A Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, fez saber em nota divulgada, que opõe-se "frontalmente" à proposta anunciada de construção da Barragem da Foupana esperando que a mesma seja recusada pelas entidades ambientais, "sob pena de se vir a cometer um enorme atentando ambiental, só comparável à construção da Barragem de Odelouca, cujo processo foi objeto de contencioso com a Comissão Europeia".
Em comunicado, a associação assinala "a falta de eficácia desta solução, devido à diminuição da pluviosidade, que torna diminuto o seu contributo para a disponibilidade hídrica da região". Defende que a solução mais sensata, passaria pela poupança de água sobre os diversos usos (agrícola, doméstico e golfe), bem como sobre a "indispensável" redução de perdas em sistemas de distribuição, quer nas redes urbanas, quer nos perímetros de rega, e sobre a diversificação das origens, através da reutilização de águas residuais e aproveitamento de águas pluviais.
A decisão anunciada para a construção da Barragem da Foupana é para a entidade, "desprovida de suporte técnico-científico, tendo por base um modelo de gestão dos recursos hídricos profundamente desequilibrado, pensado para o lado da procura, o qual parece ignorar a necessidade de implementação de outras medidas de adaptação complementares em vários setores a montante, entre as quais: a reutilização de águas residuais, o aproveitamento de águas pluviais e a diminuição dos consumos ao nível dos setores agrícola, turístico e também doméstico".
Fazer mais uma barragem para o Algarve, é no entender da Almargem, "uma opção enquadrada num modelo do passado, completamente desfasada dos cenários climáticos previstos a médio-prazo", representando "um claro contrassenso face às projeções de disponibilidade hídrica na região (exemplo da Barragem de Odelouca), devido à menor precipitação esperada ao longo do século XXI, que será insuficiente no final do século para assegurar a sua eficiência (PIAC Algarve, 2019)".
Na região já existem seis grandes barragens – Odelouca, Arade, Funcho, Bravura, Beliche e Odeleite "e todas estas acabaram, devido aos excesso de procura, por ficar abaixo da sua capacidade de utilização nos últimos anos. A construção de mais uma barragem não vai, pois, melhorar a gestão dos recursos hídricos na região, mas apenas aumentar a pressão na sua utilização, já que vai promover o incremento de atividades altamente consumidoras de água na sua periferia. Mesmo que, inicialmente, a prioridade seja o abastecimento doméstico, é sabido que haverá imensa pressão/lobbying para que esta nova estrutura venha alimentar mais área e consumo de água de culturas e atividades turísticas insustentáveis", lê-se na mesma nota enviada à comunicação social.