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Como falar de sexo com o seu filho?

Como falar de sexo com o seu filho?
Como falar de sexo com o seu filho?  
Foto Freepik
Num tempo em que os jovens têm acesso facilitado a conteúdos de cariz sexual, torna-se ainda mais pertinente que o diálogo faça parte da relação entre pais e filhos.

Neste artigo, baseado numa publicação da Advanced Care, vamos resumir pontos que todos os pais devem ter em conta quando abordam um tema íntimo e que tem de ser transmitido aos jovens como forma de os proteger.
 
Os pais não devem sentir vergonha de conversar sobre o assunto, pois a sexualidade faz parte das nossas vidas, é uma área importante para ser explorada e desfrutada, mas exige valores e cuidados fundamentais para que se torne segura. Ninguém melhor do que os pais, as pessoas que mais amam os filhos, para estabelecerem uma comunicação positiva, esclarecedora, compreensiva e disponível para apoiar um adolescente.
 
A adolescência é um desafio para os jovens que a atravessam e para os pais que os querem orientar nesta fase. Comunicar eficazmente, saber ouvir e conversar, é a chave para uma conexão saudável entre pais e filhos.
 
Trata-se de um período marcado por diversas mudanças, físicas, comportamentais e sociais, em que surgem dúvidas e questões de autoconhecimento, fundamentais para a formação de adultos maduros e conscientes.
 
Durante esta fase, a descoberta sexual tem especial enfoque. É frequente existir por parte dos pais o receio de introduzir o tema, de dar informação a mais, ou cedo demais, de estarem a encorajar uma atividade sexual prematura, entre outros medos geradores de ansiedade que, muitas vezes, bloqueiam o canal de comunicação entre pais e filhos.
 
Contudo, nos dias de hoje, os adolescentes são impactados constantemente com conteúdo de cariz sexual nos vários meios de comunicação como a televisão, as redes sociais, os filmes e a publicidade, sendo difícil protegê-los do tema, e tornando a necessidade de diálogo ainda mais prioritária, para mostrar que nem tudo o que é comunicado pelos diversos meios é um exemplo positivo.
 
É ainda importante desmistificar que, a informação e a educação encorajam os jovens a serem sexualmente ativos, uma vez que o diálogo sobre o tema promoverá decisões informadas e ponderadas com menos riscos, ajudando os adolescentes a: conhecer melhor o corpo e as mudanças pelas quais está a passar; compreender e aceitar as emoções; lidar com as dúvidas com menos ansiedade ou stress; aprender a proteger a sua vida sexual e reprodutiva, prevenindo as infeções sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.
 
De acordo com a mesma publicação da Advanced Care, é comum que os jovens se fechem mais sobre si mesmos e que evitem a comunicação com as figuras parentais. «Se um filho não fala em sexualidade nem faz perguntas, não quer dizer que não tenha dúvidas. É importante respeitar o silêncio do jovem, mas também deve haver abertura no contexto familiar, para que o adolescente desabafe em casa em vez de procurar respostas com pessoas inadequadas», sublinha.
 
Segundo o grupo de promoção da saúde, existem 6 dicas que podem ajudar os pais para que se estabeleça uma boa comunicação com os filhos adolescentes:
 

1. Preparar-se antecipadamente

Antes de iniciar o diálogo, é importante refletir sobre a mensagem que se quer transmitir e a melhor forma de a passar. A informação deve ser adaptada à idade do adolescente, ao conhecimento que já tem, e às dúvidas que apresenta (caso já as tenha expressado).
 
Tentar colocar-se no lugar do filho e recordar o que gostaria de ter ouvido quando era jovem e ter aprendido em casa quando experienciou sentimentos de dúvida e insegurança, é um ótimo exercício de reflexão das necessidades de um adolescente.
 
Deve-se compreender a melhor forma de passar a informação, e se necessário, apoiar-se em diferentes meios como por exemplo a brochura “Pontos nos is: a Educação Sexual lá em casa”, da Associação para o Planeamento da Família.
 
Além disso, nenhuma figura parental está sozinha neste processo, tanto a restante família, como a escola e os profissionais de saúde têm um papel complementar na construção de jovens conscientes.
 

2. Saber ouvir e mostrar aceitação

O adolescente deve sentir que pode confiar no adulto para expressar as suas dúvidas sem se sentir julgado. Os pais devem transmitir que todas as dúvidas são normais e aceites para serem discutidas abertamente no seio familiar.
 
Numa fase onde surgem tantos receios e inseguranças, é imprescindível assegurar aos jovens adolescentes que são aceites e compreendidos, independentemente dos sentimentos pelos quais estão a passar. Desta forma, estes sentem que podem encontrar em casa um espaço de proteção onde podem desabafar sem julgamentos.
 

3. Transmitir informação verdadeira com rigor científico

A informação pode e deve ser adaptada à idade, contexto, e ao conhecimento que o adolescente já tem, mas é essencial que os pais a transmitam com rigor, pois muitas fontes de informação, como os meios de comunicação e os amigos da escola, promovem a desinformação e falsos conceitos.
 
É importante ensinar ao adolescente como distinguir factos de opiniões e crenças pessoais, para que este possa fazer as suas escolhas da forma mais consciente possível, sem a influência ou pressão dos pares.
 

4. Promover sentimentos positivos acerca da sexualidade 

O tema sexualidade não deve ser reduzido à sua vertente física e biológica, sendo essencial abordar a importância do afeto, amor e respeito.
 
Assim, cria-se uma maior proteção e consciência para o tema, evitando-se comportamentos exploratórios vazios, comportamentos de risco, e melhorando a capacidade de se relacionar com os outros para a construção de vivências equilibradas.
 

5. Manter-se disponível e aberto a novos diálogos

É fundamental o adolescente sentir que pode confiar nos pais e que pode voltar a falar no tema “sexualidade” as vezes que sentir necessidade. Devendo-se evitar transmitir ao filho que o tema é um acontecimento de uma vez só sem abertura para novas questões.
 
A conexão criada pelo diálogo deve ser um espaço em que o adolescente se sente seguro e dita o próprio ritmo de acesso à informação, isto é, o jovem sabe que terá sempre o apoio dos adultos e que pode procurar o seu apoio independentemente do problema ou preocupação que tenha.
 

6. Encorajar a autoconfiança e autoestima

Além de mostrar disponibilidade, transmitir informações com rigor científico e promover o afeto, amor e respeito nas relações, é ainda essencial encorajar a autoconfiança e autoestima dos filhos.
 
O desenvolvimento destas habilidades auxilia os jovens a ultrapassar a pressão dos pares e a acreditar nas suas competências, tomando as suas decisões de forma independente, com menor risco de influência, sem sentirem a obrigação de seguir comportamentos com os quais não concordam.
 
Comunicar eficazmente, saber ouvir e conversar, é a chave para uma conexão saudável com os filhos, e para que estes desenvolvam a capacidade de tomar decisões e definirem os seus próprios valores, regista a publicação.
 
Por fim, mentalize-se de que, os filhos são uma oportunidade para evoluir, para aprender mais, partilhar o que sabe e manter-se ativo.
 
Aposte numa relação positiva, respeitando e fazendo-se respeitar, expressando afeto, compreensão, mas também rigor, disciplina e valores, já que, dessa forma, tudo irá fluir.