A vinculação estabelecida entre a mãe e o bebé é um dos elementos mais importantes nos primeiros meses de vida de uma criança. No entanto, não se deve esquecer que o papel exercido pela figura paterna, visto como algo secundário, é tão significativo como o da progenitora no desenvolvimento saudável emocional, social e cognitivo infantil.
«O pai é uma peça fulcral no desenvolvimento de uma criança, já que representa mais do que um vínculo biológico».
Quando se trata de paternidade, por vezes pode aparentar que o pai ocupa o segundo lugar. Na realidade, embora o amor de uma mãe seja muito especial, uma figura paterna presente desempenha um papel igualmente importante no bem-estar da criança, destacam os psicólogos do mesmo instituto.
Desde a gestação que o pai assume uma função imprescindível, nomeadamente no acompanhamento, no apoio emocional e físico que presta à mãe do seu filho, transmitindo uma sensação de segurança, paz e tranquilidade, até ao momento mais esperado por ambos, o nascimento da criança. Assim sendo, «está comprovado que os recém-nascidos formam instantaneamente uma conexão, quer com o pai, quer com a mãe», salientam os entendidos num artigo da especialidade.
Em regra geral, os papéis das mães e dos pais podem apresentar algumas diferenças no modo como interagem com os seus filhos. Por um lado, a figura materna cumpre o dever de prestar os cuidados básicos, ao passo que o pai está encarregue das atividades lúdicas.
A participação ativa do pai, no seio familiar, pode ser considerada como um complemento ao papel da mãe. Neste contexto, a ligação afetiva entre o pai e o filho deve ser estimulada, de forma a influenciar na aprendizagem e a facilitar a integração da criança na sociedade, promovendo assim uma maior autoestima e autonomia. Ao longo dos anos, «se essa relação florescer num ambiente estável e responsivo, será criado uma vinculação permanente e segura entre pai e filho. Opostamente, aqueles pais que maltratam e são negligentes, tendem a formar padrões de vinculação insegura, proporcionando um impacto muito negativo no bem-estar da criança», evidenciam os entendidos na mesma publicação.
Vários estudos científicos referem também que a ausência do pai pode desencadear consequências negativas, como por exemplo, problemas comportamentais e psicológicos.
Os entendidos ressaltam ainda que «a presença física do pai jamais poderá ser substituída ou compensada com bens materiais, tais como roupas, brinquedos, viagens ou dinheiro». Durante a fase da adolescência, os meninos começam a observar atentamente o progenitor e identificam-no como uma espécie de modelo a seguir e, no caso das meninas, o pai representa uma figura promotora também de sensação de segurança.
Por último, se por alguma razão o pai biológico não conseguir estar presente na vida da criança, «é fundamental que outra figura masculina represente esse lugar, nomeadamente algum familiar, tal como um tio, avô, irmão mais velho ou até mesmo outro adulto que tenha uma ligação com a família. Neste âmbito, uma base familiar firme irá permitir que a criança se torne num adulto resiliente», conclui o artigo do Instituto Português de Psicologia e outras ciências.
Cabe às mães que, tradicionalmente estão mais habituadas a cuidar dos filhos, chamar o pai para que ocupe esse lugar desde a gestação, que como já vimos, é uma parte essencial do processo, mas também ao longo de todo o desenvolvimento, sem esquecer as reuniões na escola e nas demais atividades, as iniciativas que se fazem em família, onde o pai pode e deve marcar a sua presença ativa e, não menos importante, nas tarefas do dia a dia. Uma boa conversa, uma brincadeira, um desporto que se pratica em conjunto, afeto, compreensão e partilha, são efetivamente as bases para um desenvolvimento saudável, equilibrado e duradouro acessível a todos quantos queiram estar “de corpo e alma” num dos maiores desafios do ser humano: a parentalidade.