Curiosidades

Quando é que se deve preocupar com os pesadelos?

Revelam os estudos que, os pesadelos podem ser tão positivos que podem melhorar a nossa gestão emocional e representar um efeito catártico ao narrá-los.
Revelam os estudos que, os pesadelos podem ser tão positivos que podem melhorar a nossa gestão emocional e representar um efeito catártico ao narrá-los.  
Foto - Freepik
Estudos recentes aprofundaram o conhecimento sobre os pesadelos e permitem-nos compreender melhor esta realidade.

É um facto que, quando temos um pesadelo, sentimos desconforto e, por vezes, até alteramos a forma como despertamos e começamos um novo dia, razão que nos leva a ter uma atitude negativa face a esses episódios, no entanto, de acordo com a ciência, há situações em que é positivo ter pesadelos e há outras que devem constituir um sinal de alerta para algo que pode não estar bem connosco.
 
Revelam os estudos que, os pesadelos podem ser tão positivos que podem melhorar a nossa gestão emocional e representar um efeito catártico ao narrá-los.
 
Embora estejam relacionados com sonhos que geram intenso medo ou ameaça, há benefícios em ter uma noite mais agitada ou assustadora com um pesadelo. Entre outros pontos levantados pelos cientistas, os terrores noturnos podem alertar-nos para um problema de saúde, podem preparar-nos para enfrentar uma situação difícil, uma vez que, como sonhamos com ela, já estamos mais preparados, podem aliviar o stress, podem fazer-nos refletir acerca de vários assuntos e até permitir que nos confrontemos com pessoas, lugares e situações que supostamente nos assustam.
 
Na posição dos investigadores, existem vários fatores que podem afetar a qualidade do sono e o aparecimento frequente de pesadelos.
 
Segundo a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os pesadelos são um tipo de parassonia que envolve o aparecimento repetitivo de sonhos aterrorizantes, que podem acordar a pessoa afetada e cujo conteúdo gera medo ou desconforto intenso.
 
Em geral, aparecem na fase REM, que ocorre entre 90 e 110 minutos após adormecermos, ou na segunda metade da noite, que é a mais frequente.
 
Existem posições que se concentram na neurociência e na psicofisiologia, enquanto que, há outras abordagens que giram em torno de um inconsciente que nos desperta para a resolução de um problema ou para a satisfação de um desejo.
 
Segundo os cientistas, a presença de stress crónico também pode estar na base dos pesadelos e afetar tanto a qualidade do sono como o desempenho mental durante o dia.
 
Lembram os entendidos que, o relato de casos de pesadelos foi muito acentuado durante o período da pandemia de Covid-19 em virtude dos muitos medos que assolaram a população, sobretudo no que se referia à proteção pessoal e à dos seus ente queridos. Essa elevada carga de stress justificou-se com a incerteza, a falta de conhecimento e o próprio ambiente de restrições que se viveu.
 
Assinalam ainda os investigadores que, a presença de pesadelos também pode estar associada aos hábitos alimentares em que se exagera no consumo de alimentos muito calóricos ao jantar, bem como à ingestão de bebidas alcoólicas ou outras substâncias.
 
Os pesadelos são muito comuns na infância e na adolescência devido ao processo de desenvolvimento do cérebro, pelo que, regra geral, nessas etapas, não constituem um sinal de alerta.
 
É ainda interessante registar que, os pesadelos podem ajudar-nos a ultrapassar emoções desagradáveis, ou problemas mal resolvidos que surgem durante o sono e que mostram que há uma preocupação com algum assunto pendente, mas que, dessa forma, se pode reduzir a intensidade daquilo que nos inquieta. Também é possível que os pesadelos ajudem a pessoa a ultrapassar com mais segurança cenários perigosos com que se confronte na vida real, acrescentam os entendidos.
 
A ciência desperta-nos também para o facto de um pesadelo nos poder alertar para a necessidade, por exemplo, de ir ao médico, de pedir ajuda, de analisar um sintoma de desconforto e avaliar se os pesadelos são recorrentes e repetitivos, na medida em que, pode existir algum problema que precise de uma solução e que nos esteja a perturbar o descanso e o necessário sono reparador.
 
Devemos levar os pesadelos mais a sério quando os mesmos nos interrompem o sono e nos impedem de voltar a dormir, quando nos obrigam a ter de alterar algo na nossa rotina, como é o caso de ter de mudar de quarto por medo de dormir naquele que nos era habitual, ter de dormir com a luz acesa para que nos sintamos mais seguros, entre outros.
 
Quando os episódios negativos nos perturbam, devemos alterar algo nos nossos hábitos, como sendo, por exemplo, tentar relaxar antes de ir para a cama, contar os pesadelos a alguém da nossa confiança, escrever um diário com aquilo que nos inquieta e que se repete nos sonhos aterrorizantes ou procurar o apoio de um psicólogo.
 
Muitas vezes, os pesadelos são um sintoma de condições clínicas como o transtorno de stress pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade. Nesse sentido, é fundamental que se tente compreender o que se passa, que se dedique algum tempo diário para recuperar o episódio assustador e que se peça ajuda especializada, uma vez que, será muito difícil ultrapassar a situação sozinho.
 
Fátima Fernandes