Revela a ciência que, a infidelidade é uma das maiores dores que um ser humano pode sentir e que afeta tanto quem trai, como quem é traído.
Além de desencadear culpa, vergonha e perda de confiança no vínculo, a infidelidade também prejudica os filhos e outras pessoas que convivem com o casal, não sendo de todo a melhor solução para ultrapassar problemas que afetam a relação, aconselham os terapeutas.
Se há pessoas que terminam o relacionamento quando descobrem que são traídas, muitas há que decidem dar-se a si mesmas e ao outro, uma nova oportunidade, o que nem sempre tem um desfecho feliz.
Desde logo, é essencial registar que, qualquer ato de infidelidade acarreta consequências que devem ser ponderadas antes de trair:
Arrependimento e culpa
As reações mais comuns são sentimentos de culpa e remorso. Estes tendem a aparecer quando se toma consciência do que se fez, o que nos limita a ação pessoal e a convivência com os demais. Mesmo que o outro nos perdoe, é muito difícil apagar a culpa e a vergonha do que fizemos, a ponto de muitas pessoas não suportarem a negatividade que vivem e que sejam elas a terminar a relação, mesmo sabendo que o outro lhes deu uma nova oportunidade.
Conflitos internos
A ciência explica que, quando uma pessoa assume determinados valores e acaba por não cumprir o que defende, sente-se muito mal a ponto de desenvolver muitos medos e sentimentos negativos porque colocou em causa os seus próprios valores. Em muitos casos pode ocorrer uma de duas situações: ou a pessoa sente-se tão mal que não consegue suportar a bondade e a capacidade de perdão do outro, necessitando de uma terapia para a ajudar ou, pelo contrário, como não consegue lidar com essa culpa, desencadeia um novo estilo de vida e acaba por trair cada vez mais. Seja qual for o cenário, existe sempre uma mudança que se vai refletir no comportamento e que acarreta mal-estar. Em casos extremos, essa dor e arrependimento podem manifestar-se em sintomas físicos como apatia, fadiga, perda da motivação, tristeza, taquicardia, suores frios em determinadas situações e daí por diante. Também pode acontecer que a pessoa fique com tanto medo do que fez que não consiga confiar em ninguém. Acontecem também mudanças na sua forma de pensar e, em alguns casos, a peesoa pode reformular a sua ideia de compromisso, tornando-se mais estável e confiável, sentindo-se melhor consigo mesma e com o/a parceiro/a.
Vergonha de si mesmo
A par da culpa, também a vergonha de ter traído aquela pessoa com quem já se partilhou algo e que, pelo menos, resta um sentimento de carinho, faz com quem comete a traição se sinta desconfortável e que tema abordar o assunto. Segundo os terapeutas, é importante que exista um diálogo aberto e sincero após o ocorrido nem que seja para terminar a relação e para que ambos sigam em frente o melhor possível. Em muitos casos, esta vergonha pode ganhar proporções e até limitar a vida social da pessoa e não permitir que o casamento se mantenha e até a relação que poderia resultar da traição.
A par destas consequências, é preciso registar que, tanto a pessoa traída como quem comete esse ato terá muitas dificuldades em voltar a confiar em alguém, pelo que será necessário ir ao fundo dessa mágoa, tentar compreender o que motivou a traição e assumir uma nova ideia de compromisso para evitar a repetição da infidelidade.
Também pode acontecer que a pessoa que comete a traição já não seja capaz de assumir compromissos sérios e que opte por dar continuidade a essa forma de viver as relações com as outras pessoas e, não menos recorrente é o facto de a pessoa fugir da sua responsabilidade, do assumir do que fez e que adote uma postura mais “leviana” seja para consigo mesma, seja para com os outros, o que efetivamente também não conduz nem ao bem-estar, nem à felicidade.
São também muitas as situações em que, mesmo depois de uma terapia, que o casal não consiga manter a relação que os unia pela falta de confiança e pelo ciúme resultante da traição.
Relativamente a sintomas psicopatológicos, é natural que a ansiedade, o mau humor ou a insónia marquem presença em quem passa por essa experiência.
É normal que tais sintomas diminuam com o tempo e com a adaptação à nova situação, mas caso persistam ou gerem grande interferência, é aconselhável pedir ajuda, mesmo que não seja para salvar a relação. Criar um novo grupo de amigos também pode ajudar a seguir em frente porque como sabemos, ao longo do tempo, as pessoas que nos rodeiam vão-se tornando atores da nossa vida e acabam por dar a sua opinião e críticas, o que também não nos liberta para que consigamos reconstruir a relação anterior ou desenvolver uma nova. Fazer outras amizades e criar uma nova rede de suporte pode ser importante quando ocorre uma infidelidade, mas há que saber lidar com a família e, esse é um desafio diário, pois os filhos sentem-se muito nessas ocasiões, sem esquecer que os demais familiares também acabam por ter alguma interferência, concluem os terapeutas de casal.