O social-democrata Macário Correia, que encabeçou a lista vencedora à Assembleia Municipal (AM) de Tavira, disse hoje à Lusa que não tomará posse como deputado municipal "por não ter garantida a eleição" para a presidência daquele órgão autárquico.
“Ganhei as eleições autárquicas, mas não ganhei nada, porque o presidente da Assembleia Municipal não é eleito pela população, mas sim pelos seus membros e também pelos presidentes das juntas de freguesia, que têm assento na Assembleia por inerência”, argumentou.
Segundo o antigo presidente das câmaras de Tavira (1997 a 2009) e de Faro (2009 a 2013), como o PSD perdeu duas das juntas de freguesia que detinha naquele concelho, “não se conseguem reunir os deputados necessários” para a sua eleição, embora a sua lista tenha sido a mais votada.
“A população maioritariamente quer-me a mim, mas a lei é de tal forma curiosa que não me permite ser presidente porque não tenho os votos de outros colégios eleitorais que são as juntas de freguesia”, lamentou.
A lista do PSD à Assembleia Municipal de Tavira liderada por Macário Correia foi a mais votada nas eleições de domingo, totalizando 42,74% dos votos, contra 42,08% do PS – numa diferença de apenas 80 votos -, com as duas forças políticas a garantirem 10 mandatos diretos, e o Chega um.
Contudo, os socialistas vão ter uma representação maioritária de 15 votos na Assembleia Municipal de Tavira, após terem vencido as eleições em cinco das seis freguesias (Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, Conceição e Cabanas, Santa Luzia e Luz de Tavira e Santo Estêvão), tendo o PSD vencido na freguesia de Cachopo.
Para Macário Correia, face à realidade política, “não há condições nenhumas” para ocupar o lugar de deputado municipal: “Não estou para recomeçar uma carreira política como simples deputado municipal, porque não é essa a minha ambição”.
O social-democrata disse que o seu regresso à vida política, dez anos depois de ter perdido o mandato autárquico na Câmara de Faro, por decisão judicial, “tinha como objetivo ajudar o partido e apoiar os mais novos”.
Em 2012, Macário Correia, então presidente da Câmara de Faro, foi condenado judicialmente à perda de mandato devido a alegadas irregularidades detetadas no licenciamento de três moradias e duas piscinas em zonas rurais, durante a sua presidência na Câmara de Tavira.
Em 2013 e depois de vários recursos, o antigo secretário de Estado do Ambiente de Cavaco Silva acabou por suspender as funções na presidência da Câmara da capital algarvia, e acabou condenado em 2016 a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa por igual período, por quatro crimes de prevaricação de titular de cargo político pelos licenciamentos irregulares.
Neste seu regresso à vida política, Macário Correia disse à Lusa que “já agradeceu a confiança que recebeu da maioria da população” de Tavira para ser o presidente da Assembleia Municipal nestas eleições.
“Estava disponível para ser presidente da Assembleia [Municipal], mas não vou ser, embora tenha ganhado as eleições, e deixo o lugar para os mais novos”, notou.
O PS venceu com maioria absoluta (43,71%) as eleições autárquicas para a Câmara de Tavira com uma lista encabeçada por Ana Paula Martins, ex-presidente da autarquia, que agora, pela primeira vez, se apresentou a votos como cabeça de lista do PS.
O anterior presidente, Jorge Botelho, deixou o cargo em 2019 para integrar as listas do PS às eleições legislativas, tendo sido eleito deputado e, posteriormente, nomeado Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, cargo que desempenha atualmente.
Ana Paula Martins venceu a presidência da autarquia por uma diferença de 123 votos para o candidato do PSD, Dinis Faísca - que obteve uma votação de 42,69% -, alcançando quatro dos sete mandatos em disputa.
Lusa