Uma das principais consequências de reclamar “por tudo e por nada” é o stress, mas segundo os cientistas, há muitos mais riscos para a saúde associados a essa forma de ver a vida e a realidade.
É um facto que devemos libertar algo que nos incomoda, fazer valer os nossos direitos numa qualquer circunstância, reivindicar algo que nos pertence e daí por diante. O problema começa quando nos habituamos ao ato de reclamar e nada construímos em prol disso.
Há pessoas que reclamam por tudo o que lhes acontece, por tudo o que observam e que se irritam igualmente por tudo e por nada, sendo que, essa crítica destrutiva não altera a situação e remete-as para a frustração permanente e para um estado de negatividade exagerado que as torna sempre insatisfeitas com tudo.
Os cientistas chamam também a atenção para algo igualmente importante: uma pessoa que reclama muito torna-se numa péssima companhia, uma má conselheira e poucos a procuram, uma vez que já sabem qual a resposta que vão obter, o que em nada abona para a sua felicidade e bem-estar.
Ao mesmo tempo, as pessoas que reclamam demasiado estão sempre a enviar “sinais de perigo” para o organismo que é o mesmo que dizer que, estão sempre em estado de alerta, o que aumenta a ansiedade e o stress.
Travis Bradberry , autor do best-seller Inteligência Emocional 2.0 — esclarece que, quando reclamamos, o nosso corpo liberta a hormona do stress designada por cortisol e que tem a função de preparar-nos para lutar ou fugir de uma situação perigosa. Como consequência, sofremos um aumento significativo na tensão arterial, nos níveis de açúcar no sangue para que nos possamos defender. Quando reclamamos constantemente, estamos a enviar essa mensagem ao nosso organismo e a colocá-lo em permanente estado de alerta, situação que reduz a imunidade do corpo, aumenta o risco de diabetes, de desenvolver doença cardíaca, colesterol elevado, obesidade e torna o cérebro mais vulnerável a derrames.
Há pessoas que fazem da reclamação um modo de vida, e, segundo a ciência, «quando fazemos sempre a mesma coisa, o nosso cérebro encara essa condição como normal e habitua-se a processar a informação com base nessa orientação, o que faz com que seja mais difícil sair desse circuito». Em linhas gerais, estas pessoas passam a ser os “reclamões do sistema” e especialistas em reclamações, e, naturalmente que é a saúde quem sofre as consequências, tal como as pessoas em seu redor.
Dizem os entendidos que, o pensamento negativo está relacionado com sentimentos e emoções negativos e, uma vez que os cultivemos, estes vão tornar-se parte de nós e orientar-nos a vida, ou seja, será o tipo de pessoa que só será reconhecida pelos outros como “o reclamão” e talvez nem se aperceba do porquê.
Alertam ainda os cientistas que se torna essencial observarmos as nossas atitudes e pensamentos para que os possamos corrigir e melhorar, pois as emoções negativas são contagiosas e torna-se fácil que vivamos muitos conflitos com aqueles que nos rodeiam, sem esquecer que nem todos estão dispostos a lidar com alguém que está sempre irritado com tudo e ainda menos que reclama até do que seria suposto ser agradável, mas como se habituou a dizer mal de tudo, já não consegue valorizar o que quer que seja.
Por fim, é imperioso que, cada um de nós reserve uns momentos diários para si mesmo, para observar os seus comportamentos e pensamentos e tomar consciência daquilo que faz, já que, só assim poderá melhorar.
Segundo os cientistas, a prática de meditação ajuda nesse processo, na medida em que nos permite refletir de forma isenta e honesta acerca dos nossos comportamentos e fazer com que possamos alterar alguma coisa. Também é importante ouvir quem está ao nosso redor, ser humilde e assumir que se está a repetir um padrão de comportamento negativo, neste caso, a reclamação e que devemos reagir. Em muitos casos, o apoio psicológico é a melhor opção, mas também há quem consiga inverter a reclamação em gratidão e passar a encarar a vida noutra perspetiva mais positiva e alegre, concluem os entendidos.