O secretário de estado da Saúde, Ricardo Mestre, reuniu hoje com o executivo da Câmara Municipal de Castro Marim e visitou a USF - Baesuris, unidade de referência no concelho, no âmbito da iniciativa "Saúde Aberta", do Ministério da Saúde, que arrancou em todos os concelhos do Algarve.
Segundo comunicado do Município, com o processo da transferência de competências na área da saúde, e embora a autarquia intervenha em muitas matérias, nomeadamente na área dos cuidados de saúde primários, o presidente da câmara municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, manifestou preocupação em relação às obras de reabilitação da USF de Castro Marim. "Se esta transferência representa um acompanhamento mais próximo à população, representa também um compromisso financeiro muito mais elevado do que aquele que é passível de ser enquadrado na candidatura apresentada ao Plano de Recuperação e Resiliência", lê-se no documento.
Também médico de formação e ainda em regime de voluntariado no Hospital de Faro, Francisco Amaral aproveitou para sublinhar as debilidades conhecidas, do SNS no Algarve que tem «consultas externas com anos de lista de espera e com a marcação de exames auxiliares de diagnóstico a demorar vários meses», em que «não há dermatologista há dois anos» e em que se «enviam cheques cirurgia para hospitais, todos eles acima do Porto». «Pouco razoável», na opinião do autarca, sobretudo tratando-se da população do interior, com muitas dificuldades de mobilidade. Sobre o território de Castro Marim, admitiu que, «embora estejamos razoavelmente em termos de cuidados de saúde primários», sublinhou o facto de a extensão de saúde do Azinhal não tenha um médico há dois anos. Aproveitou ainda para reiterar o recente diferendo com a ARS Algarve, em relação à demissão do “competentíssimo” delegado de saúde de Castro Marim durante a pandemia, «um ator-chave na minimização dos efeitos da pandemia no território, antecipando-se muitas vezes sobre a atuação nacional».
Um alerta para a o atual modelo de financiamento do INEM foi ainda deixado pela vice-presidente do município, Filomena Sintra, referindo que acaba por lesar territórios como Castro Marim, onde as ocorrências não suportam os custos da estrutura mínima. «A majoração devia ser em função do custo de existência no território e não em função do número de serviços», declarou. O reforço ao financiamento das Unidades de Cuidados Continuados, foi outro dos apelos que deixou.
Pelo seu lado, o secretário de Estado da Saúde sublinhou que o objetivo é «conseguir que o SNS chegue a toda a gente», apontando a transferência de competências como caminho para potenciar sinergias que já acontecem com as autarquias. No caso de Castro Marim, como referenciou o presidente Francisco Amaral, «são promovidas muitas medidas para colmatar algumas insuficiências do estado, como a disponibilização de transporte para consultas, exames auxiliares de diagnóstico e visita a familiares, a Unidade Móvel de Saúde e os programas municipais de combate ao tabagismo e à obesidade».