Ambiente

Associação ambiental quer "travar" instalação de central fotovoltaica no interior de Tavira

Em fevereiro de 2021, os residentes de Cerro do Leiria, no Concelho de Tavira, descobriram planos para a construção de uma central solar de 180 hectares em terras do Barrocal. A PROBAAL – Pró Barrocal Algarvio – associação para a proteção do Ambiente – com sede na região do sotavento algarvio, esclarece em comunicado, que o projeto denominado Central Fotovoltaica de Estoi, da Iberdrola S.A., propõe ocupar uma área de cerca de 154 hectares, com 175.800 painéis fotovoltaicos.

PUB
A localização dos painéis seria junto a Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, situados de ambos os lados da EN398, abrangendo várias zonas entre o Cerro do Leiria, Barrocaia, Pereiro e Peral.
 
As linhas elétricas de 150 kV teriam um comprimento estimado de cerca de 6,5 km, distribuídas por 21 apoios e levariam energia até à subestação de Estoi.
 
Para "travar" o projeto, a PROBAAL lançou uma petição, com o argumento de que a central fotovoltaica ficará em terrenos classificados como Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN), afetando "de forma irreversível a fauna, flora e o aquífero Peral-Moncarapacho".
 
 
Segundo a associação, está em causa o sistema natural de captação e infiltração das águas pluviais que fornece água a milhares de pessoas e empresas da comunidade local. Devido ao facto de o Algarve ser a região portuguesa com menor precipitação, "remover centenas de árvores maduras da área de captação de água é contraproducente e irresponsável", defende no comunicado.
 
A PROBAAL pede às agências responsáveis pela concessão de licenças para centrais solares, que não aprovem a "destruição" daquela reserva ecológica acelerando o processo de desertificação. Do mesmo modo, acrescenta que "a remoção da vegetação e a limpeza das rochas poderia aumentar o risco de inundações a jusante e perder água doce valiosa para o mar, em vez de recarregar o aquífero", caso contrário, alerta: "a quantidade de água disponível para furos, utilizada para consumo doméstico e atividade agrícola, corre o risco de ficar igualmente comprometida".
 
 
A associação defende que o projeto deve incluir um processo adequado de consulta pública sobre o local apropriado para a implementação de um investimento fotovoltaico desta envergadura, e também dois estudos, um de impacto ambiental, nas quatro estações do ano e correspondente ao ciclo de vida, incluindo um levantamento hidrológico de impactos hidricos, outro que avalie potenciais vestígios arqueológicos de origem romana e islâmica, bem como as formações paleo-ambientais endocársicas (fósseis), depósitos sedimentares relevantes e formações litoquímicas de interesse, e finalmente, que a instalação de qualquer central fotovoltaica seja efetuada em terrenos desnaturados, evitando maior destruição de áreas já classificadas e protegidas.