Alexandre Pereira, deputado Municipal em Olhão, apresentou na última sessão da Assembleia Municipal uma moção "com o objetivo de unir esforços da comunidade para preservar a água, recurso essencial para a vida, saúde pública, agricultura, indústria e para o ambiente - a existência de água é vital para os ecossistemas e o bem-estar de toda a população".
A moção foi aprovada com a maioria dos votos dos deputados e presidentes de junta de freguesia presentes, com os votos contra dos membros do PSD.
"Considerando que a atual situação no Algarve continua crítica, se se mantiver o uso de água aos níveis do passado, e em certa medida também aos níveis atuais, sem a aplicação de medidas e ações extraordinárias que promovam uma maior eficiência, poupança e racionalização das reservas de água (superficiais e subterrâneas) existentes e disponíveis na região, essas reservas reduzir-se-ão a ponto de haver uma rutura efetiva nos sistemas de abastecimento público para consumo humano e para o sector agrícola e do turismo", alerta Alexandre Pereira em comunicado.
Recordando a Resolução do Conselho de Ministros nº 26-A/2024, de 20 de fevereiro, do anterior governo, onde, entre outras medidas, foi definida a necessidade de uma redução do consumo de água de 25% na agricultura, 15% no consumo doméstico e 15 % no turismo, o deputado lamenta que o atual governo tenha aliviado as restrições ao consumo de água no Algarve em todos os setores, alterando os valores anteriores para 13% para a agricultura, 10% para o consumo humano e 13% para o turismo.
"A realidade é que, neste momento, as barragens de Odelouca, Odeleite e Beliche já se encontram com valores de volume útil inferiores a 30%, o que significa que chegaremos aos meses de setembro e outubro com valores de volume útil a rondar os 20% a 15%, uma situação extremamente grave", (Fonte: Águas do Algarve).
O deputado alerta ainda para o facto de existirem no Algarve "milhares" de pontos de água subterrânea (furos e poços), "a maioria sem monitorização sobre a quantidade de água extraída, sendo que muitos deles podem ser mesmo ilegais". Uma realidade que faz com que atualmente a maioria dos aquíferos do Algarve "esteja numa situação muito crítica, com tendência para se agravar, conforme anunciou recentemente a APA", acrescenta.
Alexandre Pereira reforça que, estudos científicos e as projeções climáticas, indicam que cada vez irá haver menos precipitação no Algarve e, consequentemente, menor disponibilidade hídrica, superficial e subterrânea, e que estes recursos se encontram em constante pressão devido à sua exploração para consumo agrícola, doméstico e industrial. "Com a agravante da pressão sobre os aquíferos poder vir a resultar em intrusão de água salina, um problema grave principalmente para a agricultura".
Face à realidade, o deputado vê como "urgente", a necessidade de reduzir o consumo excessivo e desperdício de água nas atividades diárias para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos.
Para Alexandre Pereira, "esta tem de ser uma das grandes prioridades do Algarve, 365 dias por ano e não apenas quando se sente a falta de água. Sabendo que não podemos parar o consumo de água, o foco deverá estar sempre na poupança e redução de consumos", completa.