Encontramo-las na família, no trabalho, no grupo de amigos e em todos os contextos onde existem seres humanos.
São pessoas que aparentam uma bondade acima da média, que estabelecem contacto com facilidade e disponibilidade e que nos entram pelo coração e pela vida a dentro, mas em pouco tempo, percebemos que, afinal, não são nada disso.
Estes indivíduos disfarçam a maldade com boas ações, mas estão sempre à espera de uma oportunidade para magoar-nos, provocarem-nos um profundo mal-estar e, muitas vezes, desilusões profundas.
É um facto que só se desilude quem se ilude, mas estas pessoas possuem mesmo uma arte especial de conseguirem o que pretendem, sendo que, para isso, usam e abusam da mentira, da arte da manipulação, da crítica disfarçada, mas feroz e destrutiva. Agridem de todas as formas possíveis e imaginárias, sendo que, nem sempre o fazem fisicamente, recorrem à chantagem emocional para obterem o que pretendem e não menos raro, fazem com que nos sintamos culpados por tudo e com muito medo, já que, é desse modo que nos “prendem”, usam e evitam que nos afastemos.
São efetivamente pessoas cruéis disfarçadas de boazinhas e que nos enrolam de tal maneira nas suas histórias e falsidades que se torna muito complexa a tarefa de nos libertarmos dessa arte.
Segundo a ciência, a maldade existe e, «as pessoas cruéis dispõem de certos componentes biológicos que as empurram em direção a determinados comportamentos agressivos».
De acordo com Marcelino Cereijudo “não existe o gene da maldade, porém há certos aspetos biológicos e culturais que a podem propiciar”. A parte mais complexa deste tema é que muito frequentemente tendemos a colocar rótulos e patologias em comportamentos que simplesmente não entram dentro dos manuais de psicodiagnóstico.
Os atos maliciosos podem ocorrer sem que exista necessariamente uma doença psicológica subjacente. Todos nós, em algum momento da nossa vida, já conhecemos uma pessoa com este tipo de perfil. Seres que nos presenteiam com bajulação e atenção. Pessoas agradáveis, com êxito social, mas que em privado delineiam uma sombra obscura e alargada. Na profundeza dos seus corações respira a crueldade, a falta de empatia, e até a agressividade, regista o mesmo cientista.
Nos últimos anos, aumentaram os estudos sobre a “molécula da moral”, que tem em vista tentar compreender a razão pela qual existem tantas pessoas más disfarçadas de boas e percebeu-se que, existem efetivamente pessoas que, apresentam uma falsa bondade, agressividade encoberta, manipulação, egoísmo, entre outros, muito embora nos seja muito difícil admitir que é mesmo assim e, por isso, ainda continuamos a ser enganados com tanta frequência.
Estes comportamentos podem ser um resultado de uma fraca inteligência emocional, a criação num ambiente pouco afetivo, um déficit na libertação de oxitocina, a tal molécula da moral citada acima.
Os especialistas nesta matéria alertam para o facto de, nem sempre estarmos preparados para proteger-nos destas pessoas porque consideramos que só a violência física é prejudicial e uma forma de agressão, contudo, é preciso ter em conta que, também a agressão emocional, instrumental ou verbal «são feridas menos denunciáveis devido à necessidade de serem provadas, mas são mais corriqueiras e por isso temos que defender-nos».
Assim, todos devemos refletir sobre estes aspetos:
•Pessoas que aparentam uma bondade e altruísmo acima da média, que recorrem à mentira, à chantagem, à manipulação, que instalam o medo, a culpa, as acusações, que apresentam um coração “obscuro” e pouco dado à capacidade de respeitar, entender e sentir o outro.
- Tenha em atenção a arte de sedução, as palavras bonitas, o estilo encantador, a facilidade de relacionamento, mas também o interesse rápido por si e pela sua privacidade. Suspeite de eventuais perguntas, presentes, interesse em conhecer a sua casa ou outros locais privados, pormenores da sua vida e daí por diante.
•Perante estes mecanismos, cabe apenas uma opção: a não-tolerância. Não importa que seja a nossa irmã, a parceira ou um colega de trabalho. Os perturbadores da calma e do equilíbrio tentam acabar com a nossa autoestima para ter o controle sobre nós, sobre o que temos e aqueles que nos são queridos.
•Apesar do medo e da culpa que pode vir a sentir, aja com determinação. Não permita que alguém, mesmo que lhe seja muito próximo, como o parceiro, o pai, a mãe, um irmão, o trate com algum tipo de agressividade, com faltas de respeito, com algum tipo de abuso e que o queira manipular, chantagear, ofender ou magoar.
- A única solução possível é a distância porque estas pessoas não vão mudar de comportamento pela simples razão de que elas são exatamente assim. Somos nós que temos de alterar a nossa rota e procurar estar com quem nos ama e respeita a todos os níveis.
Os especialistas nesta matéria não têm dúvidas de que só o afastamento deste tipo de desconforto é que nos pode conduzir à melhoria do nosso bem-estar físico e psicológico, por isso, esteja atento e, corte o mais rapidamente possível com quem o trata mal e, lembre-se de que, “não podemos tratar bem quem nos magoa e fere”, devemos sim, procurar relações e convívios saudáveis.