O Bloco de Esquerda do Algarve reuniu recentemente os seus ativistas na área da intervenção laboral e sindical na região.
Dessa reunião, o BE diz numa nota publicada, que ficou assente que os salários "continuam muito baixos" em que "grande percentagem corresponde ao salário mínimo nacional ou pouco acima", ao ponto "do salário médio na região ser o mais baixo de todo o País". O partido regista ainda, que o risco de pobreza na região é também o mais elevado no continente (22,6% para os residentes em 2023). O Bloco de Esquerda reivindica um aumento do salário mínimo nacional para 900 euros, ainda em 2024.
Sobre a precariedade laboral, "o sinal é crescente, sendo a maioria dos trabalhadores no Algarve (mais de 52%) contratados a termo ou com outras formas mais gravosas de precariedade". Os sindicalistas do Bloco acusam o Estado de ser "o maior empregador de precariedade, dando o mau exemplo aos privados". Referem que muitas Câmaras que subcontratam serviços, em outsourcing, fazem-no sobretudo a empresas de "vão de escada" que apresentam valores mais baixos, mas à custa de piores condições para os trabalhadores que contratam.
Segundo o BE, alguns setores laborais, sobretudo médios e superiores, "adaptam-se às novas condições de trabalho, procurando a redução de horários, mais dias de férias, o teletrabalho. Mesmo setores com menor salário, mais jovens, refugiam-se no cada um por si, e na ilusão da meritocracia, alinhando nos prémios, nas gorjetas e outros expedientes, para receberem um pouco, ou muito mais. Esquecem o futuro (reformas baixas), com a desculpa de que nem sabem se a virão a ter…"
O Bloco considera "inaceitável a gritante e absurda realidade da crescente desigualdade, reconhecida por todos, entre os donos das grandes empresas, nacionais e internacionais, e o rendimento dos trabalhadores e da população, mas que os governos, começando pelo nosso, ainda favorecem".
O partido reivindica um aumento dos meios humanos e outros da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) na região, permitindo "uma atuação mais eficaz e rápida que atualmente é muito inoperante". Reivindica ainda a manutenção da "declaração de interesse" e o rápido aumento de funcionários e outros meios para a AIMA, a fim de poder regularizar todos os trabalhadores imigrantes.
"No Algarve o trabalho executado por imigrantes tem aumentado muito, sobretudo na hotelaria e restauração, agricultura, construção civil, apoio doméstico e social, etc. Na grande maioria é trabalho precário. O grande patronato quer tê-los nessa situação, para melhor os explorar e forçar os baixos salários. Por isso apoia as medidas do governo nesse sentido", lê-se na nota.
A reunião abordou ainda a "grande insuficiência dos transportes públicos e dos seus horários que servem muito mal as deslocações dos trabalhadores para as empresas e serviços e o seu regresso", onde foram dados exemplos "entre Faro e Olhão e entre Vila Real de Stº António e Tavira. O que também ocorre no Barlavento, seja no transporte ferroviário, seja nos autocarros", adianta o documento.
Nesse sentido, o Bloco reivindica a melhoria e aumento desses horários apelando às autarquias, que tomem medidas. Reivindica ainda a redução dos preços dos transportes públicos no Algarve, "tendendo para serem gratuitos, para serem mais utilizados e com vista a diminuir a poluição automóvel", conclui.