O drama dos refugiados ucranianos é uma dura realidade que toda a Europa tem presenciado desde que começou a invasão da Rússia à Ucrânia. Milhões de ucranianos já saíram do país à procura de um abrigo, e sobretudo fugir de uma guerra que teima em não acabar.
Olesya Ihnat, responsável pela área de comunicação da Associação dos Ucranianos do Algarve, falou-nos a propósito da operação de ajuda e acolhimento aos refugiados do seu país, reconhecendo que tem havido esforço por parte das autarquias da região, contudo, não deixa de reclamar que falta um centro oficial de acolhimento de refugiados no Algarve. «Até agora nenhuma câmara municipal entrou em contacto connosco para ajudar-nos neste projeto, há centros de acolhimento no Norte, Lisboa, Alentejo, mas no Algarve ainda não há».
Olesya confirmou ao Algarve Primeiro que tem recebido pedidos de ucranianos que querem vir para a região, mas assume que não pode satisfazer esses pedidos, porque não existe um centro de acolhimento: «o que acontece neste momento é que quando recebemos refugiados, nós voluntários, é que vamos à procura de alojamentos temporários de particulares, e aí muitos portugueses também não facilitam nesse processo, porque estamos a falar de mães com filhos menores e sabemos como é a lei portuguesa, se não houver uma solução para um novo realojamento é difícil retirar essa mãe com os filhos de uma habitação». Neste momento, disse ter a seu cargo três famílias, mas não aceita mais, pela responsabilidade que isso acarreta.
Explicou que os casos de pedidos «SOS» que lhe chegam à mão, são reencaminhados para os voluntários de centros de acolhimento de Lisboa, «se querem vir para o Algarve, eu não consigo aceitar, há câmaras municipais que estão a fazer esse trabalho, mas para as pessoas que ficam nos respetivos concelhos, o ideal era um centro regional de acolhimento, porque aí cada pessoa decide para onde quer ir, não podemos mandar na pessoa, mas sim ajudá-la».
Ao nosso jornal, falou também da situação dos infantários, onde não há muitas vagas para crianças que continuam a chegar da Ucrânia, «as mães precisam de trabalhar, é urgente arranjar trabalho e onde deixar as crianças? Sabemos que as vagas nos infantários não são fáceis e com tantas crianças a chegar à região, as mães não têm onde as deixar», salientou. Relativamente às escolas, reconheceu que não tem havido problemas de acolhimento e de integração dos jovens estudantes.
Questionado sobre a falta de um centro de acolhimento regional para os refugiados, António Pina - Presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve - AMAL, referiu-nos que neste momento essa situação não existe, porque ainda não foi necessário.
O responsável explicou que «até à data» todas as pessoas têm vindo para casas de familiares. «Consideramos que ter pavilhões para as pessoas viverem, só em última circunstância, porque nenhum de nós quer ser responsável por essa fórmula que é uma fórmula última. Se chegarmos a esse nível de assistência, será sempre uma decisão articulada com o governo e com a estrutura do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Presidência, no quadro da União Europeia».
António Pina sublinhou que o governo entendeu que esse assunto fosse coordenado pelo Alto Comissariado para as Migrações, «no dia em que for acionada uma resposta regional, cá estaremos para o fazer», concluiu.