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Como ensinar o seu filho a proteger-se de "más companhias"

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Segundo os especialistas na área da psicologia, quem vive num ambiente familiar acolhedor, com amor, compreensão e muito diálogo, não se deixa influenciar pelas “más companhias”.

As escolhas que fazemos são um reflexo daquilo que aprendemos em casa ou do que nos falta no ambiente familiar, por isso, “é fundamental construirmos relações positivas com as crianças e prolongá-las com os adolescentes para que estes saibam sempre que podem contar com os pais e que lhes podem recorrer quando precisam de atenção, amor, carinho, incentivo e de um bom conselho”, sublinham os mesmos entendidos.
 
Ao mesmo tempo, é essencial que os pais entendam a importância das relações dos filhos com outras pessoas da mesma idade e também de adultos com quem convivem para que a interação com os progenitores flua de forma saudável e agradável. “Os jovens precisam de fazer as suas amizades, de cumprimentar um adulto e de gostar de um funcionário da escola um professor. Somos seres sociais e não podemos viver fechados na nossa célula familiar. Ao mesmo tempo, os mais novos também necessitam de encontrar nos pais o conforto e o carinho que não recebem do exterior. É desse complemento que se desenvolvem relações estáveis e equilibradas, evidenciam os mesmos especialistas.
 
Com esta abertura, cabe aos pais entender que os jovens precisam de integrar um círculo de amigos, mas devem saber proteger-se daquilo que não é positivo. O primeiro passo é ensiná-los a estabelecer limites e a dizer “não” ao que lhes é prejudicial.
 
Diga ao seu filho que pode e deve relacionar-se com os seus pares, mas que é fundamental que não imite tudo o que fazem. Para isso, ele deve aprender a pensar antes de reagir e a ponderar se aquela proposta é a melhor opção para si. Igualmente deve saber recusar sem o medo da rejeição muito característico da adolescência, registam.
 
O jovem também deve estar preparado e com a necessária abertura para expor as suas dúvidas e medos aos pais, sob pena de não ter a quem recorrer quando se sente aflito, evidenciam os psicólogos.
 
Nas relações com os outros, os jovens têm de desenvolver o sentido crítico e saber que não podem aceitar um namoro baseado em algum tipo de violência, controle ou pressão. Não podem tolerar quem lhes controle o telemóvel, os amigos, as conversas pessoais e outros aspetos da sua privacidade, não devem estar com alguém que não os respeitem e que não os saibam aceitar tal como são. Não devem igualmente fazer algo que não seja do seu agrado, pelo que, algum tipo de imposição tem de ser rejeitada. Este estabelecimento de limites é a base para que o seu filho não faça aquilo de que não gosta, que não quer e que não deve, sublinham os mesmos psicólogos.
 
Uma boa conversa com os pais é sempre o melhor ponto de partida para ajudar os filhos a seguirem uma linha de conduta que não se  afaste daquilo que vivenciam em casa, e o exemplo positivo dos progenitores é fundamental, pelo que, os adultos também se devem empenhar em fornecer boas dicas e, sobretudo, adotar uma postura adequada e que não deixe margem de dúvidas para os filhos.
 
Os  jovens também devem exigir respeito em troca dele e, isso conquista-se com um ambiente familiar saudável  em que pais e filhos se respeitam, aceitam as suas diferenças e opiniões, pois caso contrário, o seu filho ficará muito exposto e vulnerável à influência dos outros.
 
Os entendidos lembram que, muitos jovens sentem receio quando têm de afirmar a sua posição num grupo porque a ideia de rejeição os incomoda, mas é absolutamente indispensável que aprendam a fazê-lo desde cedo, sob pena de poderem entrar em caminhos menos positivos. “Um jovem que sabe recusar aquilo que não quer e que sabe que lhe é prejudicial, que define os seus limites e que é capaz de se fazer aceitar sem a tal rejeição, está num bom caminho para se proteger e fazer aceitar e respeitar pelos outros e, isso tem de ser trabalhado no ambiente em que se sente mais seguro que é em casa”, reforçam.
 
”É evidente que não é fácil manter um diálogo permanente com um jovem quando ele deseja expandir o seu círculo de amigos e dedicar menos tempo à família, mas os pais devem manter essa ligação à hora das refeições e em todos os momentos possíveis, sempre com abertura para que esse contacto não se perca”.
 
”Quando o jovem é habituado a conversar livremente e de forma interessante e respeitosa com os pais, manterá esse prazer pela vida fora mesmo integrando as naturais mudanças próprias da idade e das alterações de vida”, explicam os psicólogos.
 
Depois e, não menos importante, é imperioso que o jovem se conecte com as suas emoções, que identifique o que sente para que melhor possa tomar as suas decisões sem a interferência dos outros. Os pais devem ensiná-lo a conhecer-se bem, a gerir as emoções para que não reaja impulsivamente e sem pensar e, acima de tudo, para que respeite o que está a sentir, pois será assim que vai negar uma relação que não lhe agrada, por exemplo.
 
Incentive o seu filho a não se sentir culpado por não gostar desta ou daquela pessoa, por não querer isto ou aquilo, pois só assim estará a lidar em conformidade com o que sente e sem medo da opinião dos demais. Ele tem direito à sua opinião, às suas escolhas e a ser exatamente como é e, os pais devem ajudá-lo a desenvolver essas habilidades diariamente em casa.
 
Mostre-lhe algumas frases que o podem ajudar a declinar um convite, a rejeitar uma proposta ou um namoro: “hoje não posso ir porque tenho de estudar”, “não me leves a mal, mas eu não sinto o mesmo por ti, mas podemos ser amigos”, “não vou beber porque pratico desporto ou porque o álcool faz mal à saúde”, “não vou fumar porque faz muito mal ao nosso organismo” e daí por diante.
 
Por fim, os entendidos propõem que se ensine o mais possível a lidar com os outros e com as situações em casa, pois é o ambiente mais seguro de uma criança ou jovem. Será com os pais que eles vão treinar o “sim”, o “não”, o “gosto” ou “não gosto”, o “rejeito” ou “aceito” para que depois os possam aplicar nas mais variadas ocasiões. Quanto mais os pais transmitirem bons exemplos aos mais jovens, mais eles vão aprender e aplicá-los nas suas relações quotidianas. Não é por acaso que se diz que, a melhor escola é em casa, concluem os mesmos psicólogos, alertando ainda para a importância de ajudar os filhos a desenvolverem uma boa autoestima, a gostarem de si mesmos e a respeitarem os demais, mesmo quando gostam menos deles, porque será assim que se vão tornar mais autoconfiantes e capazes de enfrentar o mundo.
 
Um ambiente em que os pais conversam e não gritam, que procuram acordos, que discutem opiniões e que rejeitam completamente qualquer tipo de violência física ou psicológica, ofensas, humilhações e outras expressões negativas de convivência, assume-se como o ponto de partida para que um jovem se desenvolva de forma equilibrada, sadia, com valores positivos, um bom cidadão e, sobretudo, que não precise de ceder a pressões externas e a convites que o afastam da sua conduta.