Idealmente, todos deveríamos comunicar de forma assertiva, respeitando os nossos pontos de vista e os dos outros, ouvindo, mas também dando a conhecer aquilo que sentimos.
Para se conseguir encontrar essa harmonia na família, no namoro, casamento, nas relações de amizade ou no trabalho, é essencial desenvolver um estilo de comunicação assertiva. Neste artigo, apresentamos-lhe os benefícios desse tipo de comunicação e algumas estratégias que pode usar para ser melhor sucedido nas mais variadas situações do seu quotidiano.
A assertividade é um estilo de comunicação que resulta num equilíbrio entre passividade (submissão ao outro) e agressividade (fazer o outro submeter-se). Permite que expressemos com firmeza as nossas opiniões, desejos e necessidades, sem nunca desrespeitar o interlocutor e tem como benefícios:
Promove o equilíbrio e a justiça nas relações humanas. Permite que defendamos os nossos direitos e interesses sem medo e sem prejudicar os outros.
Ajuda a tomar melhores decisões e a alcançar maior sucesso na nossa carreira profissional.
Cultiva a inteligência emocional e ajuda-nos a aumentar o estado de felicidade, permite que sejamos honestos, saudáveis e menos manipuladores.
Ajuda-nos a desenvolver a autoconfiança e a capacidade de resolver problemas e de enfrentar novos desafios.
Favorece o sucesso interpessoal, seja nas relações de amizade, de casal, familiares ou profissionais;
Evita conflitos, mal-entendidos e discrepâncias, pelo que auxilia-nos na construção de relações mais saudáveis e positivas;
Para melhorar a sua capacidade de comunicação e desfrutar de contactos mais gratificantes e satisfatórios, registe o modelo de Marshall Rosenberg:
1. Baseie-se em factos objetivos
Evite fazer ataques pessoais às pessoas com quem convive. Em vez de criticar o que a pessoa é, opte por dizer-lhe: “aconteceu isto, como é que poderemos melhorar?” ou “A nossa casa anda muito desarrumada, deveríamos organizar-nos de forma a melhorar o nosso ambiente”, ou “este relatório não está bem, mas podemos corrigi-lo em conjunto”. Utilize um estilo de diálogo neutro com as pessoas de forma a não permitir que o outro se sinta ofendido ou que tenha de reagir de forma defensiva, o que evitará muitas discussões inúteis e uma convivência tóxica.
2. Coloque-se na primeira pessoa
Utilizar o “eu” permite que a pessoa se envolva na situação, que assuma as suas responsabilidades, ao mesmo tempo em que evita um ataque ao outro por algo que aconteceu. “Eu já fiz esse trabalho e também não me correu muito bem. Vamos tentar juntos e, provavelmente faremos melhor”. “Eu também passei por uma situação semelhante e resolvi-a com uma conversa amigável, por isso é o que também te recomendo”. “Eu gostaria imenso que este trabalho ficasse melhor, mas também já me enganei e tive de o reformular”.
Mostrar o que sente e de uma forma responsável é, segundo este autor, a melhor solução para resolver um problema ou para corrigir um erro sem julgar e sem apontar o dedo ao outro. Todos falhamos e, assumir essa condição abre caminho para uma relação saudável e com uma base afetiva, pois caso contrário, ambos irão reagir na defensiva.
Em vez de dizer à pessoa que ama que ela o ignora, que não lhe liga, opte por mostrar-se mais frágil e por dizer que se sente só e que precisa de estar mais tempo com ela, o que facilita o diálogo e o encontro de soluções em conjunto.
Ainda neste ponto, Rosenberg salienta na sua obra: The Surprising Purpose of Anger, que «a raiva é uma emoção saudável porque nos torna conscientes de que temos uma necessidade não resolvida. Se a expusermos adequadamente, faremos com que a outra pessoa tenha empatia por nós, pois mostramos a nossa vulnerabilidade».
3. Tente ser claro no que diz
Se cada pessoa souber exatamente o que pretende, o que lhe faz falta e aquilo que sente, torna-se muito mais fácil que o seu desejo seja atendido. Com um discurso objetivo, racional, maduro e responsável, é possível resolver um conflito, encontrar uma solução para um problema, ultrapassar um dilema e ser ajudado num qualquer contexto. Quando não somos claros e não expressamos exatamente o que se passa, torna-se complexa a tarefa de progredir e de ultrapassar o problema. A conversa assertiva de ambas as partes permite sempre chegar a algum lado. Lembre-se de que, a imposição nada tem a ver com a satisfação de uma necessidade, por isso, aprenda a pedir expressando aquilo de que precisa, mas dê uma margem de manobra ao outro com liberdade de ele querer fazer ou não.
4. Qualquer relação tem de ter uma base de benefício mútuo
Quando sentir que algo não está bem numa qualquer relação que estabeleça, tente conversar abertamente com a pessoa, respeitá-la, ouvi-la e expressar exatamente o que se passa. Comece sempre por falar de sentimentos, por dizer o quanto uma situação o está a afetar, mas não se esqueça de apresentar alternativas possíveis para serem negociadas e as suas propostas de solução para serem colocadas em linha de conta.
Lembre-se de que, os nossos direitos, opiniões e necessidades têm valor, mas os do outro também.
É mais provável que o interlocutor esteja disposto a colaborar se enfatizarmos o benefício que essa mudança pode trazer para ambas as partes e não apenas para nós.
Não permita que as crenças, “os ruídos” do que se disse ou que alguém disse, perturbem a comunicação. Se houver algum problema mal esclarecido, procure interpretá-lo de forma isenta e tenha em mente a importância de estar com a pessoa em causa para tentar averiguar o sucedido e encontrar uma solução. Não permita também que a crítica, o julgamento ou qualquer outra manifestação de falta de respeito domine uma relação, pois isso irá condená-la ao fracasso e não há assertividade que lhe valha.
Uma atitude firme e respeitosa, em que prevaleça um equilíbrio justo na relação, são essenciais para atingir o objetivo.