Ambiente

Comité de Cogestão da Pesca do Polvo propõe defeso anual de um mês no Algarve

Comité de Cogestão da Pesca do Polvo propõe defeso anual de um mês no Algarve
Comité de Cogestão da Pesca do Polvo propõe defeso anual de um mês no Algarve  
Foto - Freepik
O Comité de Cogestão da Pesca do Polvo no Algarve enviou hoje ao Governo uma proposta que prevê a implementação de um defeso anual de 15 de setembro a 15 de outubro na região.

Em comunicado, o Comité defende que a definição de um defeso no Algarve foi “amplamente defendida pela comunidade piscatória e visa a proteção dos juvenis, proibindo a captura, comercialização e desembarque da espécie”.
 
O Comité propõe ainda que o período de defeso aconteça em toda a costa do Algarve até ao limite da Zona Económica Exclusiva (ZEE), tendo sido propostas outras medidas de gestão, incluindo a definição de áreas de proteção para polvos juvenis, lê-se na nota.
 
A proposta de plano de gestão, cocriada por pescadores, cientistas, autoridades diversas e Organizações Não-Governamentais defende “a sustentabilidade desta pescaria, equilibrando proteção ambiental e viabilidade económica”, esperando o comité que seja oficializada em breve em Diário da República.
 
Entre as medidas propostas, o comité destaca a proposta de portaria para a implementação de um defeso anual na região, cuja proposta foi aprovada a 22 de novembro, durante a 2.ª Assembleia Geral, na qual participou também a Secretária de Estado das Pescas.
 
O plano de gestão, desenvolvido ao longo de uma dezena de reuniões, com base em dados técnico-científicos do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e nas recomendações do projeto ParticiPESCA, terá uma duração de cinco anos e estabelece medidas de curto, médio e longo prazo para promover a sustentabilidade da pescaria e a preservação dos ‘stocks’.
 
A representante da Associação Natureza Portugal/ World Wildlife Fund (ANP|WWF) no Comité, Rita Sá, alerta na nota que o Comité de Cogestão da Pesca do Polvo no Algarve “enfrenta atualmente uma grave falta de financiamento, o que ameaça comprometer o avanço deste modelo inovador de gestão”.
 
“Apelamos a todos, especialmente ao Governo e aos partidos representados na Assembleia da República, que se empenhem em garantir o apoio financeiro necessário, assegurando que estes modelos pioneiros continuem a operar e sirvam de exemplo para outras pescarias em toda a Europa,” declarou, citada na nota.
 
A portaria que cria o Comité de Cogestão para a pesca do polvo (Octopus vulgaris) no Algarve foi publicada em março último.
 
Trata-se do segundo comité de cogestão de uma pescaria em Portugal, depois da Cogestão da Apanha de Percebe na Reserva Natural das Berlengas.
 
O Comité de Cogestão para a pesca do polvo tem como objeto monitorizar e gerir de forma sustentável a pesca do polvo no Algarve exercida exclusivamente por arte de armadilhas de abrigo e de armadilhas de gaiola com malhagem mínima de 30 mm em toda a extensão de costa do Algarve.
 
Lusa