O luto por um animal de estimação é um tema ainda pouco abordado, mas certamente que quem perde esse companheiro de vida sofre muito, afirmam os especialistas nesta matéria.
Quem passa por um processo de luto pela perda do seu animal de companhia, não pode desabafar com qualquer pessoa, muito menos falar dessa dor com quem não possui sensibilidade para compreender e aceitar que, é efetivamente doloroso perder um animal de estimação cuja relação com o dono é próxima e afetuosa.
Além disso, muitas pessoas que nunca tiveram o carinho de um animal ignoram o que isso representa e, portanto, depreciam e menosprezam o luto pelo animal. Dessa forma, a pessoa que está de luto ainda tem que lidar com outro sentimento negativo: a falta de aceitação da sua dor, explicam os entendidos.
É verdade que existem crematórios e cemitérios destinados aos animais, mas despedir-se publicamente do seu grande amigo é completamente diferente do que seria se fosse uma pessoa. Não existe um procedimento ou um costume que permita que o dono possa expressar a sua dor livremente e colher um pouco de conforto de alguém, o que aumenta a angústia da perda, explicam.
Muitos psicólogos relatam que é importante assumirmos que, quando adquirimos um animal de estimação, temos de estar minimamente preparados para uma longevidade menor que a do ser humano e que, muito provavelmente vamos ter de lidar com essa perda mais cedo ou mais tarde. Na mesma sequência,, isso não deve impedir que nos liguemos afetivamente ao companheiro, que vivamos bons momentos com ele, «pois todo esse processo é gratificante», reforçam.
«O facto de termos de lidar com a perda, sejam as crianças ou os adultos que mais se ligam ao animal, «ajuda-nos a compreender que não temos o controle de tudo, muito menos somos superiores à natureza, pois tudo o que nasce, morre, tal como ocorre com as pessoas, mas isso prepara-nos para enfrentar as situações de uma forma mais resiliente e corajosa», acrescentam.
Naturalmente que nos alivia a dor saber que demos o nosso melhor, que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que o animal fosse bem tratado e amado, situação que também nos ajuda a superar melhor a perda. Este aspeto é importante porque, «existe um grande sentimento de culpa em torno da morte de um animal, na medida em que sentimos sempre que podíamos ter feito melhor e que achamos que deixamos partir o animal quando o poderíamos ter evitado».
Se tivermos oportunidade de fazer uma despedida que nos alivie, igualmente superamos mais facilmente esse conjunto de emoções negativas que se nos acumulam porque assumimos a nossa fragilidade, o nosso sofrimento e o vazio que o animal nos deixa.
De acordo com os especialistas, a maior parte dos remorsos que se sentem em relação à morte dos animais são fruto da eutanásia, uma das opções a que mais se recorre para aliviar o sofrimento dos animais.
Aqui devemos ter em consideração que, nenhum dono deseja ter de recorrer à eutanásia. Se o fez é porque não teve outra solução, pelo que importa fazer uma despedida digna do animal, chorar o necessário, falar o que se considera essencial, mas escolher bem a pessoa a quem se faz esse desabafo, alertam os entendidos.
As pessoas em redor do dono magoado pela partida do animal, devem fazer um esforço para tentar compreender a dor, ouvi-lo e, mesmo que não tenham algo a dizer, devem mostrar o seu carinho com um simples gesto.
Não é adequado propor a compra de outro animal no imediato, já que, nesse momento a pessoa precisa de chorar a perda, de desabafar e de se libertar dessa dor profunda. Aos poucos, vai compreendendo e aceitando o sucedido e aí, por sua iniciativa, poderá sugerir a compra de um novo animal, mas sabendo sempre que essa opção não vai substituir a perda do anterior, mas sim, oferecer um novo ânimo à vida daquele adulto ou daquela criança.
Aprender a perder faz parte da vida, sobretudo porque nada nos é garantido, realçam os especialistas, no entanto, temos de encontrar estratégias de superação que nos confortem e ajudem a aliviar a dor, seja com a perda de um animal de estimação, de uma pessoa ou de algo igualmente importante para nós, concluem.