As comemorações do 99.º aniversário da elevação de Portimão à categoria de cidade, assinalado a 11 de dezembro, foram marcadas por diversos momentos de destaque, como a sessão solene, onde foram revelados alguns pormenores sobre a programação do centenário, a celebrar ao longo de 2024, bem como para o lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles.
Depois do hastear da bandeira, o dia prosseguiu com a inauguração, no Cemitério de Portimão, do Memorial ao Antigo Combatente, por iniciativa do Núcleo Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes, em conjunto com a Câmara Municipal de Portimão.
Seguiu-se no salão nobre dos Paços do Concelho a tradicional sessão solene, cuja primeira intervenção pertenceu à presidente da Assembleia Municipal de Portimão, Isabel Guerreiro, que recordou factos marcantes que moldaram o passado recente do município.
Coube a Maria João Raminhos Duarte, doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e docente da Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão, abordar o tema “Portimão: 100 anos de Excelência na Geografia da Memória”, centrando-se em ilustres portimonenses, de berço ou adoção, que se distinguiram ao longo do último século nas mais diversas áreas.
Sob o tema “Cidade Invisível”, Portimão vai ter ao longo de 2024 uma programação artística e cultural introduzida por Giacomo Scalisi, da cooperativa cultural Lavrar o Mar, que será responsável por um ano de arte e cultura.
Até final de fevereiro de 2024, será revelado o resultado do trabalho a desenvolver por uma equipa pluridisciplinar, ligada à cidade de Portimão e com competências nos campos da antropologia, da arquitetura, da literatura e da história, entre outros, com forte presença das artes plásticas e de espetáculos de novo circo, teatro, música e dança.
Na oportunidade, o artista espanhol José António Portillo apresentou três projetos que farão parte da “Cidade Invisível”, o primeiro dos quais a “Biblioteca de Cordas e Nós”, que trabalhará com a comunidade educativa para falar de uma escola intemporal, "inspirada em princípios universais como a capacidade de escutar e de fazer silêncio, centrando-se em algo muito importante numa sociedade cheia de ruído, onde as pessoas já não sabem escutar, nem descodificar toda a informação que recebem", explica nota do Município.
Esta biblioteca especial, que viaja pela Europa há 22 anos, ganha em Portimão uma nova pele, mostrando que o ensino analógico pode conviver perfeitamente com o digital.
Outro dos projetos intitula-se “Museu do Tempo” e vai estar abaixo da terra, dentro de uma caixa metálica a 50 centímetros de profundidade, reunindo memórias dos portimonenses, para que sejam redescobertas algures no futuro.
Serão os próprios participantes, representando diversas gerações, a escolher o local onde desejam enterrar as suas recordações na forma de objetos ligados à relação que têm com Portimão, criando uma espécie de museu subterrâneo espalhado pela cidade.
Por fim, os “Caminhos Orgânicos”, cujo título se baseia numa expressão de Fernando Pessoa, lidará com adolescentes, para mostrarem os caminhos que percorrem na cidade e aquilo que acontece nas suas vidas nesses trajetos, onde há cheiros, ruídos, desenhos de sítios e recantos.
O sítio mais importante para cada jovem será registado em fotografia, recolhendo a sua própria sombra, de onde resultará uma exposição, com QR code específico, permitindo escutar qual o caminho orgânico do adolescente retratado, através de sistema áudio, para que se possa ouvir o seu relato sobre os caminhos pessoais invisíveis, através da cidade.
Conforme adianta a autarquia, "outro dos pontos altos da sessão solene" foi protagonizado pela presidente da autarquia, Isilda Gomes, que falou sobre o presente e perspetivou o futuro de Portimão, adiantando alguns dos principais projetos previstos para os próximos tempos.
“No ano que agora finda antecipámos o pagamento de uma importante tranche do empréstimo contraído, fruto das dificuldades financeiras por que passámos no passado. Com esta antecipação de pagamento, a autarquia sai do endividamento excessivo e retoma o controlo orçamental absoluto, o que permitirá já a partir do próximo ano uma muito maior capacidade para rever taxas e impostos municipais, bem como para investir na requalificação e desenvolvimento da nossa terra”, realçou Isilda Gomes.
Do conjunto de projetos “que mudarão a face de Portimão”, a autarca destacou as novas infraestruturas turísticas em processo de licenciamento, que irão reforçar a oferta de alojamento em mais de 1200 camas, assim como o futuro Museu do Mar, a instalar na Fortaleza de St.ª Catarina, a ampliação da Casa Manuel Teixeira Gomes e a requalificação da zona ribeirinha de Portimão, entre outros.
Na vertente da educação, a presidente referiu a adaptação das instalações da antiga Escola de Hotelaria e Turismo, que se transformará num centro escolar com novas salas de creche, pré-escola e primeiro ciclo, assim como a criação de nova creche pública no Vale de Lagar e requalificação e ampliação das escolas de primeiro ciclo de Chão das Donas, Alvor e Pedra Mourinha, bem como da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes.
Para além de projetos ligados à habitação, ao melhoramento da fluidez rodoviária, à sustentabilidade energética e à reabilitação do espaço público, nomeadamente no centro histórico da cidade, Isilda Gomes também mencionou a construção de uma nova piscina municipal e do pavilhão da Quinta do Amparo, além de um centro de desportos náuticos “que reforce a nossa ligação história e cultural ao mar e incremente a prática dessas modalidades.”
“Mais que uma simples declaração de intenções, defendemos uma ideia de cidade que nos sobreviverá a todos. É um projeto de espaço comum de vida e de conhecimento, de esperança e formação para jovens, de trabalho e lazer para adultos, de solidariedade e apoio para idosos”, sublinhou a autarca.
A cerimónia foi abrilhantada pelos apontamentos musicais do portimonense Rafael Pacheco, vencedor do Prémio Novos Talentos Ageas 2022 (guitarra portuguesa), acompanhado por José Santana (viola de fado).
A tarde de 11 de dezembro ficou marcada pelo ato simbólico do lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, que em breve será um novo espaço verde e de lazer em pleno centro da cidade.
A animação musical esteve a cargo de alunos da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes (ESMTG), estabelecimento de ensino responsável pela petição que defendia a data do nascimento de Gonçalo Ribeiro Telles, 25 de março, como o Dia Nacional dos Jardins, entretanto aprovada em Assembleia da República.
Na presença de Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, e do professor de Filosofia Carlos Café, que inspirou o processo, Verónica Gambôa, ex-delegada da turma do 10.º ano do curso de Filosofia daquela escola, na origem da petição, leu o documento, onde se salienta que “os jardins são… lugares de encontro”, frase em destaque na lápide descerrada nesta data.
Vários foram os moradores da zona e curiosos que aceitaram o convite e conheceram de perto o projeto, situado entre a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes e o Mercado Municipal da Av.ª S. João de Deus.
Na ocasião, foram oferecidas cem árvores do futuro jardim, entre oliveiras, medronheiros e alfarrobeiras, para que as pessoas cuidem do seu crescimento e, desta forma, se envolvam com o futuro espaço de lazer.
Além de espaços verdes, o projeto prevê um quiosque, uma zona de ‘street workout’ e um pequeno anfiteatro, além da exibição das cantarias manuelinas da chamada Quinta do Morais, bem como a recuperação da nora e tanque existentes no local.
O derradeiro momento oficial da programação relativa ao 99.º aniversário da elevação de Portimão à categoria de cidade terá lugar a partir das 15h00 de 16 de dezembro, quando for inaugurado o Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor, antecedido pelo espetáculo “Ao sabor da sorte e do destino”, com a participação da comunidade local e que percorrerá a zona ribeirinha da vila.
O novo equipamento cultural resulta das obras de reabilitação do edifício da estação do Instituto de Socorros a Náufragos de Alvor, e é um projeto da Câmara Municipal de Portimão, através do seu museu, que contou com o apoio do CRESC Algarve 2020, num investimento aprovado de 422.830,31 euros, com a taxa de comparticipação do FEDER de 90 por cento, equivalente a 380.547,28 euros.