Dicas

5 atitudes dos pais que os filhos não esquecem

 
Muitos pais entendem que educar é impor regras, exigir que os filhos lhes obedeçam e que, quando são adultos que sejam inteligentes, maduros, trabalhadores e responsáveis. É como se colocassem os ingredientes numa máquina e esperassem para obter os resultados.

Naturalmente que, na prática, não é assim que funciona o processo de desenvolvimento de um ser humano. Para que uma criança cresça e se desenvolva de forma equilibrada e sadia, é fundamental que os pais invistam diariamente numa relação de qualidade; numa relação com tempo, afeto, valores, regras, carinho, amor e exigência. É preciso que os progenitores sejam capazes de dar de si e que igualmente sejam recetivos ao que os filhos têm para lhes dar. Tal como qualquer outra relação, é imperiosa a troca, a empatia, o cuidado e a presença.
 
Para que os filhos sejam amigos dos pais é fundamental que os progenitores se dediquem aos mais novos, que os coloquem num plano elevado nas suas vidas e que, diariamente, lhes transmitam amor, compreensão e, acima de tudo, muita capacidade de diálogo. Só estes pontos conjugados vão dar lugar a uma criação saudável e a um desenvolvimento positivo.
 
Muitos pais pensam que quando os filhos são pequenos, só devem obedecer e que a criação é apenas isso.  Como consequência, temos cada vez mais crianças inconformadas e adultos infelizes.
 
Na posição dos especialistas em comportamento humano, quando não há um critério para uma criação consistente, lógica e estável, a probabilidade de que os filhos mostrem comportamentos rebeldes e/ou herméticos aumenta. Estas crianças ou jovens tornam-se caprichosos, autoritários e instáveis. Não conseguem estabelecer um vínculo afetivo e próximo com os pais, muito pelo contrário, vivem num ambiente de guerra indireta ou aberta com eles.
 
Neste contexto, é fundamental ter em conta que, a infância representa uma das fases mais importantes na vida do ser humano, pelo que, é nesse tempo que os pais devem apostar o melhor que sabem, que sentem e que podem, já que as marcas positivas e negativas da educação vão perseguir o indivíduo pela sua vida fora. Uma educação saudável dará certamente lugar à saúde psicológica enquanto que o oposto dará espaço à doença mental, a comportamentos desviantes e ao mau-estar.
 
Perante estes pontos, importa saber o que os filhos jamais esquecem dos pais:
 
1- Maus-tratos
 
Por se tratar de uma relação muito intensa, que acarreta conflitos, posições distintas e uma necessidade de evolução de parte a parte, é natural que, nem sempre, a relação entre pais e filhos decorra como se pretende. Ainda assim, é essencial ter em conta que, os maus-tratos nunca devem fazer parte dessa convivência e que os filhos registam-nos muito negativamente.
 
Com agressões verbais, físicas ou ambas, os pais apenas intimidam os seus descendentes e obrigam-nos a obedecer-lhes. Além disso, esses maus-tratos transformam-se no gérmen da falta de autoestima e numa fonte de rancor porque colocam os filhos numa situação muito complexa, passando a amar e a odiar os pais ao mesmo tempo,  enquanto que aprendem a temê-los. É preciso ter em conta que, o coração de um filho é muito sensível e, ao ser ferido, fará com que se torne numa pessoa insensível.
 
2- A forma como os pais se tratam um ao outro
 
A relação entre o pai e a mãe é o padrão que a criança terá para formar uma atitude perante os relacionamentos amorosos. É muito provável que, quando for adulta, a criança  repita de forma consciente ou inconsciente o que viu em casa. Assim, os pais devem ter em conta que, os seus conflitos de casal geram angústia no filho. Uma das possíveis consequências será o envolvimento em problemas simplesmente para atrair a atenção de um dos pais, que não lhe ligam porque estão centrados no conflito em que estão envolvidos. Além disso, a criança irá apreciar ou não os relacionamentos amorosos com base nesses padrões aprendidos.
 
3- Os momentos em que se sentiram protegidos
 
Os medos das crianças são maiores e mais insidiosos do que os dos adultos. Os pequenos não conseguem distinguir bem a fronteira entre a realidade e a imaginação. Os pais são as pessoas em quem eles mais confiam para obter a sensação de segurança de que precisam para aprender e explorar o desconhecido. Assim, se são os pais os que causam este medo, vão fazer com que os filhos se sintam totalmente desprotegidos.
 
Segundo os entendidos nesta matéria, os pais devem estar atentos aos filhos, tentar compreender as causas desses medos e de forma alguma, devem minimizá-los ou criticá-los, pois afinal, um medo tem sempre uma razão de existir. Ao mesmo tempo, os pais devem mostrar-lhes claramente que estão ali para os proteger, já que, será dessa forma que se vão sentir seguros e confiantes.
 
4- A falta de atenção
 
Para um filho, o amor que os pais lhe dão está intimamente relacionado à atenção que recebe deles. Uma criança não consegue compreender que o pai ou a mãe tenham de trabalhar mais horas para lhe poderem comprar brinquedos novos, ou para pagarem o colégio onde ele estuda. Na prática a criança ouve e aceita essa explicação, mas está sempre à espera que os pais tenham algum tempo livre para poderem estar juntos. Para mostrar a um filho o que se sente por ele é preciso dar tempo, brincadeira, colo, amor e atenção. Por isso, um filho não se esquece quando o pai ou a mãe se engana na compra de um presente que ele pediu inúmeras vezes ou que não cumpriram uma promessa. Para uma criança, essa é uma marca de falta de atenção e de interesse, chegando à sensação de abandono.
 
5- A valorização da família
 
Uma outra situação que os filhos não esquecem é a capacidade dos pais em se organizarem para poderem estar juntos nas mais variadas situações. As crianças precisam e gostam das celebrações, não importa se é com mais ou menos presentes. Também é muito importante para elas que o pai e a mãe levem o Natal a sério.
 
Se os pais colocam a família acima de tudo, o filho irá aprender o valor da lealdade e do afeto. Quando for adulto, este filho também será capaz de deixar de lado outros compromissos para ir ver os pais quando precisarem dele. Ao sentir-se compensado e preenchido com a sua vida familiar, o filho será capaz de dar muito mais de si e de ser muito mais afetuoso.
 
Na posição dos mesmos especialistas, todas estas marcas deixadas pela infância, vão perseguir o indivíduo pela vida fora dando lugar à qualidade e saúde mental ou, pelo contrário, a uma vida amarga e infeliz.
 
Fátima Fernandes