“Espero que haja consenso e diálogo para resolver esta situação”, esta é a palavra de ordem de Sílvia Padinha, representante dos moradores da Ilha da Culatra.
Em declarações ao Algarve Primeiro, Sílvia Padinha adiantou que a solução encontrada pela Sociedade Polis “é cortar o mal pela raiz e a realidade tem raízes demasiado profundas para que sejam cortadas de forma tão brusca e imediata”.
Com um vasto percurso ligado à defesa da Ilha da Culatra e de toda a sua comunidade, Sílvia Padinha recorda as conquistas alcançadas ao longo das últimas décadas, mas “não nos podemos esquecer de um percurso que não tem contemplado as pessoas e a poluição que, em meu entender, é o maior problema da Ria Formosa”.
Para Sílvia Padinha a indignação prende-se com o facto de se utilizar 87 milhões de euros do Programa da Sociedade Polis, em demolições, quando “a principal preocupação deveria ser a poluição, aquilo que prejudica verdadeiramente a saúde da Ria”.
Salientando que o problema vem de trás e que “A Sociedade Polis pretende agora cortar o mal pela raiz depois de sucessivos adiamentos e de não se olhar para a realidade das pessoas, para as suas necessidades e para o que é realmente preocupante”, Sílvia Padinha reforça a importância de não se tomar decisões de gabinete que não incluem quem vive na realidade”.
Frisando que, “todos nós temos culpa neste processo, seja no Governo, seja nas autarquias, as pessoas foram-se acomodando à situação sem fazer valer a sua voz. A poluição deveria ter estado sempre no centro das preocupações. Não se admite que os esgotos continuem a estragar a maior área de criação de bivalves que temos e da qual depende o sustento de muita gente.”
No entender do rosto das reivindicações dos moradores da Ilha da Culatra, “foi criado um monstro de dimensões tão grandes que nos resta dialogar, encontrar consensos e despertar para soluções que provoquem o mínimo de prejuízos para todos. O que me custa é este arrastamento de soluções que depois surgem como uma necessidade de ‘cortar o mal pela raiz’ sem que se procure acordar a melhor solução”.
Visivelmente preocupada com o desenrolar dos acontecimentos, mas sempre acreditando que “é possível decidir de forma harmoniosa todo o processo, Sílvia Padinha lamenta que “não se tenha pensado no tempo devido na forma como se pretendia valorizar a Ria”. A Sociedade Polis “tem a seu cargo a ordem de demolir, quando as principais preocupações neste momento deveriam passar por despoluir. Penso que é tudo uma questão de nos sentarmos à mesa e de assumirmos quais são os verdadeiros problemas que temos de resolver.”