O que pensamos e, sobretudo, o que sentimos, afeta-nos mais do que pensamos, mas os danos são de tal ordem que, o nosso sistema imunitário enfraquece perante a exposição à angústia persistente, por exemplo, o que leva à doença.
Naturalmente que as emoções fazem parte de nós e não podemos nem descartá-las nem fazer de conta que não existem, mas temos ao nosso dispor um conjunto de ferramentas que podem ajudar-nos a gerir melhor os pensamentos para que vivamos melhor também os embates da vida, as situações stressantes e tudo o que nos causa dor e sofrimento.
Segundo a ciência, as emoções desempenham um papel significativo na regulação dos sistemas do corpo que influenciam a saúde pelo que, as pessoas melhor humoradas e mais positivas são mais resistentes à doença.
Um trabalho de investigação realizado em 2018, afirma que experimentar emoções de valência negativa afeta o funcionamento do sistema imunitário. O estudo realizado na Pennsylvania State University, explica que alguns estados, como a ansiedade persistente, provocam uma resposta inflamatória geral.
Jennifer Graham-Engeland, diretora deste trabalho, explica que esse processo inflamatório ocorre como parte da resposta imunitária do corpo semelhante à de uma infeção.
Em caso de desconforto emocional, «o cérebro deteta uma ameaça e, para poder defender-se, ativa esse mecanismo inflamatório», esclarece.
A completar esta evidência, uma outra equipa de cientistas descobriu alterações nas análises ao sangue de pessoas tristes, angustiadas e stressadas e concluiu que,perante um arrastamento de estados de humor negativo, o corpo acaba por sofrer um conjunto de reações inflamatórias como resposta do cérebro às ameaças. Perante esta realidade, vale mesmo pensar se é assim tão importante prolongar a angústia, a tristeza, os estados de stress e sentir tantos prejuízos na nossa qualidade de vida diária, até porque, se não tentarmos ultrapassar os problemas que nos perturbam, ficaremos com o nosso sistema imunitário enfraquecido e logo, mais vulneráveis a doenças.
Os especialistas resumem as emoções que comprometem o nosso sistema imunitário:
• A tristeza persistente é um exemplo.
• Também a angústia, o sentimento de ameaça e medo e a ideia obsessiva de que tudo vai correr mal.
• O stress que nos acompanha por semanas.
• Raiva, irritabilidade e frustração são estados que, mantidos ao longo do tempo, enfraquecem a resposta imunitária do nosso organismo.
Falar e desabafar emoções é o primeiro passo para reduzir o impacto do que o preocupa.
Existem emoções que enfraquecem o sistema imunitário, mas essa ação pode ser revertida através de uma melhor regulação emocional, com apoio psicológico, relaxamento, mudanças no estilo de vida, prática diária de exercício físico e o desenvolvimento de habilidades que naturalmente permitam pensar antes de reagir, analisar e ponderar para que possa evitar tensões acumuladas, elevados níveis de stress e de ansiedade.
Desenvolver a capacidade de enfrentar os problemas para que os possa resolver ou pelo menos minimiza-los é um ponto fulcral para evitar as sobrecargas, os medos exagerados e a fuga constante que só irá agravar a situação. Conversar no final do dia sobre o que lhe aconteceu também é um excelente hábito a desenvolver, tal como reservar um tempo diário para estar simplesmente consigo mesmo. Organizar os dias, planear os objetivos também são ferramentas importantes a par de desligar-se o mais possível daquilo que o distrai e sobrecarrega o cérebro, como os ecrãs. Procurar outras fontes de distração no tempo livre, estar com quem ama descontraidamente, também o ajudará a desenvolver mais emoções positivas e a saber lidar com as negativas.
Não devemos mascarar o que sentimos, temos é de desabafar, libertar-nos do que nos inquieta para que essa dor não fique arquivada dentro de nós e a fazer-nos sofrer dia após dia. Os problemas têm de ter um desfecho, não os podemos alimentar infinitamente, alertam os psicólogos.
Em resume, temos de aprender a lidar com a dor da vida para que a mesma não nos enfraqueça.