O conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve adiantou que o bloco de partos de Portimão, previsto encerrar ao fim de semana de 15 em 15 dias, pode abrir sempre que sejam assegurados recursos humanos externos.
O comunicado do conselho de administração surge após as notícias divulgadas esta sexta-feira sobre a renúncia ao cargo solicitada pelo diretor clínico, Horácio Guerreiro, ao ministro da Saúde no final de junho.
O conselho de administração (CA) do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) destacou que Horácio Guerreiro refere como razão para a renúncia “a não concordância com o plano de verão e resposta definida ao nível do funcionamento dos blocos de partos da região, nos hospitais de Faro e Portimão”, acrescentando que “o referido plano foi elaborado, discutido e acordado em reunião presencial conjunta dos membros deste CA – Diretor Clínico incluído - com a direção executiva do SNS”.
Face à escassez de recursos humanos, no referido plano ficou estipulado que o bloco de partos de Portimão encerraria ao fim de semana de 15 em 15 dias durante os meses de verão, de acordo com o plano ‘Nascer em segurança no SNS’, anteriormente publicado, lembrou o conselho de administração no comunicado.
“Não obstante o principio referido atrás, sempre que fossem conseguidos recursos humanos externos (pediatras neonatologistas) para assegurar este serviço, o serviço do bloco de partos de Portimão poderia abrir em alguns destes fins de semana”, acrescentou o CA.
No esclarecimento, o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) frisou que “também o bloco de partos de Faro tem dificuldades ao nível de recursos humanos e da elaboração de escalas de serviço, em especifico, e neste caso, contrariamente a Portimão, de Ginecologistas/Obstetras, pelo que o encerramento de um serviço não aproveita ou resolve o problema do outro”.
O conselho de administração acrescentou que continua “empenhado em manter o esforço contínuo para a minimização deste problema”, através do recrutamento de “recursos humanos fora da região que possam vir ajudar na garantia da prestação dos serviços e cuidados de saúde que a região necessita e merece”.
Em entrevista à TSF, Horácio Guerreiro referiu esta sexta-feira não ter condições para continuar depois de ter recebido uma ordem de Fernando Araújo [diretor-executivo do SNS] que contraria decisões que tomou no serviço de maternidade e que pode colocar em causa a assistência às grávidas.
"Eu não poderia responsabilizar-me por uma solução que não era minha, até porque há responsabilidade digamos deontológica e há responsabilidade até penal, porque o diretor clínico é o responsável pela atividade clínica no hospital", assinala em declarações à TSF.
Horácio Guerreiro pretendia "preservar recursos, quer na área da Pediatria, quer eventualmente na área da Obstetrícia, para assegurar a maternidade de Faro e a urgência pediátrica em Faro, aos fins de semana”.
“Aos fins de semana não posso ter apenas um pediatra para unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, não é suficientemente seguro em termos das necessidades assistenciais", sublinhou à TSF.
De acordo com o clínico, por parte da direção executiva do SNS o entendimento foi diferente: “Foi entendido, digamos, de outra forma, que era possível manter o bloco de partos em funcionamento, sempre, em Portimão. Obviamente entendo que isso será correto, o manter em funcionamento, mas não temos recursos para tudo".
Lusa