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4 erros que “arrasam” a relação entre pais e filhos

4 erros que “arrasam” a relação entre pais e filhos
4 erros que “arrasam” a relação entre pais e filhos  
Foto Freepik
Não há pais nem filhos especialistas e ninguém consegue garantir uma relação positiva para a vida, contudo, há atitudes que destroem a convivência, que afastam os mais novos e que não permitem um relacionamento feliz entre pais e filhos.

Na posição dos entendidos na área da psicologia, muitos adultos afirmam que não agridem fisicamente os mais novos, pelo que se sentem confortáveis na sua posição de pais, mas importa reter que, «não são só os maus-tratos físicos que destroem o vínculo entre pais e filhos. A violência psicológica também deixa marcas muito profundas e, em muitos casos, ainda mais difíceis de ultrapassar», alertam os entendidos.
 
É essencial que os pais entendam que não há duas crianças iguais, pelo que devemos respeitá-las com as suas particularidades e necessidades sem que percamos de vista a nossa autoridade, as regras e os valores, mas atendendo também ao que os mais novos precisam para que se possam desenvolver de forma sadia. As crianças têm emoções que precisam de ser potencializadas, gostos que podem ser melhorados, mas sempre respeitados, características de personalidade que igualmente devem ser respeitadas, mas também melhoradas e habilidades que devem ser valorizadas, pois tudo isto as torna únicas e especiais.
 
Educar não é só ensinar a ler, a arrumar o quarto ou a ter bons resultados escolares. Também não é só presentear os filhos no aniversário e no Natal. Educar implica dizer “não” sempre que necessário, saber justificar essa negação para que os mais novos a entendam e também dizer “sim” quando o mesmo se impõe. É saber descer ao nível dos nossos filhos, compreendê-los, respeitá-los, dar-lhes conforto e segurança, mas também carinho, amor, rigor e exigência. Educar é fornecer bons exemplos diários, assumir erros, incentivar as boas atitudes e saber como corrigir as piores. É um trabalho longo, que requer muito diálogo, compreensão, tempo, dedicação e, acima de tudo, um querer muito profundo que aqueles nossos descendentes sejam boas pessoas, bons cidadãos, nossos amigos, trabalhadores, inteligentes, maduros e responsáveis, sem medo que eles sejam mais do que nós, mas com prazer e orgulho que o consigam ser. É um gesto altruísta, de entrega para a vida com muitos momentos de prazer e muitos desafios, explicam os psicólogos.
 
Educar não é só proibir sem dar uma justificação, muito menos castigar só porque “passamos uma vergonha” na rua ou no supermercado. A punição só faz sentido quando é entendida e o castigo não educa, desencadeia raiva, rancor, revolta e ódio em relação aos pais. O importante é que saibamos estar à altura do erro da criança ou jovem, que conversemos com ele, que lhe digamos onde falhou, mas que lhe demos oportunidade de melhorar o seu comportamento. Muitas vezes, basta repetir a cena com novas orientações para que os mais novos entendam claramente onde falharam. É ir novamente ao local e desafiá-la a comportar-se de forma diferente. Ao conseguir superar essa etapa, estará apta para o fazer em situações futuras. O castigo não ensina porque a criança ou jovem não entendem a razão pela qual vão ficar sem algo de que gostam durante algum tempo. Faz mais sentido explicar-lhe onde falhou e permitir-lhe que inicie uma nova ação com um novo comportamento, alertam os entendidos.
 
É evidente que educar requer tempo e disponibilidade e todos nós temos problemas, exigências e uma vida difícil. Todos precisamos de dar conforto à nossa família, alimento, vestuário e daí por diante. Muitas vezes, acabamos por esquecer-nos do quanto os mais novos estão à espera de um gesto afetuoso, de um tempo para conversar, para brincar ou simplesmente para abraçarmo-nos e, quando cometemos estes 4 erros, as coisas ainda se agravam mais:
 

1. Não os escutar

É um facto que os mais novos estão sempre cheios de histórias, perguntas e que querem mostrar algo. Exigem-nos muita atenção, mas se não fizermos um esforço por largar as nossas tarefas e de reservar-lhes um tempo diário, naturalmente que vão procurar outras pessoas que lhes possam dar atenção ou simplesmente canalizar esse tempo para os ecrãs. O afastamento será inevitável e, em muitos casos, prolongado.
 

2. Castigá-los, transmitindo-lhes falta de confiança

São muitos os pais que relacionam a palavra educação com punição, com proibição, com um autoritarismo firme e rígido em que tudo se impõe e qualquer erro é castigado. Este tipo de conduta educativa resulta em uma falta de autoestima muito clara na criança, uma insegurança e, ao mesmo tempo, uma rutura do vínculo emocional.
Também há adultos cujo tempo com as crianças é dedicado a criticá-las, a apontar-lhes os erros, a humilhá-las só com frases negativas e depreciativas. Estes pais não podem esperar uma boa relação com os filhos que, tão depressa possam estar livres deles, assim o farão.
Devemos sim, identificar o erro, mas fornecer estratégias para que possa corrigi-lo. Claro que isso requer compreensão e respeito, pelo que, estes ingredientes são fundamentais para que o vínculo se desenvolva de forma saudável, caso contrário, os pais colhem revolta, raiva e rancor por parte dos mais novos.
 

3. Compará-los e rotulá-los

Poucas coisas podem ser mais destrutivas do que comparar um irmão ao outro ou uma criança a outra para ridicularizá-la, para dar a entender as suas escassas aptidões, as suas falhas, ou a falta de iniciativa.  Em algumas ocasiões, um erro que muitos pais cometem é falar em voz alta diante das crianças como se elas não os escutassem. Dizem a um familiar, colega ou amigo, na presença da criança que, “ela não tem jeito para nada”, “não faço nada dele”, “não sei onde é que estava com a cabeça quando tive filhos”, “não tem jeito para nada”, entre muitas outras expressões destrutivas que podiam muito bem ser suprimidas ou evitadas. Não tem de elogiar, basta que não fale sobre isso com outros e que ensine a criança a melhorar o que está menos bem, alertam os psicólogos.
 

4. Gritar com eles e apoiar-se mais nas ordens do que nos argumentos

Lembramos que os maus-tratos físicos nem têm espaço neste apontamento porque são, por si só, a pior forma de manter uma boa relação entre pais e filhos, no entanto, não se esqueça de que, existem outros tipos de maus tratos implícitos, igualmente destrutivos. É o caso do abuso psicológico, esse no qual se arruína a personalidade da criança por completo, a sua autoimagem e a confiança em si mesma.
 
Há pais que só sabem gritar e outros que só sabem dirigir-se aos mais novos com frases depreciativas. Ambas são uma forma de destruir diariamente a relação, alertam os psicólogos, explicando que, nestes cenários, as crianças ou jovens não sabem como proteger-se da fúria dos pais e acabam por desenvolver muitos medos, instabilidade e insegurança que, mais cedo ou mais tarde, vão refletir-se nos seus comportamentos de forma perigosa.
 
Os gritos contínuos enfurecem e fazem mal, já que não há diálogos, apenas ordens e críticas. Deve-se ter muito cuidado com estes aspetos básicos. O não escutar, o não falar e o não demonstrar abertura, compreensão ou sobrepor a sanção ao diálogo são modos de ir afastando aos poucos as crianças porque acabam por encarar os pais como inimigos dos quais devem defender-se e afastar-se.
 
Sabemos que é desafiante a tarefa de educar, mas suporte-se no seu melhor, com compreensão, respeito, carinho, um apego saudável, regras e valores e, aos poucos, verá os resultados de uma criação positiva, de filhos amigos e próximos de si.
 
Por fim, registe que, quando se apercebe de que não está no melhor caminho, pode sempre alterar o rumo dos acontecimentos e permitir a abertura para uma nova relação com os seus filhos. O essencial é que abra o coração, que mostre que assume as falhas, admita que os pais também não sabem tudo e que, em conjunto, podem encetar um novo modelo de convivência, mas não se esqueça de cumprir aquilo que promete a partir desse momento, pois será muito pior se assumir tudo isso e se voltar a fazer o mesmo.
 
Erre porque todos erramos, mas por motivos diferentes.
 
Não faça das falhas do seu filho a sua única característica e motivo de conversa com ele, mas sim, aproveite que algo de menos positivo aconteceu para se aproximarem, conversarem e para darem novas oportunidades de aprendizagem juntos, concluem os mesmos entendidos.