Segundo os especialistas na área da psicologia, uma importante chave para sermos mais livres e felizes passa pelo desapego.
Naturalmente que, assim à primeira vista, parece complicada a tarefa de lidarmos com desapego face às pessoas e às situações, mas na realidade, na perspetiva do desenvolvimento pessoal, este é um recurso que deve ser aprendido diariamente para evitar muita dor e sofrimento.
Desde já, importa esclarecer que, desapego nada tem a ver com frieza ou egoísmo, muito menos um ego elevado e, ainda menos falta de empatia, mas sim que aprendamos a retirar uma boa parte da carga emocional das nossas relações com os outros e com o mundo, completam.
Praticar o desapego não significa abrir mão de tudo o que é importante para nós, romper vínculos afetivos ou relacionamentos pessoais com aqueles que fazem parte do nosso quotidiano, mas sim saber amar, apreciar e envolver-nos de uma forma mais liberta, equilibrada, consciente e sem excessos, explicam os mesmos entendidos, adiantando que, com desapego conseguimos viver as emoções de uma forma mais tranquila e descontraída, mais realista e dando sempre espaço ao outro, às suas opiniões e emoções. Basicamente é não querermos agarrar tudo à força, ter tudo no imediato e à nossa maneira e só numa perspetiva, o que nos permite crescer sem prejudicar os outros e a nós mesmos, sem limitarmos as ações dos demais, ao mesmo tempo em que reservamos também uma margem de liberdade para sermos quem somos. Somos mais honestos, mais livres e viveremos de acordo com as nossas necessidades e não em função do “ter de ter a qualquer preço e neste momento”.
Quer queiramos quer não, ao prendermos os outros, estamos também a inibir a nossa capacidade de ação. Com uma boa dose de desapego, somos capazes de olhar o outro tal como é, de nos cuidarmos e valorizarmos e de analisarmos sempre várias perspetivas de vida.
Nesta sequência, os entendidos na área do desenvolvimento pessoal apresentam 4 técnicas que nos vão ajudar a praticar diariamente o desapego:
1 - Ser responsável por si mesmo
Ninguém pode viver por nós, logo temos mesmo de enfrentar a vida, as pessoas e as situações, por muito que, em alguns momentos, isso possa parecer-nos exigente e desafiador.
Não responsabilize os outros pela sua felicidade. Não imagine que para ser feliz é necessário encontrar o parceiro ideal ou ter o reconhecimento de toda a sua família.
Se a opinião dos outros é a sua medida de satisfação e felicidade, não vai conseguir nada além de sofrimento. Raramente os outros conseguem satisfazer-nos as necessidades. Temos de ser nós a identificá-las e a resolvê-las e, só depois encontrar prazer no que os outros nos podem dar e proporcionar.
Para ser mais livre e feliz, é essencial que tome consciência de si mesmo, que cultive a sua autoestima, que assuma o seu valor e que lute diariamente pela sua felicidade. Não fique à espera que a opinião ou a ajuda dos outros faça um trabalho que é só seu. Seja responsável, maduro, acrescente os seus conhecimentos sobre si mesmo e sobre o mundo e viva com mais liberdade e tranquilidade dentro de si mesmo e com os outros. A felicidade tem de partir de dentro para fora, sublinhe isso.
2 - Viva no presente, aceite e assuma a sua realidade
A vida passa por diversas fases pelo que não podemos querer que tudo permaneça eternamente da mesma forma e à nossa medida. Muito menos devemos lamentar o que já foi e perder tempo com o passado porque é no presente que nos encontramos e é aqui que é necessário participar ativamente nas situações. O caminho mais fácil é mentalizarmo-nos de que tudo muda e que devemos evoluir e tentar acompanhar o progresso e as exigências de cada tempo. Aceitar esta condição, ajuda-nos a sofrer muito menos e a desfrutar de muitos mais momentos de felicidade.
Assuma o que já passou, aceite que tudo muda, flui e segue o seu caminho e liberte-se para aproveitar melhor o “aqui e agora”.
3 - Liberte-se e permita que os outros também sejam livres
“Assuma que a liberdade é a forma mais plena, íntegra e saudável de aproveitar e compreender a vida em toda a sua imensidão”.
Ser livre não nos impede de criar vínculos com os outros. Criar vínculos, amar e ser amado, faz parte do nosso crescimento pessoal.
O desapego significa que não devemos assumir a responsabilidade pela vida dos outros, tal como os demais não nos podem mudar, impor princípios ou fazer algum tipo de exigências e ainda menos, prender-nos.
Uma relação saudável não pode, de forma alguma, basear-se na obsessão, no controle ou na falta de liberdade, seja entre pais e filhos, parceiros, colegas e demais familiares. Todos precisamos de uma margem de conforto e de liberdade para que consigamos relacionar-nos de forma equilibrada, positiva e prazerosa com os outros.
Alguém que se sente preso numa determinada relação deve fazer de tudo para conseguir encontrar o seu espaço de conforto e de liberdade, pois só assim estará bem consigo mesmo e nas relações que estabelece.
4 - As perdas vão acontecer mais cedo ou mais tarde
Devemos aceitar que, nada dura para sempre. A vida, os relacionamentos e até os bens materiais acabam por desaparecer, pelo que, é fundamental aceitarmos que, os filhos crescem, os amigos mudam, o trabalho altera-se, a empresa dá lugar a uma nova, que podemos necessitar de mudar de cidade, de casa, de cônjuge e daí por diante. Desta forma, viveremos muito mais descontraídos e sem tentar prender aquilo que não nos pertence. Um parceiro só está connosco enquanto estiver feliz, nós só estaremos num determinado local ou numa amizade enquanto isso nos fizer bem, então de nada nos serve a mania de prendermos tudo e todos para que nos sintamos com uma falsa ilusão de segurança e que tudo é para sempre.
Por fim registe que, o que nunca pode mudar é a sua capacidade de amar. Comece sempre por si mesmo e admita o que sente pelos outros, mas não se esqueça, reserve sempre a sua margem de liberdade e ofereça-a também a quem ama.
