Comportamentos

Sabe identificar um sociopata?

 
Existem diversas explicações para os comportamentos daqueles que nos rodeiam, sem que muitas vezes saibamos que se pode tratar de doença mental e que orientações existem para melhorar a convivência.

 
Muito mais do que se pensa, a sociopatia existe no nosso círculo familiar, no seio das nossas amizades ou conhecimentos. Colocar “um rótulo” não é por si só, uma forma de discriminação, mas um alicerce que pode ajudar a compreender aquele que se esconde por detrás de um sofrimento, mas que demonstra precisamente o oposto.
 
É um facto que, uma boa parte dos comportamentos manifestados pelas pessoas que nos rodeiam não mais são que imaturidade: uma realidade muito comum no nosso país, que não sendo uma doença, acaba por incapacitar o sujeito, na medida em que, a falta de amadurecimento provocada pela ausência de exigências e estímulos, dá lugar a um estado de permanente infantilidade e desorganização. 
 
Estas pessoas não se conseguem organizar na vida, pelo que tudo se lhes apresenta como um problema e uma enorme dificuldade em saber lidar com as situações. Com o passar dos anos, esse facto torna-se cada vez mais evidente e pode confundir-se com doença mental, sendo a falta de desenvolvimento de determinadas estruturas do cérebro, a explicação e o que precisa de ser intervencionado para que a imaturidade melhore e possibilite uma maior autonomia ao indivíduo.
 
A imaturidade tem vindo a explicar muitos comportamentos e incapacidades de homens e mulheres que, ao não terem recebido um conjunto de exigências nas etapas de desenvolvimento devidas, acabam por se confrontar com sérias dificuldades no seu quotidiano. Em muitos casos, a imaturidade também se confunde com doença mental, no entanto, conhece resultados muito positivos com uma intervenção psicoterapeutica especializada.
 
A imaturidade é muitas vezes confundida com a sociopatia, na medida em que, quando não se está preparado mentalmente para enfrentar as exigências do quotidiano, se apresentam comportamentos pouco adequados à realidade e a cada situação. Um estudo aprofundado do sujeito, permitirá ao médico especialista retirar as suas conclusões e proceder ao melhor encaminhamento.
 
A sociopatia é uma psicopatologia que provoca um comportamento impulsivo, hostil e antissocial.
 
É classificada como um transtorno de personalidade que se caracteriza por um egocentrismo exacerbado, que leva a uma desconsideração em relação aos sentimentos e opiniões dos outros.
 
Um sociopata não tem apego aos valores morais e é capaz de simular sentimentos, para conseguir manipular outras pessoas. Além disso, a incapacidade de controlar as suas emoções negativas torna muito difícil estabelecer um relacionamento estável com outras pessoas.
 
Nos momentos de convívio, o sociopata é “o rei” do momento, diz tudo o que lhe passa pela cabeça, sem qualquer tipo de preocupação com o impacto que as suas palavras possam ter nos demais. É-lhes fácil evidenciar a sua personalidade e dominar qualquer assunto, pois têm o seu interesse acima de tudo. Quando esse interesse não existe, nem perdem tempo com os outros!
 
Para facilitar a tarefa e, poder ajudar alguém que sofre de sociopata, é importante ter em conta estes sinais:
 
1. Falta de empatia – estes indivíduos apresentam uma total incapacidade de sentir remorsos pelas suas ações. Os outros não são contemplados nos seus atos.
 
2. Na mesma sequência, o sociopata tem uma enorme dificuldade em criar laços emocionais e manter relações. Geralmente tende a forjar ligações com as pessoas na sua vida. As suas relações são marcadas pela instabilidade e pelo caos, já que a ausência de sentimentos se torna cada vez mais evidente.
 
3. Manipulação constante. Os sociopatas tendem a captar as pessoas para seu próprio benefício ou divertimento. São manipuladores e podem explorar as pessoas à sua volta através de mentiras ou intimidação, numa manipulação constante que os caracteriza.
 
4. Desonestidade. Os sociopatas têm a reputação de ser desonestos e traiçoeiros. Sentem-se muito confortáveis a jogar com a mentira e a verdade à medida que isso os vais favorecendo.
 
5. Insensibilidade. Alguns sociopatas podem até ser abertamente violentos ou agressivos. Mostram uma cruel falta de consideração pelas outras pessoas.
 
6. Hostilidade. Não só são hostis, como tendem a interpretar o comportamento dos outros como hostil, o que os deixa ‘sedentos’ por vingança.
 
7. Irresponsabilidade. Outra característica das pessoas que sofrem deste transtorno é um total desprezo pelas obrigações financeiras e sociais.
 
8. Impulsividade. Toda a gente tem os seus momentos de impulsividade, mas para os sociopatas tomar decisões do momento sem pensar nas consequências faz parte do dia-a-dia. Têm grandes dificuldades em fazer planos e ainda mais em cumpri-los.
 
9. Comportamento de risco. A combinação de irresponsabilidade, impulsividade e a necessidade de prazer instantâneo, faz com que não seja surpreendente que os sociopatas se envolvam em comportamentos de risco, seja o consumo de álcool e drogas ou hobbies perigosos ligados à criminalidade.
 
A sociopatia não tem cura, no entanto, os seus efeitos podem ser mitigados através da psicoterapia e da prescrição de medicamentos. 
 
As causas deste tipo de transtorno ainda são diversas, ainda assim, a ciência não descarta a educação e a influência genética.
 
A sociopatia está associada a uma infância difícil, a fatores familiares e ambientais.
 
Crianças oriundas de meios violentos e, alimentados pelo álcool, pela falta de empatia e de salutar convivência, são mais propensas a desenvolverem este tipo de transtorno.
 
Além disso, crianças que cresceram em ambientes familiares instáveis ou caóticos, que perderam os pais devido a algum divórcio traumático, estão mais expostas a este distúrbio.
 
Pode haver também uma relação entre a falta de empatia desde cedo (capacidade de entender o sentimento do outro e se colocar em seu lugar) e o aparecimento desse transtorno numa fase de vida seguinte.
 
A título de curiosidade, o transtorno de personalidade antissocial é mais comum em homens do que mulheres. Além disso, crianças que cresceram em ambientes instáveis, com pais alcoólicos e /ou predadores sexuais, são mais propensas a adquirirem o transtorno. A violência verbal ou física também é um fator de risco. Não sendo possível proceder a um diagnóstico deste tipo de transtorno antes dos 18 anos, é natural que, estas crianças ou jovens apresentem comportamentos que se afastam da norma e da boa convivência social desde muito cedo, pelo que sendo um fator de risco, requer uma maior atenção para uma futura intervenção.
 
Fátima Fernandes