Dicas

Aproveite o novo ano para “virar a página”

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Segundo os investigadores, para sermos felizes precisamos de desenvolver algumas habilidades dentro de nós e, porque não aproveitar o início de um novo ano para fazê-las?

Shawn Achor, investigador, psicólogo e defensor da psicologia positiva, resumiu a teoria da felicidade de Harvard com o intuito de tentar compreender a razão pela qual, 4 em cada 5 alunos desta universidade reconhecida mundialmente sofre de depressão pelo menos uma vez durante o ano letivo, enquanto que muitos outros apresentam níveis elevados de infelicidade que lhes limitam o desenvolvimento de algumas atividades.
 
Segundo este autor de vários trabalhos sobre a felicidade, a forma como encaramos a vida e as situações está invertida porque partimos de fora para dentro.
 
Somos levados a acreditar que, primeiro empenhamo-nos e depois obtemos o sucesso e com ele a felicidade, mas a “fórmula mágica” está errada, sublinha.
 
Em primeiro lugar, não temos de alcançar um determinado nível de sucesso para que sejamos felizes e ainda menos temos de destacar-nos socialmente, ser poderosos, ricos ou portadores de uma inteligência acima da média para que conquistemos esse estado de bem-estar. Qualquer pessoa tem o direito de ser feliz, basta que, para isso, acredite em si mesma, que desenvolva aquilo que é necessário para que se possa libertar do que a acorrenta de ser feliz.
 
Assim, o primeiro passo para ser feliz é assumir que, a forma como interpretamos a realidade determina aquilo que conseguimos alcançar. Se acreditarmos que estamos no “caminho certo”, facilmente seguimos uma rota que nos conduz a um estado de bem-estar ainda maior, mas essa felicidade tem de ser o elemento motivador para chegar ao que se pretende e não ao contrário.
 
Quem defende que, obter o sucesso é uma garantia de felicidade, não está no caminho certo, mas sim que, a nossa felicidade leva-nos a muitas conquistas.
 
A psicologia positiva defende a importância de maximizar o potencial do nosso cérebro e encontrar um sentido em nós mesmos e na nossa própria vida, conquista que efetivamente nos conduz a um maior estado de felicidade.
 
Uma vida cheia de pressão, metas e com a noção de que só podemos ter direito a uma recompensa depois de passarmos por um longo esforço é precisamente aquilo que nos torna ansiosos, tristes, limitados e sem capacidade para desfrutarmos do melhor que somos e temos. Só quando percebemos que essa regra não traduz necessariamente bem-estar é que estamos preparados para encontrar a verdadeira felicidade, destaca o mesmo autor norte-americano.
 
A psicologia positiva é o estudo do que funciona, não só daquilo que não avançou e, ser feliz não é acreditar que não precisamos de mudar, mas sim, que essa mudança tem de ser duradoura: as pessoas podem ser mais felizes, mentes pessimistas podem ser treinadas para se tornarem otimistas e cérebros stressados e negativos podem ser treinados para vislumbrar mais possibilidades. Mas acima de tudo, a pessoa tem de querer, enfatiza o investigador.
 
De acordo com Shawn Achor, os sete princípios da felicidade resumem-se desta forma:
 
1. O benefício da felicidade: retreinar o cérebro para capitalizar a atitude positiva para obter melhor produtividade e empenho.
 
A felicidade leva ao sucesso, e não o contrário.
 
Quanto menos recebermos estímulos negativos, mais felizes seremos
 
Gaste dinheiro em experiências, especialmente as que envolvem outras pessoas e produzem emoções positivas.
 
Dica: quando um elogio é específico e deliberado, é ainda mais motivador que um reconhecimento em dinheiro.
 
2.  O ponto de apoio e a alavanca: como vivemos o mundo, a nossa capacidade de prosperar nele, muda constantemente a nossa atitude mental.
 
A nossa experiência do mundo nunca é fixa, mas muda constantemente num fluxo contínuo.
 
A atitude mental é mais importante do que o trabalho que desenvolvemos e, a prova disso, segundo este autor, é que um médico pode ser um mau profissional, ganhar muito e ser reconhecido, mas infeliz, enquanto que, um auxiliar de limpeza pode ser feliz com a função que desempenha por sentir-se realizado e saber que diariamente dá o seu melhor e que muitas pessoas agradecem e reconhecem a sua importância.
 
3. O efeito tetris: aproveitar oportunidades para encontrar caminhos.
 
Os otimistas lidam melhor com cenários de stress intenso e são capazes de manter altos níveis de bem-estar em momentos de adversidade.
 
Faça uma lista dos aspetos positivos do seu trabalho, carreira e vida pessoal.
 
Ao mesmo tempo, abra a mente a novas ideias e oportunidades e verá o quanto se vai tornar mais produtivo, eficaz, motivado e bem-sucedido nas várias áreas de vida.
 
4. Encontre oportunidades na adversidade: ser mais feliz e mais bem sucedido graças ao fracasso.
 
Depois de um trauma, são muitas as pessoas que relatam maior força pessoal e mais autoconfiança, bem como mais valorização e mais intimidade nos relacionamentos sociais.
 
Quando fracassamos, ou quando a vida nos dá um choque, podemos ficar tão desamparados que reagimos simplesmente desistindo.
 
O sucesso é mais do que uma simples resiliência. É desenvolver a capacidade de aprender a lidar com a experiência, aproveitar algo que correu menos bem como um desafio para fazer melhor e enfrentar a situação. Quem se esconde atrás da adversidade ou desiste, acaba por perder a oportunidade de evoluir, de crescer, de encontrar novas ideias, de ser mais feliz e bem sucedido.
 
5. O círculo do zorro: concentre-se nas metas pequenas para ir crescendo até atingir as maiores.
 
Pequenos sucessos podem multiplicar-se e transformar-se em grandes realizações.
 
6. A regra dos 20 segundos: ajustar a sua energia para substituir maus hábitos por bons.
 
É difícil manter bons hábitos, por mais razoáveis que eles possam ser. A maioria das pessoas faz grandes planos no primeiro dia do ano e, passada a primeira semana, já se encontra no local anterior, desmotivada, sem planos e sem forças para lutar e para modificar algo.
 
O principal problema é a inatividade e o querer fazer tudo ao mesmo tempo. Temos vontade de fazer, mas não avançamos, não saímos do mesmo lugar. Pensamos, mas não executamos, não planeamos, não nos organizamos e não partimos para a ação, logo vamos parar sempre ao mesmo sítio.
 
7. Investimento social: investir mais nos outros gera sucesso e excelência na nossa rede de apoio.
 
Perante os desafios e o stress diário, em vez de voltar-se para si, aproxime-se da sua rede social de apoio.
 
Quando formamos um vínculo social positivo, a oxitocina, uma hormona indutora do prazer liberta-se e reduz a ansiedade e melhora a concentração e o foco. Além de sermos mais resilientes e vivermos mais.
 
Algumas vezes é preciso uma crise para nos ensinar a importância do investimento social. A nossa rede social de apoio pode fazer a diferença para atingirmos o nosso pleno potencial.
 
Numa terceira parte, Shawn Achor, refere-se a um efeito propagador onde evidencia que, «a pessoa que temos o maior poder de mudar somos nós mesmos. À medida em que o cérebro domina um hábito, a sua capacidade de capitalizar um novo hábito aumenta». Logo, quando usamos estes princípios para efetuar mudanças positivas na nossa vida, estamos inconscientemente a alterar o comportamento de um número incrível de pessoas», realça.
 
Estudos demonstram que a afinidade entre duas pessoas é reforçada quando dois olhares se encontram, pelo que, este investigador realça a importância de olharmos o outro nos olhos, especialmente aqueles que nos são mais próximos, especialmente o nosso parceiro e que desenvolvamos esse hábito simples, mas crucial para que a nossa vida melhore a partir das relações positivas que estabelecemos.
 
Shawn Achor, sublinha ainda que, «não é só o nosso sucesso individual que gira em torno da nossa felicidade. Ao promovermos mudanças pessoais, podemos propagar os proveitos do benefício da felicidade às nossas equipas, empresas e a todas as pessoas que nos rodeiam e que recebem a nossa boa energia, motivação e bem-estar
 
Assim, neste início de ano, reformule a sua forma de encarar a vida, mas acima de tudo, o modo como olha para si mesmo, aquilo que pode mudar, melhorar ou manter, mas saia da sua zona de conforto que, afinal pode não ser assim tão confortável e prazerosa e arrisque algo novo. Boa sorte!