A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) manifestou-se hoje preocupada pelo atraso na abertura do centro de procriação medicamente assistida no Algarve, considerando “inadmissível” que os utentes tenham de percorrer centenas de quilómetros para terem acesso a tratamentos básicos.
“[…] Mais de um mês após a data prevista para a sua abertura, não há qualquer indicação de pedido para funcionamento junto do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida ou de alterações a nível de infraestrutura e recursos humanos para que se torne uma realidade”, apontou a APFertilidade em comunicado.
De acordo com a presidente da associação Cláudia Vieira, citada no documento, a inauguração do centro no distrito de Faro estava planeada para janeiro, “mas não aconteceu”, não existindo qualquer declaração do Ministério da Saúde para justificar o atraso na abertura do centro do sul”.
Para a responsável, é “inadmissível que existam beneficiários do Serviço Nacional de Saúde obrigados a percorrer centenas de quilómetros para terem acesso a cuidados e tratamentos que constituem direitos básicos de qualquer contribuinte”.
“As mulheres e casais que se agarraram à esperança de deixarem de se deslocar várias centenas de quilómetros para serem ajudados sentem-se desiludidos com o que consideram ter sido uma falsa expectativa, como muitos confessaram à APFertilidade por telefone ou email”, refere Cláudia Vieira.
A associação lembra que foi o então secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, quem no ano passado anunciou a inauguração em janeiro de 2023 do centro de procriação medicamente assistida do Algarve no Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
Para a APFertilidade, existe “falta de vontade dos sucessivos Governos e a inexistência de um orçamento realista para esta área da saúde”.
“As pessoas que enfrentam este problema têm o direito a receber o apoio para o qual contribuem com os seus impostos. Esta negligência existe há demasiado tempo e estes beneficiários merecem o devido respeito”, lê-se na nota.
A APFertilidade adianta que as suas preocupações foram já manifestadas aos grupos parlamentares do PS, PCP, Livre e Chega, os quais informaram que “iriam questionar a tutela para saber se existem prazos para que o centro [do sul] se torne uma realidade”.
Lusa