No passado dia 30 de outubro, o Município de Lagoa apresentou, na Quinta ARVAD Wine (Estômbar), dois projetos de salvaguarda do património cultural de Lagoa: a "Conservação e Restauro do Património Móvel e Integrado da Igreja da Misericórdia de Estômbar" e o "Estudo de Caracterização Patrimonial e Arqueológica do Ilhéu do Rosário".
Segundo adianta nota da autarquia, trata-se de "dois importantes projetos" de proteção e valorização do património histórico do concelho, bem como para a preservação da herança cultural no plano local.
O objetivo principal, no estudo de caracterização patrimonial e arqueológica do ilhéu do Rosário, «é promover um trabalho sobre a realidade arqueológica da parte emersa do local, procedendo à sua contextualização historiográfica e arqueológica, identificando todas as materialidades existentes, incluindo a informação produzida, e desenvolvendo novas ações de registo e investigação», define o documento divulgado. O estudo organiza-se em três etapas: o reconhecimento do sítio arqueológico e a elaboração de um plano de trabalhos; a caracterização das evidências patrimoniais; e o levantamento arqueológico terrestre, recorrendo a métodos pouco ou não intrusivos, como a prospeção arqueológica e a deteção remota.
Quanto à sua historiografia, foi possível confirmar, através dos trabalhos já realizados, que recorreram, sobretudo, a metodologias de deteção precisa e não invasiva, de deteção remota, como a tecnologia LiDAR, "o enorme potencial do meio aquático na zona envolvente ao ilhéu".
Quanto ao projeto de conservação e restauro do património móvel e integrado da Igreja da Misericórdia de Estômbar", «é um dos monumentos mais antigos do concelho de Lagoa e uma das misericórdias mais antigas do país, com origem no séc. XVI, tendo o seu hospital sido mandado edificar pelo escudeiro Diogo Pincho, conforme data "1531" », o grande objetivo passa por preservar, o seu arco triunfal e capela-mor, que oferecem pinturas do séc. XVIII (1767), com o retábulo do altar em talha dourada, o crucifixo de madeira com o "resplendor da glória", duas imagens de roca representando Nossa Senhora da Soledade e São João Evangelista, possivelmente originárias da segunda metade do séc. XVII, uma escultura do senhor morto sob o altar, 14 bandeiras da Irmandade, nove varas de mando, entre outras imagens religiosas e objetos litúrgicos e o expurgo/fumigação da igreja e sacristia. Os trabalhos tiveram início em outubro, realça a mesma nota.
A sessão contou com a presença de vários técnicos especializados na área da arqueologia náutica e subaquática, bem como da conservação e restauro, como Francisco Correia e Rita Dias (Era Arqueologia, S.A.), Cristóvão Fonseca, investigador com valências em arqueologia náutica e subaquática, Daniela Morgadinho, Milene Santos, Ana Rita Monteiro e Ana Carvalho, conservadoras-restauradoras e com o diretor Frederico Tátá Regala, da Unidade de Cultura da CCDR Algarve, e Pedro Gago, conservador-restaurador afeto à CCDR Algarve.
"Cabe ao Município de Lagoa, no âmbito das suas atribuições e competências, assegurar a preservação e recuperação do património cultural, e é isso que iremos fazer, mais uma vez. Temos muito orgulho do nosso passado, da nossa cultura e património e queremos perpetuá-lo no tempo, dando-o a conhecer às gerações mais novas", afirmou Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa.