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Até que ponto os pais determinam aquilo que somos?

Um indivíduo é influenciado pelo ambiente parental, pelas experiências  que viveu.
Um indivíduo é influenciado pelo ambiente parental, pelas experiências que viveu.  
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É um facto que a genética assume relevância no processo de desenvolvimento da personalidade, tal como o ambiente em que somos criados atua diretamente no nosso comportamento.

Segundo a ciência, desde que nascemos, somos produto daquilo que vivenciamos, o que dá lugar à forma como enfrentamos o mundo, as pessoas e as situações, no entanto, tomando consciência daquilo que nos é prejudicial, podemos sempre alterar a nossa postura perante aquilo que já experimentamos e arriscar algo novo, o que contribui para a nossa felicidade e saúde mental.
 
Entre os fatores que influenciam a nossa personalidade e que se refletem no nosso comportamento, os cientistas listaram os seguintes:
 
1. A cultura e os valores sociais
 
Desde a infância que cada indivíduo contacta com os costumes, os valores, as normas e as regras sociais, o que determina muitos dos seus comportamentos, pelo que, a cultura assume um papel de extrema relevância na formação da nossa personalidade.
 
2. Pressão e influência social
 
Solomon Asch, mostrou que as pessoas são propensas a mudar as suas respostas para se ajustarem às opiniões dos outros, mesmo que saibam que, em alguns casos, possam estar erradas e que não concordem com elas, mas a necessidade de evitar conflitos e de ser aceite socialmente faz com que se reaja em função do grupo de pertença.
 
3. O ambiente físico
 
Está provado que, o ambiente físico também determina muito do que somos. Aqui podem incluir-se o clima ou as horas de sol que assumem uma influência direta, por exemplo nos padrões de sono. Para os cientistas, as horas de exposição à luz contribuem para determinar a capacidade de aprendizagem e o humor, por exemplo.
 
4. Experiências iniciais
 
Segundo os entendidos, as experiências que ocorrem nos primeiros anos de vida, quando as crianças são verdadeiras “esponjas” de conhecimento e estão expostas a mais ou menos estímulos, também assumem uma relação direta na formação da personalidade e nos comportamentos que a pessoa vai ter na idade adulta.  Neste contexto, pode afirmar-se que, um indivíduo é influenciado pelo ambiente parental, pelas experiências  que viveu e, segundo Bowlby, o principal registo dos mais novos em relação aos pais centra-se no tipo de apego (seguro, inseguro, evitativo ou desorganizado) que vai determinar a forma como vai relacionar-se com os outros no futuro.
 
5. Situação económica
 
O nível socioeconómico onde se está inserido no momento do nascimento também tem um impacto direto no comportamento, pelo que, por exemplo, as crianças criadas em países menos industrializados estão expostas a mais riscos para a sua saúde, recebem menos estímulos, têm menos oportunidades e daí por diante. Estes fatores condicionam o acesso a certos recursos e impactam diretamente no comportamento e na formação da personalidade, dando lugar a alterações no nível de afeto e na impulsividade, por exemplo.
 
Como já se percebeu, somos influenciados por tudo aquilo que nos rodeia e, efetivamente, os pais assumem  um papel de extrema relevância no que se refere à formação da personalidade e ao nosso comportamento, no entanto, é fundamental que cada um de nós saiba fazer a sua avaliação daquilo que lhe é mais ou menos prejudicial e que procure um caminho alternativo onde se possa sentir melhor, mais livre e feliz.
 
Uma pessoa que é criada num ambiente tóxico, onde os pais são agressores, controladores, manipuladores e que não permitem que os filhos sejam iguais a si mesmos, também porque não os respeitam, deve procurar um novo ambiente onde possa libertar-se e cuidar mais de si e da sua saúde mental, alertam os entendidos.
 
Ao mesmo tempo, não são raras as mudanças de local, seja de região ou de país, na tentativa de encontrar melhores condições de vida. Há igualmente quem se sinta melhor noutra cultura e que desenvolva outros hábitos, apesar de ter recebido a sua influência no ato do nascimento.
 
Quer isto dizer que, com consciência, com uma reflexão profunda e autoconhecimento, qualquer um de nós pode alterar aquilo que lhe foi instituído na infância e que, em muitos casos, foi o possível.