As redes sociais chegaram e revolucionaram o mundo e a forma como nos ligamos uns aos outros, mas até que ponto isso nos está a tornar mais felizes?
Tendo por base diversos estudos realizados sobre esta matéria, é um facto que através das redes acedemos ao mundo, mantemos contactos com pessoas mais ou menos distantes, estamos mais ocupados e a desenvolver novas habilidades mentais, mas, ao mesmo tempo, estamos mais infelizes porque, na maioria dos casos, estamos ligados durante longos períodos de tempo, damos menos atenção a quem nos é próximo, ficamos tão exaustos que não temos paciência para outras atividades e daí por diante.
Dizem os mesmos investigadores que, muitas pessoas também se sentem mais infelizes porque comparam a sua vida à das outras e que se sentem diminuídas, que sentem vergonha da sua imagem física quando observam as demais, que consideram a sua vida pouco interessante quando avaliam a de outros utilizadores e que, a própria felicidade demonstrada nas imagens publicadas acarreta muita angústia e sofrimento para quem não se sente assim.
Há também relatos de pessoas que se apresentam mais tristes porque, apesar de estarem sempre acompanhadas nas redes, sentem-se sozinhas na sua vida e no seu mundo, o que faz aumentar a solidão quando desligam o ecrã, sendo de anotar ainda as pessoas que se sentem culpadas por dedicarem demasiado tempo ao mundo virtual e não tentarem fazer algo no seu quotidiano que também lhes dê prazer.
Os investigadores apontaram ainda como causas da infelicidade em muitos utilizadores das redes sociais, a sensação de que se sente pouco valor quando se publica algo que não colhe “gostos” ou que recebe comentários depreciativos, sendo de registar também a violência de muitos comentários, o fim de algumas ligações em prol de algo que se disse ou que simplesmente não se comentou.
De um modo geral, as redes sociais são positivas e enriquecem-nos, mas é importante termos alguns cuidados para evitar que a tristeza tome conta de nós e que a autoestima e autoconfiança fiquem abaladas.
É também de registar que, quando passamos demasiado tempo ligados às redes sociais, acabamos por receber muita informação, em muitos casos, pouco nutritiva e enriquecedora, o que nos leva para um grande vazio emocional, já que sentimos que estivemos largas horas numa atividade e que acabamos por colher muito pouco em termos afetivos.
O mesmo se passa quando temos um problema e o partilhamos nas redes e não conseguimos receber o apoio pretendido, sem esquecer as críticas destrutivas que podemos receber acerca de um assunto ou de uma foto publicada. Assim, o primeiro requisito para se utilizar corretamente as redes, é nunca nos esquecermos de que somos pessoas, que somos seres humanos e que estamos a lidar com os demais em pé de igualdade. Não devemos também usar o anonimato ou desligar-nos da realidade a ponto de nos esquecermos de quem somos, pois isso torna-nos muito vulneráveis, aconselham os especialistas.
Quando perdemos o controle do tempo que dedicamos às redes sociais e nos esquecemos que há vida para além dessa atividade, aumenta o nosso estado de infelicidade e começa-se a sentir um profundo mal-estar resultante dessa má gestão, alertam.
O descontrole no uso das redes sociais pode tornar-se num perigoso vício que ultrapassa o prazer de “viajar” pelo ecrã e de nos entreter, pelo que, idealmente devemos colocar um alarme no nosso dispositivo para que possamos parar e fazer outra atividade.
O desgaste de estar ligado sem limites também acarreta como problema a falta de concentração, na medida em que a pessoa fica tão ligada a um conteúdo que se esquece da realidade em seu redor, o que renova o apelo dos cientistas para que se usem as redes com “conta, peso e medida”.
Também foi relatado pelos entendidos que, as redes sociais podem fazer desencadear muitos conflitos pela troca de palavras, pelas muitas pessoas que comentam uma ligação, pelo tom da linguagem utilizada e, em alguns casos, podem desenvolver-se sentimentos muito negativos em torno de alguns utilizadores ou membros de grupos, por exemplo.
Assim, nunca se esqueça de utilizar as redes de forma consciente, não lhes recorra para falar de intimidades, para colocar a sua vida em evidência e, ainda menos para pedir apoio emocional ou compreensão. Essa necessidade deve ser colmatada em privado, numa mensagem, numa chamada ou noutro canal de comunicação, pois ao tornar público algo que o perturba ou afeta, estará a expor-se e a colocar-se à consideração de outras pessoas, em muitos casos, desconhecidas.
Use as redes para se divertir, para comunicar algo que lhe faz bem e de uma forma descontraída, para saber mais sobre os outros e sobre o mundo que o rodeia, mas não entre em grandes reflexões ou confidências, evite falar de outros e de situações complexas que possam desencadear longos e dolorosos comentários.
Selecione também os conteúdos que pretende acompanhar e descarte aqueles que, de algum modo o podem magoar. Pense que as redes sociais são um local para se distrair e não para acumular problemas, dissabores e mal-estar.