Alguém que vive prisioneiro da opinião dos outros, acaba por perder diariamente uma boa parte da sua liberdade e bem-estar.
O primeiro passo é desenvolver uma imagem positiva a seu respeito e admitir que, em qualquer momento de vida, «todos seremos criticados e falados, mas isso não pode de modo algum limitar-nos o amor-próprio, o nosso equilíbrio, paz interior e satisfação perante a vida», realçam os especialistas em comportamento humano.
É comum que muitas pessoas relatem o incómodo de se sentirem em constante pressão motivada pelo olhar dos outros, pelo que dizem direta ou indiretamente, por comentários que façam, no entanto, cabe a cada um de nós persistir na nossa conduta, na manutenção da autoestima e do autoconceito, «para evitar que sejamos reféns daquilo que esperam de nós e não do que realmente somos e queremos ser», advertem os entendidos nesta matéria.
Viver à mercê do que pensam a nosso respeito, conduz-nos a estados de espírito muito negativos, desgastantes e desconfortáveis que dão lugar a elevados estados de stress e de ansiedade, alertam os entendidos.
Sentir-se sempre sob o olhar atento e as críticas dos outros pode ser muito estressante e causar distorção do autoconceito.
São muitas as pessoas que relatam em ambiente de consulta psicológica que, sentem que os outros as criticam, julgam, que não gostam delas, «o que constitui algo de muito corrosivo, destrutivo e paralisante, na medida em que, quem sofre com essas emoções tão negativas, acaba por não emitir a sua opinião, por não gozar de liberdade, estabilidade e bem-estar, o que para além das consequências físicas, psicológicas e emocionais, acaba por limitar o autocrescimento e a imagem que temos a nosso respeito, retocam os entendidos.
Os psicólogos explicam que, a crítica é uma parte inevitável das relações humanas. Cada pessoa é diferente e ninguém se adapta perfeitamente aos que estão ao seu redor, por isso é impossível gostar de tudo em alguém (ou não receber críticas). Estamos, portanto, perante uma interação básica e útil, com uma função social reguladora que tenta prevenir conflitos futuros.
«Levar em consideração as opiniões dos outros ajuda a formar o autoconceito. Ou seja, sim, a crítica é importante para nós porque a integramos ao nosso autoconceito como fonte de informação adicional. Logo, quando se trata de informações negativas sobre nós, as emoções que delas surgem impulsionam-nos para que alteremos algo que pode impedir uma boa relação com alguém», clarifica uma publicação na revista: A Mente é maravilhosa.
Contudo, todos sabemos o quanto pode ser desagradável e doloroso ter de enfrentar uma crítica destrutiva, sendo de destacar estes aspetos:
• Ansiedade.
• Baixa autoestima.
• Crenças irracionais.
• Distorção do autoconceito.
• Depressão ou somatizações (de longa duração e com exposição constante).
Colher críticas recorrentes e baseadas em factos negativos ou análises destrutivas do que somos, fazemos e temos, pode conduzir-nos a dúvidas constantes sobre nós próprios para além de nos provocar elevados níveis de stress, o que pode levar a que nos desvalorizemos ou que duvidemos do que dizem a nosso respeito, mas seja qual for a conclusão a que cheguemos, o processo provoca-nos sempre perturbações desagradáveis chegando a um ponto em que, até um elogio já nos parece gozo ou uma ofensa, registam os entendidos denunciando a má imagem que essas críticas vão desenvolvendo acerca da nossa própria perceção do que somos e valemos. E, quando nos sentimos mal connosco próprios, ainda acentuamos mais as críticas que nos fazem, a ponto de acreditarmos que todas as pessoas vão criticar-nos negativa e destrutivamente, optando pela solidão e pelo afastamento social.
Eis algumas dicas para lidar com as críticas:
1. Trabalhe a sua autoestima. Identifique claramente o seu valor, o respeito que dá aos outros e que também deve receber das relações que estabelece. Valide as críticas construtivas e aprenda a analisar cuidadosamente as destrutivas para que não ganhem muita expressão, mas que possam contribuir para o seu crescimento pessoal.
2. Treine habilidades sociais
Em cada momento de interação social, aproveite para melhorar-se, para mostrar o seu agrado e desagrado perante o que lhe fazem ou dizem, valorizando sempre a boa convivência; aquela que é baseada no respeito mútuo, na capacidade de dar e receber, de aprender, mas também de ensinar o que sabe.
2. Pergunte abertamente a razão pela qual o/a estão a criticar
Segundo os psicólogos, é provável que se surpreenda ao verificar que, afinal, aquilo que pensa que dizem a seu respeito não corresponde á verdade, pois muitos desses cenários são provocados pela nossa ansiedade, medos e traumas do passado que nos levaram a considerar que todos nos criticam e que não temos valor.
3. Analise se tenta agradar a toda a gente e se acaba por esquecer-se de si mesmo/a
É comum que queiramos tanto corresponder ao que os outros esperam de nós que, acabemos por esquecer-nos das nossas emoções e daquilo que nos faz sentido. Ao reavaliar a sua posição na convivência social, ao orientar os seus pensamentos também para os seus objetivos, certamente que não dedicará muito tempo e energia ao que os outros pensam a seu respeito. Depois, não alimente a ilusão de que os outros são perfeitos e que você não é, ainda menos queira acreditar que todos têm de gostar de si e que terá de ser o/a melhor, pois tal não existe e acarreta muito sofrimento. Aceite-se tal como é e descontraia o mais possível nas relações que estabelece.
4. Reserve um tempo diário para si mesmo/a
É muito importante que cultivemos a nossa autoestima dedicando tempo e energia ao que nos dá prazer. Este hábito diário vai ajudar a que nos conectemos melhor connosco próprios, a que saibamos aquilo que somos e que nos faz bem e, ao mesmo tempo, facilita a análise daquilo a que estamos expostos diariamente como sendo, por exemplo, a crítica e os conflitos pelos quais passamos.
5. Peça ajuda a um psicólogo
Se, após avaliar os pontos acima, continua a acreditar que os outros têm uma opinião muito negativa a seu respeito, que não se sente bem em grupo ou ambientes sociais, então peça ajuda, pois poderá estar em depressão, ansiedade ou com qualquer outra condição que merece apoio e um diagnóstico adequado para que seja ultrapassada.
Registe ainda que, nem sempre é produto da nossa imaginação sentirmos que os outros nos criticam e que o mesmo ocorre com ferquência. O que acontece é que, sem nos apercebermos, frequentamos ambientes tóxicos, com pessoas que não nos respeitam, seja no trabalho, na família, num grupo social ou outro e que acabamos por sofrer muito com o que nos fazem ou dizem. É importante que detete essa situação, pois caso exista, merece uma reavaliação, uma tomada de posição e não que se deixe destruir por quem não o/a respeita, aconselham os especialistas nesta matéria.
Muitas vezes, afastar-se de pessoas que o fazem sentir mal, «é o suficiente para que a sua autoestima e autoconceito melhorem e para que desfrute de mais momentos de prazer no ambiente pessoal e na esfera social», concluem os entendidos.