Política

Alexandre Pereira critica negócio da BelaOlhão: "Feito à medida dos interesses privados"

Alexandre Pereira - Deputado Municipal do PAN
Alexandre Pereira - Deputado Municipal do PAN  
O deputado municipal do PAN explica num comunicado, que a concretização da venda da Bela Olhão à empresa Carvoeiro Branco “é o culminar de um processo marcado por sucessivas mudanças de argumento, contradições e falta de transparência”.

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“Corria o ano de 2018 quando foi levada à Assembleia Municipal de Olhão a proposta de aluguer e posterior compra da BelaOlhão. A justificação apresentada pelo presidente da Câmara na altura foi clara e bem definida: a transferência dos serviços municipais, centralizando-os num único local, dos estaleiros da Ambiolhão e até do Canil/gatil para aquele espaço. Esta argumentação foi essencial para garantir o apoio do seu partido, tendo a bancada do Partido Socialista, com maioria na Assembleia Municipal, votado favoravelmente, aprovando sozinha a proposta, não por concordar com qualquer outro destino para o edifício, mas sim por considerar essa a melhor solução para a cidade”, destaca Alexandre Pereira. 

Contudo, o deputado adianta que “o discurso foi mudando, as justificações foram-se moldando e as decisões foram-se adaptando, sempre na direção daquilo que parece ter sido o verdadeiro objetivo desde o início: a alienação do imóvel a interesses privados”.

“Inicialmente, defendia-se que a BelaOlhão era essencial para acolher serviços municipais, incluindo os estaleiros da Ambiolhão e até o Canil/Gatil. No entanto, a verdadeira mudança que afastou definitivamente o imóvel do interesse público ocorreu com a alteração do uso do solo através do Plano de Pormenor, abrindo caminho para a sua transformação em área de construção imobiliária. Finalmente, chegou-se àquilo que agora se confirma como o desfecho desejado desde o início: a venda do património municipal a um promotor imobiliário privado. Desta vez, batem palmas porque foi um tremendo negócio com lucro para a câmara municipal e uma mais-valia para a cidade. Ora, que eu saiba, nem a Câmara Municipal é uma agência imobiliária, nem os olhanenses ganham nada com esta pressão e especulação imobiliária. Muito pelo contrário: cada vez está mais difícil ter uma habitação digna e acessível em Olhão”, argumenta.

Para o representante do PAN, a venda da BelaOlhão, “insere-se num padrão mais vasto de pressão imobiliária descontrolada sobre a zona ribeirinha de Olhão, uma área que já foi identificada como zona de risco de inundação devido às alterações climáticas e à subida do nível do mar”.

Defende que “em vez de se apostar numa estratégia sustentável e responsável para proteger o território e preparar a cidade para os desafios do futuro, continua-se a entregar terrenos e edifícios estratégicos ao setor imobiliário, privilegiando a construção de luxo, que não responde às necessidades reais da população. Este modelo de urbanismo ignora os riscos ambientais e sociais, ao mesmo tempo que expulsa tanto a classe média como as famílias com menos recursos para fora de Olhão, aquela que sempre foi a sua terra, a sua identidade local e o seu património natural e cultural. Com os preços da habitação a dispararem, muitos olhanenses são forçados a procurar alternativas em municípios vizinhos como Faro, Tavira e São Brás de Alportel, onde o custo de vida ainda permite alguma estabilidade”, assinala no mesmo documento divulgado.