Sociedade

Aberta consulta pública para classificação de duas grutas no Algarve

Foto - CCDR Algarve
Foto - CCDR Algarve  
Os procedimentos de classificação das Grutas de Ibn Ammar e do Algarão do Remexido, situadas nos concelhos de Lagoa e Silves, no distrito de Faro, estão em consulta pública até 29 de outubro, anunciou hoje a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

A abertura dos procedimentos de classificação das duas grutas como locais de “relevante interesse natural e cultural” foi publicada a 08 de outubro em Diário da República, em dois avisos separados, depois de o Património Cultural ter aprovado, a 04 de setembro, as propostas dos serviços regionais de cultura sobre a matéria, referiu a CCDR num comunicado.
 
“As Grutas de Ibn Ammar situam-se entre Tapadinha e Vale Crevo, Mexilhoeira da Carregação, na União das Freguesias de Estômbar e Parchal, concelho de Lagoa. Trata-se de uma série de aberturas cársicas conspícuas, dispostas ao longo da margem esquerda do rio Arade, que fazem parte de um complexo sistema de galerias subterrâneas naturais com utilização humana pré-histórica e histórica”, justificou a CCDR.
 
Já o Algarão do Remexido, situado em São Bartolomeu de Messines, Silves, é igualmente “uma gruta natural cársica com interesse arqueológico e à qual se associa a memória popular de que terá constituído o local de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista, cognominado o Remexido”, por ocasião das Guerras Liberais do anos 30 do século XIX.
 
A CCDR algarvia destacou ainda os valores de índole histórica, arqueológica, científica, paleontológica e etnográfica das grutas de Ibn Ammar, que atestam a “antiguidade, memória, autenticidade, singularidade e exemplaridade” do local.
 
“Estas grutas, também conhecidas como Cavernas da Mexilhoeirinha, são as maiores a sul do Tejo”, salientou a CCDR do Algarve sobre a gruta batizada com o nome de Abû Bacr Muhammad Ibn Ammâr (1031-1084), poeta e político árabe que governou Silves durante a ocupação muçulmana da Península Ibéria.
 
O espaço é constituído por “dois conjuntos de galerias, a 120 metros de distância, sem ligação conhecida que permita a progressão humana de um para o outro, com um lago subterrâneo, nascentes e estreitas passagens labirínticas”.
 
Embora não possa ser visitado pelo público devido à presença de uma “importante e frágil colónia de morcegos de espécies legalmente protegidas” e por razões de segurança,o espaço tem um “elevado interesse para a área científica”.
 
O Algarão do Remexido é um “algar cársico com diferentes momentos de utilização antrópica” e onde existem “vestígios líticos atribuídos ao Neolítico-Calcolítico, junto à entrada da gruta”, mas também foram encontrados no interior “cerâmicas manuais de grandes contentores”, que remontam à Idade do Bronze e são prova de uma utilização pré-histórica da gruta.
 
“Outro uso mais recente envolveu a alteração significativa do espaço na primeira sala, através da remobilização massiva de pedras e grandes blocos. Esta evidente intervenção humana harmoniza-se com a memória popular de que o local serviu de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista José Joaquim de Sousa Reis, cognominado o Remexido”, acrescentou.
 
As grutas do Algarão do Remexido também “não são passíveis de visita pública por motivos de segurança e de salvaguarda da sensível biodiversidade cavernícola”, observou a CCDR.
 
Os interessados em pronunciar-se na consulta pública podem fazê-lo durante um período de 15 dias úteis a contar da data da publicação em Diário da República, até 29 de outubro, com os elementos do processo a poderem ser consultados no enderço de Internet www.patrimoniocultural.gov.pt.
 
Lusa