A ciência reuniu 8 estratégias que nos podem ajudar a identificar uma pessoa mentirosa.
Não sendo fácil lidar com alguém que mente e que tenta enganar-nos de todas as formas possíveis e imaginárias, estar preparado para analisar-lhe os comportamentos, ajuda-nos a abreviar as conclusões e a encontrar as melhores estratégias para lidar com este tipo de pessoa. Contudo, é essencial saber o que se esconde por detrás de um mentiroso compulsivo.
Estas pessoas dominam a arte da mentira e da manipulação, escondem-se muito bem no seu mundo irreal e conseguem, em muitos casos, obter o que pretendem, no entanto, se estivermos atentos, conseguimos perceber que não se trata de uma história e ainda menos de um comportamento verdadeiro e real.
Segundo os especialistas, em algum momento das nossas vidas, todos mentimos porque a vida em sociedade quase que nos impõe esse recurso para evitar ir a uma festa, pagar uma despesa, comprar um produto e daí por diante. Contudo, quem mente compulsivamente sofre de mitomania que é uma “tendência mórbida a desfigurar, ampliando a realidade do que se diz”.
Esse termo, também chamado de mentira patológica, refere-se ao comportamento habitual de mentirosos compulsivos. Não se trata de mentiras pontuais, e sim da sua forma diária de relacionar –se e de lidar com os outros.
Estas pessoas têm consciência de que mentem, e continuam a produzir histórias bastante plausíveis e convincentes, a ponto de praticamente viverem num mundo de fantasia e de ilusão para que consigam mascarar a muita dor que sentem e nunca admitem uma mentira ou que construíram essa história irreal.
Sentem um profundo desejo de atenção e de aceitação e as suas narrativas são um pretexto para que olhem para eles, para que os valorizem e destaquem de forma positiva, o que chega a acontecer em muitas situações porque os outros não se apercebem da mentira com facilidade.
Geralmente, os mitómanos usam este tipo de recursos para alimentar as suas mentiras e para convencerem os demais das suas fantasias:
1. Aparentam ser pessoas de sucesso
Apesar de todos sabermos que ninguém consegue ter sucesso em todas as áreas de vida, os mentirosos compulsivos querem fazer-nos acreditar que são uma exceção e que, com eles tudo corre bem no trabalho, na escola, na família, nas relações sociais, no lazer ou desportos que praticam. Teoricamente, conseguem o impossível e, por isso, acabam por chamar a atenção dos que os rodeiam até que sejam desmascarados. Acredite o leitor que qualquer um de nós é bom numa determinada área, mas que não consegue o pleno sucesso em tudo, logo, duvide de quem o quiser fazer acreditar nisso e ainda mais com as aparentes riquezas e o luxo que os mentirosos costumam exibir.
2. As histórias não apresentam dados concretos
As fantasias produzidas pelos mitómanos estão carregadas de incoerências, de contradições e de impossibilidades, mas eles querem fazer acreditar que, por serem especiais, por estarem acima do humano, conseguem concretizar o impossível. Ao pedir-lhe provas do que diz, verá que ele não as possui.
3. São muito sedutores
Esta atitude não é típica apenas dos mitómanos, já que também está presente em pessoas com transtornos de personalidade como o histriónico ou o narcisista.
De acordo com o Manual de Doenças Mentais, as pessoas histriónicas agem frequentemente de forma sedutora e provocadora em múltiplos contextos e não apenas em interesses românticos, com vista a impressionarem os outros e a obterem o que pretendem. O mentiroso compulsivo apresenta os mesmos objetivos, ainda que recorra a meios muito próprios, mas tendo sempre em vista enaltecer-se, sentir-se melhor do que os outros, mais atraente, desejado e adorado. Usa as célebres “palavras mansas”, elogia excessivamente e fora de contexto de forma a levar os outros ao que pretende.
4. Têm baixa autoestima
Os mentirosos compulsivos são pessoas que sofreram algum tipo de maus-tratos na infância e que desenvolveram a sensação de abandono e de rejeição, facto que as leva a procurar infinitamente a aceitação e a aprovação dos outros, em virtude de uma baixa autoestima e uma fraca imagem de si mesmas.
Sentem-se profundamente infelizes, diminuídas e excluídas, pelo que produzem fantasias para camuflar essa tristeza, desconforto e mal-estar, acabando por inventar atos heroicos e por fazerem tudo para se enaltecerem quando, no fundo, sabem que não possuem essas habilidades, mas querem acreditar nisso e obter um reconhecimento que chega a ser “anormal”.
5. Acreditam ser o centro do mundo
Os mentirosos compulsivos contam diferentes histórias maravilhosas, mas todos têm em comum o facto de serem os protagonistas, como se as coisas acontecessem através deles e para eles.
Nessas fantasias, eles são o centro do mundo, e tudo o resto, como pessoas, ambientes ou lugares, é secundário. Não só se colocam nessa posição de maneira estática, como estabelecem ligações impossíveis entre os diferentes agentes da história, destacando sempre o seu contributo acima dos restantes.
6. Não fornecem evidências para as suas histórias
Apesar das narrativas incríveis que inventam, não há nada físico que as apoie. Acreditar nessas pessoas é até um ato de fé, já que não fornecem evidências objetivas do que aconteceu. Se alguém os coloca em causa, reagem mal, choram, lamentam-se, desviam as atenções, vitimizam-se e ainda dizem que os outros “são maus” e que estão a duvidar do que lhes diz, mas não provam as afirmações que fazem com uma simples foto, por exemplo.
7. Vivem relações conflituosas com os outros
O complexo de inferioridade que essas personalidades apresentam faz com que se coloquem numa posição assimétrica em relação aos seus pares, pelo que, as suas relações são marcadas por conflitos, dramas, manipulação e chantagem. Usam e abusam da competição e tentam mostrar-se sempre como “os melhores” para que os possam derrubar ficando o “palco” para si. Por norma, são pessoas que procuram a todo o custo admiração e companhia, mas estão sempre sozinhas porque os outros acabam por cansar-se com tanto desconforto, conflito e toxicidade que provocam.
8. Reagem sempre de forma defensiva
A sua forma habitual de se comportar, além de ser manipuladora, é ser defensiva e responder agressivamente a qualquer tentativa de contradição. Este não é um perfil violento, mas um reflexo da sua incapacidade de responder de forma madura quando se sente atacado ou ameaçado. Tal acontece porque o mentiroso compulsivo tenta manter as histórias credíveis, mas é recorrente que alguém os coloque em causa, logo, reagem mal, manipulam, desmentem, inventam novas histórias e nunca conseguem estar descontraídos porque temem que, a qualquer momento, alguém os confronte com uma das suas mentiras. Estão sempre tensos e prontos para reagir de forma abrupta, agressiva e defensiva.
Se tem na sua família, trabalho, escola ou grupo uma pessoa mentirosa compulsiva, tenha em conta estas dicas:
•Estabeleça limites claros quando estiver na presença dessa pessoa. Não permita que se alongue e o leitor também não deve alongar-se nos comentários e perguntas, pois assim acaba por retirar-lhe a importância;
•Insista para que a pessoa procure ajuda profissional para lidar com o problema.
•Não a culpe, mas responsabilize-a pelas consequências das suas ações.
•Fale-lhe sobre emoções negativas muito presentes nesse perfil, como a vergonha.
•Enfrente as mentiras com empatia e mostre-lhe que só a quer ajudar e não fazer um ataque pessoal. Reconheça que se trata de um problema e que a pessoa precisa de apoio especializado para viver melhor.
•Reaja de forma objetiva, madura e com pouco alarido às histórias contadas para não lhe reforçar o padrão de comportamento.
Existem casos em que é tão evidente e desconfortável a mentira que se torna insuportável a convivência, pelo que deve ponderar um contacto muito pontual ou mesmo o afastamento, pois quando a pessoa não quer colaborar e tratar-se, muitas vezes, não nos deixa soluções por muito que tenhamos boa vontade e que já tenhamos esgotado as hipóteses de convivência.
Registe que, a mitomania é um problema muito comum e que resulta em consequências graves para quem convive com os portadores dessa patologia e que, os próprios também não desfrutam de qualidade de vida e bem-estar porque estão sempre preocupados em inventar uma nova história que convença aqueles que quer manter por perto. Efetivamente, trata-se de um ambiente tóxico que não faz ninguém feliz. Para quê alimentá-lo?