Discordar e trocar pontos de vista faz parte das relações humanas, contudo, devemos saber discutir sem perder a razão.
De acordo com os especialistas, tendemos a cometer os mesmos erros durante uma discussão, o que leva a um desgaste, à perda de paciência e faz com que, muitas vezes, percamos a razão.
Entre os erros mais frequentes que podemos cometer ao discutir, estes são os três mais comuns:
• Queremos que as nossas ideias prevaleçam e temos dificuldade em ouvir o ponto de vista do outro;
• Preparamo-nos de tal modo para a discussão que não ponderamos a hipótese de explicar o que se passa sem nos alterarmos;
• Simplificamos demasiado o problema e damos ênfase ao ato de discutir.
É preciso registar que, na maior parte das discussões em que participamos, não temos uma influência direta no assunto. Discutimos diferenças, ideologias, pontos de vista e não chegamos a lugar algum porque a situação em si não nos diz respeito. Em vez de partir para a discussão de temas polémicos como política, religião, opções de vida, contextos e realidades sociais, deveríamos limitar-nos a dar a nossa opinião e ouvir a das outras pessoas para que possamos aprender mais e alargar horizontes.
Ao pensarmos friamente, faz algum sentido discutirmos com os outros só porque têm uma posição diferente, acreditam em determinada ideologia, seguem um estilo diferente do nosso ou praticam algo distinto?
A explicação para este problema é-nos dada por algumas correntes da psicologia que defendem que, um ego mal compreendido, faz com que nos identifiquemos com as nossas crenças e que as defendamos como se de algo pessoal se tratasse. Logo, quando alguém apresenta uma posição diferente, sentimos como uma ofensa e uma afronta, pois acreditamos que só nós estamos certos e que “somos donos da razão” e daquilo em que acreditamos.
Para evitar este erro, o ideal é que aprendamos a respeitar-nos, ao mesmo tempo em que respeitamos os demais. Devemos ser assertivos, apresentar o nosso ponto de vista e estar disponíveis para acolher também a posição das outras pessoas, mostrando que a diversidade é uma oportunidade para aprendermos mais e não para discutir em vão.
Outro dos erros comuns ao discutir consiste em encarar desacordos verbais como uma batalha. Quando entramos nessa mentalidade, vemos essas situações como se tivéssemos que sair vitoriosos delas. É como se as nossas ideias tivessem que ser mais “fortes” que as do nosso rival e agimos como “seres superiores” a quem os outros devem obediência e a quem têm de render-se. Naturalmente que, num cenário destes, ninguém sai a ganhar porque o importante é conversar e trocar pontos de vista e, sobretudo, aprender algo com esses diálogos. Se estamos disponíveis, devemos manter a conversa, se não estamos, devemos respeitar e calar-nos ou sair do local, com a garantia de que respeitamos a diferença e que não tentamos impor a nossa posição e que a mesma não é melhor nem pior que a das outras pessoas.
Com esta postura respeitosa, será mais fácil evitar conflitos, manter a convivência, aprender e desfrutar de momentos agradáveis, o que não acontece quando nos sentamos para ganhar uma conversa, sermos os heróis numa discussão ou sairmos vitoriosos de batalhas que não levam a lugar algum.
Esta forma de convivência aprende-se com o tempo e ensaia-se diariamente quando percebemos que somos todos humanos, que gostamos de conversar e que não precisamos de alimentar lutas intermináveis para termos um pretexto para estar com alguém. É muito mais agradável trocar pontos de vista do que levantar a voz, as mangas e disparatar por todos os lados sem qualquer benefício.
O último erro ocorre quando acreditamos que estamos certos, que não temos mais nada para aprender ou para ouvir e que, tudo o que os outros disserem é mera perda de tempo. O problema é que os outros também acreditam que só as suas ideias são corretas e verdadeiras. De acordo com a psicologia, é efetivamente verdade que ninguém está completamente certo ou errado, pelo que, só ouvindo o que dizem e defendem é que podemos acrescentar-nos e reunir mais argumentos para nos posicionarmos melhor. Às vezes, basta um dado para mostrar-nos a realidade noutra perspetiva e, quando encontramos essa resposta, conseguimos alterar um pensamento ou uma opinião. É isso que nos enriquece e demonstra que não vale a pena discutir em vão, mas sim, ouvirmos os outros e melhorar também a nossa forma de estar e de pensar. É evidente que devemos dar a nossa opinião, pois a mesma também vai enriquecer o mundo dos outros e a troca de ideias.
O essencial é que tenhamos em mente que, ninguém possui a verdade absoluta e que todos sabem um pouco sobre ela, pois desse modo, as discussões passam a ser menos frequentes e de menor intensidade.
A pessoa mais humilde é capaz de apresentar as suas opiniões sem querer atacar os demais, sabe que a sua posição é importante, mas que não deve ser a única, que pode ser discutida, que não representa o todo e ainda menos pode generalizar-se. Por isso, ouça, aceite opiniões e encaixe as suas, já que, dessa forma, terá muitas mais pessoas com quem conviver e aprender. Pense que, as pessoas com quem convive não podem nem devem ser suas inimigas, pois caso contrário, não vale a pena reservar-lhes sequer a atenção e dar-lhes o seu tempo.
