O Centro de Ciências do Mar e a Fundação Oceano Azul contestaram hoje as acusações dos pescadores de Quarteira, que organizaram um protesto contra o projeto de criação do Parque Marinho da Pedra do Valado.
Segundo um comunicado do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) e da Fundação Oceano Azul (FOA), a posição da Associação dos Pescadores Armadores de Quarteira (QUARPESCA) é “baseado em diversos argumentos” que “não correspondem à realidade dos factos”.
Os pescadores de Quarteira, realizam no sábado uma marcha de protesto no mar contra o atual projeto de criação do Parque Marinho da Pedra do Valado, acusando as autoridades de falta de diálogo.
“O processo que foi conduzido para a criação deste parque marinho não foi nem consensual, nem democrático. Temos sido ignorados. Somos muito prejudicados e queremos ser ouvidos”, disse na quinta-feira à agência Lusa o presidente da QUARPESCA, Hugo Martins.
Hoje, o CCMAR e a FOA contestam as acusações, salientando que esta é a área marinha protegida “com um conjunto de estudos prévios mais completo que se conhece em Portugal” e recusando o argumento dos pescadores de “falta de estudos prévios.
Sobre a alegada "falta de veia democrática", as duas instituições contrapõem que o processo participativo envolveu, ao longo de quase três anos 89 entidades, naquilo que consideram ser “um movimento pioneiro em Portugal”.
CCMAR e FOA também contestam os cálculos apresentados pela Quarpesca em como haveria uma perda de três milhões de euros anuais para os associados, considerando-os “substancialmente inflacionados, porque se baseiam numa premissa incorreta”, a da eventualidade das embarcações de Quarteira deixarem de pescar em toda a área do Parque, cenário que “não está, nem nunca esteve, previsto”.
As duas entidades, num longo comunicado, contrariam, um a um, os argumentos dos pescadores de Quarteira para contestar a criação do parque marinho.
A marcha de protesto de sábado, que contará com 50 embarcações, às quais se podem associar outras, nomeadamente vindas dos portos de Olhão e Albufeira, decorrerá a partir das 10:00 e irá percorrer um trajeto junto à costa algarvia desde Quarteira até aos Olhos de Água (Albufeira).
O Parque Natural Marinho da Pedra do Valado é o maior recife rochoso costeiro de Portugal continental, que se estende na zona costeira entre o concelho de Lagoa e o de Albufeira, abrangendo uma área total de mais de 150 km2.
A proposta de classificação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve (PNMRA) foi aprovada no início de junho e a sua consulta pública terminou em 04 de agosto.
Segundo a CCMAR, o Recife da Pedra do Valado é o maior recife rochoso costeiro, a baixa profundidade, que existe em Portugal e que abrange a costa de Albufeira, Lagoa e Silves.
“Este é também um ecossistema ímpar, que beneficia de condições naturais singulares e que suporta uma biodiversidade marinha única na costa portuguesa”, indica o CCMAR.
Segundo o centro, estudos feitos desde há 20 anos identificaram o recife como uma das áreas “mais ricas e produtivas da região, com muitas espécies com interesse comercial e com interesse para a conservação, incluindo espécies novas para a ciência”.
Lusa