consiste em observar o que é relevante e em eliminar o que não é necessário, incentiva a gastar mais em experiências do que em objetos, num processo permanente em que se avalia o que se tem e o que realmente precisamos de comprar para evitar os excessos e o desperdício. Com esta postura, poupa-se muito dinheiro, aproveita-se mais e melhor o que se possui e vive-se mais os momentos porque não existe uma preocupação em alimentar os padrões de consumo, mas sim, viver à medida do que podemos, defendem os praticantes desta filosofia, realçando que, com este estilo de vida, «foca-se no essencial, no prazer, na necessidade, no aproveitamento e no que somos enquanto pessoas porque não temos de andar a correr atrás do que os outros possuem ou fazem». Há uma maior concentração em nós mesmos, completam.
O primeiro passo para adotar um estilo minimalista não é ter uma casa desorganizada e vazia, só uma peça de roupa ou o frigorífico vazio. É olhar para o nosso espaço, para nós próprios e ver o que nos faz sentido, o que é importante e tem um significado para nós. O resto, elimina-se ou não se compra. Tudo o que possuímos tem de ter uma razão, um motivo para estar ali. A roupa tem de ser do nosso agrado, tal como a decoração da casa, o carro, os objetos que possuímos e daí por diante. Vamos ao restaurante de que gostamos e não ao que as outras pessoas preferem para uma ocasião especial. Compramos o smartphone que responda às nossas necessidades e não ao da moda e daí por diante.
A liberdade e o prazer resultam da consciência de que temos o que nos faz falta e que não precisamos “de sobras”. Vamos comprando o que desejamos e não o que a publicidade ou influência social nos impõe e isso dá-nos harmonia e felicidade porque somos livres para decidir, explicam os apologistas desta corrente filosófica.
Uma pessoa que faz uma limpeza regular à casa, incluindo o roupeiro, facilmente apercebe-se de que, não usa tudo o que tem e que pode oferecer a quem precisa de objetos ou roupas que tem a mais. Não só lhe fará bem a generosidade, como é muito gratificante a sensação de casa limpa, arrumada, organizada e com espaço livre para poder circular e aproveitar. Muitas vezes, não nos apercebemos do que carregamos a mais e do quanto já fomos influenciados a ter tudo para mostrar riqueza aos outros. Ao descartarmos essa crença, a nossa vida torna-se mais simples e mais adequada ao que realmente gostamos, precisamos e utilizamos. Por isso, desfaça-se daquilo que não usa e que não tem significado e doe a alguém que possa reutilizar.
O estilo minimalista destaca a importância de valorizar a qualidade e não a quantidade, pelo que, é importante que saiba que, o que possui faz-lhe sentido e é útil. O desapego é a base para se desfazer daquilo que acumula sem valor e, no fundo, qual é o objetivo de guardar o que não lhe faz falta? Ocupar espaço? Exibir abundância?
Antes de ir às compras, faça uma lista daquilo que realmente precisa para evitar o desnecessário. Verá que a sua conta de supermercado baixa significativamente e que se alimenta melhor e de modo mais saudável. Com um plano semanal de refeições, por exemplo, será fácil cumprir esta premissa e sentir-se bem porque tem o que lhe faz falta e não estraga nada. As sobras podem ser congeladas e servir de acompanhamento para outra refeição e faça o mais que puder em casa. Poupa dinheiro, ganha saúde, aproveita mais momentos em família e torna-se mais criativo para inventar refeições.
O objetivo desta filosofia é desenvolver uma maior consciência pessoal, proteger o ambiente e a vida sustentável e ter mais dinheiro para aquilo que lhe dá prazer. Poderá fazer face a uma despesa inesperada porque poupa mais, investir numa viagem, num curso ou em algo que promova o seu desenvolvimento pessoal ou profissional. Poupar de um lado para gastar noutro mais interessante para si, já é uma boa razão para evitar o consumo excessivo e o desperdício e, ter dinheiro numa conta poupança ajuda muito a construir sonhos, a melhorar a qualidade da casa, do trabalho ou a garantir um pouco mais de segurança financeira, o que dá sempre jeito. Se lhe fizer sentido, comece aos poucos a poupar e a reduzir os excessos, senão, não existe uma qualquer obrigação em fazê-lo, pois este movimento não implica que faça algo de que não gosta ou que não lhe faz sentido.
O minimalismo é simplesmente uma alternativa num tempo em que o dinheiro não abunda para todos, o ambiente está saturado de lixo e com falta de racionalidade nos consumos e em que se torna importante refletir sobre o que compramos e os motivos pelos quais o fazemos para poder abdicar do que não é essencial. Já agora, se não precisar de ir de carro, vá a pé. Uma caminhada faz bem à saúde física, mental e ainda protege o ambiente e poupa combustível!