Avizinha-se a época alta no Algarve e mais uma vez, os responsáveis pela administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, tentam responder ao número crescente de doentes que todos os dias chegam ao serviço de urgência.
Era nesta fase que o CHUA tentava incluir mais médicos nos serviços, mas a experiência diz que a realidade é outra. Sabendo disto, o diretor clínico do CHUA, refere que havia o chamado plano de reforço de saúde no Algarve, com destacamento de profissionais de outras zonas, que acabou por se revelar infrutífero, «não dava grandes resultados, nunca se conseguiu mobilizar muitos profissionais para a região».
O que está previsto é um reforço das equipas em permanência, «temos como objetivo cativar colaboradores de todo o país e de todas as especialidades, nalgumas estamos com dificuldades como por exemplo na Pediatria e também na Cirurgia Geral, as outras equipas estão mais ou menos asseguradas durante o verão e, portanto, o que pretendermos é envolver todas as pessoas que pudermos, mesmo enfermeiros que estão agora a acabar o curso, visto ser também um outro problema complicado, conseguir recrutar enfermeiros, eu próprio sugeri que alunos de enfermagem dos últimos anos, fossem contratados como estagiários, podem ser como assistentes operacionais mas que dariam uma ajuda relevante».
Além dos recursos humanos, é preciso otimizar os serviços
Horácio Guerreiro adiantou ao Algarve Primeiro, que está a ser estudada a implementação de «uma via rápida» a aplicar no serviço de urgência: «em Portugal usamos a chamada Triagem de Manchester, que define as prioridades e o tempo de espera, mas queria complementar isso com o chamado "fast track", em que aquelas situações que são fáceis de resolver sejam atendidas rapidamente, por exemplo, uma pessoa com uma dor de dentes não tem de ficar 4 horas à espera, ou com uma pequena ferida, também não é necessário esperar horas por um médico, e com isso, podemos descongestionar talvez 30% da urgência. O nosso objetivo é apostar no reforço das equipas quer nos serviços de urgência hospitalares quer nos serviços de urgência básica em Vila Real de Stº António, Loulé, Albufeira e Lagos, vamos tentar incluir mais um médico na equipa, geralmente são dois e passarão a ser três no atendimento, evitando que as pessoas permaneçam na urgência com longas esperas».
O diretor clínico do CHUA, explicou que esta estratégia existe em muitos países, em Portugal apenas em Matosinhos «com bons resultados». Horácio Guerreiro assumiu estar «seriamente preocupado» com a afluência de doentes no verão, «neste momento já estamos a bater o recorde todos os dias. Na urgência de Faro, estamos com cerca de 350 doentes diários, talvez 30% acima da média, colocando as equipas sob pressão, mas estamos a tentar envolver o máximo de profissionais que pudermos, aliciando os nossos médicos, vamos remunerá-los mais de acordo com este Orçamento do Estado, permitindo pagar melhor as horas extraordinárias, possibilidade que já estamos a usar na Pediatria e na Ginecologia e esperamos com isso cativar pessoas, nomeadamente médicos de família que queiram colaborar connosco ou internos da especialidade».
Reconhecendo que os profissionais ainda estão muito cansados e sem férias devido à pandemia, o responsável fala em medidas para todo o ano, «estamos a trabalhar todos os dias para isso com os diretores dos departamentos e da urgência, esperando responder ao que aí vem», concluiu.