Este ano a Confederação de Turismo de Portugal (CTP) decidiu eleger Albufeira para levar a cabo a conferência “Turismo como fator de Coesão Nacional”, que decorreu no Palácio de Congressos do Algarve, nos Salgados, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Turismo, a 27 de setembro, evento que contou com a participação de hoteleiros, agentes de viagem, empresários da restauração, associações ligadas ao setor, especialistas na área do turismo, autarcas e governantes.
Durante a sua intervenção na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, destacou o turismo como a principal atividade económica do país e da região, a recuperação do número de visitantes e de receitas, já neste primeiro semestre de 2023, mas alertou para a incerteza no futuro, devido à conjuntura internacional. Entre os vários desafios, sublinhou a falta de mão-de-obra e o alojamento para os trabalhadores do setor, as alterações climáticas, a digitalização, os custos de contexto e o financiamento da atividade. Refira-se que até 2025, o Algarve vai receber 30 milhões de euros, no âmbito da Linha + Algarve, destinada a apoiar a requalificação de empreendimentos da região.
“O turismo representa 15,8% do PIB e é uma atividade transversal a todo o território nacional. Movimenta e influencia vários setores da economia, do primário ao terciário, dependendo, igualmente, de todos eles”, disse.
O autarca destacou que os números de 2023 estão ao nível de 2022 e 2019, mas que apesar deste cenário encorajador “é preciso ter cautela devido a todas as incertezas em relação ao futuro”. Um dos temas que referiu como obrigatório refletir e agir com urgência, reunindo Governo, empresários e autarquias, tem a ver com a escassez de mão-de-obra qualificada e o alojamento para os trabalhadores do setor. O responsável máximo pelo Município de Albufeira não quis deixar de realçar “a importância do Alojamento Local, atividade que contribuiu fortemente para a requalificação do turismo, acabando com a maior parte das camas paralelas, pelo aumento de impostos para o Estado, pela dinâmica que deu à economia local e pela requalificação urbana que contribuiu para o melhoramento de muitas cidades”. No seu discurso também falou do problema das alterações climáticas e da descarbonização, da transição digital ao serviço da atividade turística, quer ao nível da promoção quer da operação. “A transição energética, não podemos esquecer, é fundamental para a sustentabilidade do setor”. A terminar questionou o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda com a seguinte questão “considerando a importância da atividade para a economia do país será que não merecíamos ter um Ministério do Turismo”.
No âmbito da sua intervenção, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, aproveitou para anunciar o financiamento de 100 milhões de euros destinados a empresas do setor, dos quais 30 milhões correspondem ao reforço, até 2025, da Linha + Algarve, dirigida a continuar a apoiar a requalificação de empreendimentos da região.
António Costa Silva, afirmou que “temos que fixar em Portugal o maior centro de excelência do Turismo para o futuro e temos que ter o selo da sustentabilidade no topo das nossas prioridades”. O ministro destacou como grande desafio para o setor, “definir o modelo para o futuro do turismo para atrair cada vez mais pessoas”.
Ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, coube fazer o encerramento dos trabalhos, tendo referido que o turismo tem sido não só um fator de sustentabilidade, mas também de coesão territorial. O presidente aproveitou para elogiar o Governo pela atribuição de 30 milhões de euros para o turismo do Algarve “é um estímulo para que a região não adormeça”, sublinhou.
Disse ter a certeza que “os empresários e os responsáveis ligados ao turismo estão atentos à qualificação no turismo e à política de preços”, sendo que nesta última área devem ponderar muito bem. “Há que fazer um ajustamento a nível nacional com efeitos na Coesão Territorial”. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “apesar do contexto internacional difícil, temos capacidade para darmos continuidade ao sucesso do turismo em Portugal”.